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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Rio, dois mil e quarenta e cinco[1].

Rio, dois mil e quarenta e cinco[1].

 Nascera em 1945, cem anos atrás. Quando se avaliava a si mesmo, a sua vida e se fazia perguntas, respondendo-as em voz alta para melhor as compreender, sempre era lento porque seu pensamento era muito rápido. Sempre fora. Estava agora com cem anos e duvidava que muitos tivessem a mesma rica experiência de vida desde que a humanidade se criara de forma consciente há mais de 120.000 anos atrás. Quando nascera há havia aviões a jato e bombas atômicas, mas eram tão recentes que a primeira tinha sido lançada um mês antes de seu nascimento, em setembro de 1945. Depois disso viu tanta coisa, teve de adaptar-se a tantas delas, que por vezes se achava um herói. Mas herói de quê exatamente? De ter sido um bom homem, humano, se adaptado aos computadores, aos celulares, aos automóveis voadores, aos milhões de proibições da lei, evitando multas? Isso não se pode considerar como heroísmo, mas associado á sobrevivência tem seu mérito. Enquanto olhava a paisagem, lembrou-se daqueles velhos telefones pretos, de grosso fone de ouvido que ficava pendente num pedestal. Rodava-se uma manivela e esperava-se que do outro lado se ouvisse uma voz feminina. Então se dizia: Operadora? Por favor, me ligue para o numero 237... Os telefones eram ainda muito poucos, Agora os dígitos numéricos eram associados a letras e já andavam pela casa dos 20 dígitos. Depois vieram os celulares, todos tinham automóveis, menos os pobres. Os pobres nunca tiveram helicópteros, aviões, automóveis, carroças ou sequer cavalos ou mulas e muitos nem sapatos tinham. As fábricas se tinham encarregado de fabricar uma parafernália de bugigangas consumíveis de uso temporário e descartável, a maior parte delas fabricadas com pontos frágeis para obrigar á compra de mais uma unidade. Só mais tarde, ao colocar as compras no lixo nos dávamos conta de que poderíamos perfeitamente ter passado sem aquilo, como fornos de micro ondas. Os fornos eram o reduto da preguiça e da falta de controle. Não havia nada melhor do que passar uma hora na cozinha, cozinhando apenas o necessário para não sobrar e consumir com a família e os amigos. Ainda se economizava na energia da geladeira que não precisava ser tão grande. Europeus sempre tomaram cerveja morna que tem mais sabor e se sente mais o álcool. Em países de alta temperatura (nem queria se lembrar disso) as geladeiras sempre ficavam atoladas de latas e garrafas de cerveja para ficarem “estupidamente” geladas. O que se bebia era algo quase gelado, entorpecendo o sabor, que ficava apenas nos lábios molhados de cada gole. O que ia para dentro não tinha nenhum.




