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terça-feira, 21 de abril de 2015

Volta ao mundo em 8 minutos.




Já fizeram a volta ao mundo em 80 dias num balão, e quando chegaram ao final havia um problema de fuso horário que salvou a honra não sei de quem. Já não lembro nem vou reler a história só por causa disso. Mas sei que quem escreveu foi um cara que gostava muito de viajar e até foi á Lua numa cápsula disparada por um canhão. Chamava-se Julio Verne e escreveu no tempo em que ainda não havia nem Hollywood nem “Hollyhood”, nem televisão. E se vivesse hoje como daria a volta ao mundo?

No trem bala da Dilma, impossível. O PT e ela mentem muito e gastam mais ainda. O projeto nem saiu do papel e até já gastaram quase toda a verba só em falar dele. De avião demoraria uns dois dias, o que significa que ou a Terra é muito grande ou nossos aviões são uns pangarés dos ares aos quais só falta parar nos ares para pastarem alguns barris de petróleo por uns minutos. Mas não do pré-sal, que esse é produto da importação de outros países e “etiquetado” como pré-salino. A viagem tem que ser “impactante” para prender a atenção dos Iphadianos e dos Uátzapistas que passam o dia e a noite grudados nesses aparelhos, escrevendo só consoantes, e rindo pra dentro para não pagarem mico. Fazem isso até dirigindo automóveis, mas só enquanto não se esborracham contra outro automóvel, caminhão, trem ou a porta da garagem... Depois fica tudo mudo, não se vê nada, nem se sente frio, e no dia seguinte é o enterro com flores recicladas que já foram usadas no enterro de meia hora atrás no mesmo cemitério. Só trocam as fitas com o nome do morto.

Nossa viagem à volta da Terra para ser completada em oito minutos começa agora via NET, numa máquina do tempo chamada memória. Os amigos leitores nem notaram, mas já partimos e chegamos a Londres. É lá o nosso ponto de partida. 

A ponte continua no mesmo lugar, a Torre também, e a monarquia tem agora mais um bebê com pretensões ao trono. A população não foi avisada de nossa chegada e por isso está todo mundo muito fleumático, sem chapéus de coco como antigamente, mas os ônibus vermelhos continuam com dois andares. O que acabou foram as cabines telefônicas. O centro da cidade foi todo comprado por ricos estrangeiros, porque na Inglaterra já não há muitos. E quando me preparava para partir, já havia chegado a Paris. A memória é muito rápida.


Mas não desci em Paris. Anda muito suja por causa da falta de verbas. Todo mundo anda economizando e guarda o dinheiro não se sabe onde que ele desaparece para tudo. Aquela Paris bucólica e citadina dos tempos de Jacques Tati não existe mais. Todo mundo apressado, louco para chegar em casa e pegar seus Iphodes e Uátzapes, que ir ao Ópera de Paris está muito caro e o gosto caiu. Até o circo do Soleil foi vendido para uns chineses que estão comprando o mundo a preço de banana. 


Ainda deu para ver a Torre Eiffel e os barcos quase vazios de turistas do Sena, mas já estava em Xangai. A memória é muito rápida e passou lotada por Berlim, onde sei que a Merkel está, fumando um cigarro às escondidas no banheiro da casa onde mora. Todos os que chegam com presentes em casa dela pergunta se é presente de grego. Sofre dessa paranóia por causa de uma dívida de guerra do tempo dos nazistas, e da qual ela não tem culpa nenhuma, mas os gregos dizem que sim. Se ela topasse pagar alguma dívida, a Alemanha ficaria pobre e o mundo inteiro apresentaria fatura. Os gregos não entendem. Falam outra língua!


Em Xangai, a primeira coisa que fiz foi perguntar a um vendedor de carne de cachorro, o que havia mudado na vida dele desde que a China tinha deixado de ser comunista. Ele esticou os olhos a ponto de as orelhas quase se soltarem, abriu a boca num fechado “O” e disse-me: - Não sabia!... Para mim, continuamos comunistas, e não mudou nada. Já vendo cachorro quente desde os tempos do Mao Tse Tung. Nunca ganhei nem mais nem menos. Desde então sempre comi arroz feito em casa com o que sobra dos cachorros-quentes. O sabor é que está diferente por causa da poluição. Agora praticamos Kung-Sifu, e na lareira por falta de madeira estamos queimando livros vermelhos da época do Mao. Um parente dele é que imprimia os livrinhos. Queimamos também aqueles bonés redondos cor de bosta para atiçar o fogo. E nem ele tinha acabado de falar quando cheguei a S. Francisco da Califórnia. Nenhum país ainda era comunista ou socialista, porque querem ter dinheiro para poderem distribuir, e sem um sistema produtivo, capitalista, é impossível.A população por lá não diz Xangai... Diz Xingai ! Xingai! Assim como os japoneses já disseram Banzai. Banzai...  Estão paus da vida. Meia duzia de ricos e o resto que são bilhões todos pobres ganhando 50 dólares por mês. 


Estava me perguntando porque a volta ao mundo é sempre no Hemisfério norte sem passar pela metade debaixo do planeta Terra, que nem é de baixo (mania que têm de representar o planeta sempre com o pólo norte para cima) quando olhei o relógio... Nossa... Tinham passado mais de sete minutos. Assim voltei logo a Londres e de lá voltei ao Brasil. 

Mesmo em cima da hora, vi passar uma bala perdida, li as notícias dos jornais, e percebi que o governo está governando com a cabeça na Lua, o estômago numa cozinha de luxo, o alfaiate preparou roupas com bolsos que são alforjes para guardar a grana, que os sutiãs e calcinhas de governantes são autênticos cofres, e até as meias, e que não têm mãos a medir para capitalizar todo o centavo que podem. Perguntei-me: Mas que país é este?


E o guarda do aeroporto me disse que também não sabia, e que não adiantava perguntar, porque todos os 200.000.000 de habitantes se perguntavam o mesmo. Olhei o relógio: Oito minutos cravados. Peguei meu velho PC, liguei na Net e li: Governador de Minas sob vaias condecora Stédile com a medalha de Tiradentes. Acho que foi só para irritar. Peguei a foto da presidente, dos presidentes do senado e da câmara, a de um pato rouco sem um dedo e uma estrelinha, adicionei uma porção de pimentas amassadas para se transformarem num pimentel, pus tudo no vaso sanitário e aliviei os meus intestinos. Depois dei descarga! Atos simbólicos são assim! Cada um caga no que quer.



® Rui Rodrigues

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