Não tirava os olhos da paisagem à sua frente enquanto meditava sobre o passado, os poucos cabelos ainda negros esvoaçando ao vento que lhe trazia odores de mato seco. Suas narinas estavam há muito com irritações pela secura do ar. Normalmente usava um pano úmido envolvendo-lhe o rosto, um lenço grande que já pertencera a uma namorada, e que periodicamente umedecia com água que sempre trazia a tiracolo num cantil. Não saía de casa. Só raramente, uma vez por semana quando muito. O calor era imenso, o ar seco, as ruas muito perigosas de noite ou de dia. Parecia que um manto estranho tivesse coberto a cidade do Rio de Janeiro. Um manto que a transformara da noite para o dia desde 2014. Já nem se podia chamar de uma cidade, na verdade. Os prédios estavam vazios, não havia quase nada para vender, não havia quem vendesse, tudo se trocava, roubava. Lembrou-se de vários filmes a que tinha assistido em sua vida sobre situações apocalíptica, mas nenhum deles havia retratado o que agora estava vivendo, ali mesmo, em frente aos seus olhos. Não adiantava beliscar-se. Já fizera isso e até fechara os olhos, mas quando os abria após cada beliscão, via sempre a mesma paisagem. Se a humanidade fosse um exército, algum general lhe daria ordens e todos obedeceriam. Mas uma humanidade amorfa como a nossa, era impossível que todos obedecessem. Havia sempre os que forçavam a barra para fugir das leis. Quando os avisos começaram a chegar já era tarde: A produção industrial teria que parar. Reduzi-la não provocaria nenhum efeito. Teria de ser levada a zero, mas isso significaria não ter energia, não fabricar bugigangas, não produzir nem consumir nenhum tipo de energia que não fosse de origem eólica, solar. Terra, ar e mares estavam “aquecidos” pelo consumo exagerado de energia por tantos seres humanos. Por volta de 2014 eram cerca de sete bilhões e meio. Agora não deveria haver mais de um bilhão e todos eles com sérios problemas de sobrevivência. As espécies de seres vivos tinham-se reduzido praticamente a insetos, poucos vegetais, aves, mas aumentara o numero de répteis. A Terra estava doente, preparando-se para mais um ciclo de reconstituição de novas espécies de vida adaptáveis ao novo ambiente. A história da humanidade chegaria ao fim em pouco tempo mais, talvez uma década. Por falta de fundos, vontade, dinheiro, condições, as ruas se tinham enchido de terra, poeira e eram agora cultivadas em forma comunitária pelos poucos habitantes de cada bairro. O homem voltava às origens em sua forma de vida, mas desta vez não para viver, mas para sobreviver.



Estava ali, em pleno centro da cidade onde sempre vivera, ma rua Alexandre Mackenzie, perto do cais da marinha do antigo Loyd. Caminhara alguns quarteirões e agora estava de frente para a Baía de Guanabara. Ou o que fora dela... Havia barcos encalhados de todos os tipos e todas as épocas. Ia-se dali a pé até o outro lado da Baía já em Niterói. Havia um ou outro barraco, uma ou outra plantação de sobrevivência naquela baía seca. O mar nem se ouvia. Tinha recuado muito para lá de Copacabana, Leblon, e não havia peixes por aquelas bandas. Se houvesse estariam protegidos, porque sem combustíveis, aquela meia dúzia de pescadores que se arriscava o fazia em barcos a remos. Pescavam apenas para si, a família, protegidos por armas. Em breve não haveria mais balas por já não haver quem as fabricasse. Cada um sobrevivia como podia ora em cidades, ora nos poucos restos de selva. O rio Amazonas era agora um córrego quase seco. A ilha de Marajó se decidira finalmente a juntar-se ao continente. De muito longe chegaram notícias de que se podia atravessar a pé da Ásia para a América do Norte porque o estreito de Bering já não existia.

Então o velho chorou. Ali a seu lado, sobre as brasas de uma fogueira que fizera, jaziam os restos mortais assados de seu mais fiel companheiro: Estrela, seu cachorro de estimação. Não havia nada mais para comer... Um dia teria que cortar uma perna para assar e continuar vivendo por mais alguns dias. Ou não valeria a pena?Viver? Sem história? Quem iria se preocupar em escrever a história da humanidade a partir daquele ponto se já não havia nem energia para os computadores e nem papel por que as fábricas já haviam encerrado suas portas? Humanidade moribunda esperando pela morte...



Então, finalmente, entendeu porque Deus não interferia nas leis que Ele mesmo criara para a existência deste planeta, da vida, do Universo...Deus escreve direito por linhas realmente muito e exageradamente tortas, mortais. Afinal, não fora Ele que criara a vida sujeita à inevitabilidade da morte, lei válida para todos os mortais? Que diferença fazia se era um a um que morria, ou todos de uma vez?

® Rui Rodrigues


[1] Vale a pena assistir a este vídeo https://www.youtube.com/watch?v=teG3fZLIXuU&app=desktop... 

Entenda o que está acontecendo no Brasil e na América Latina [1]em quatro parágrafos.

Entenda o que está acontecendo no Brasil e na América Latina [1]em quatro parágrafos.




  • Imagine que se queiram apoderar de sua vida, de seu trabalho, ou que lhe queiram dar melhor vida e melhor trabalho remunerado... É o sonho de qualquer empresário, o sonho de todo o ditador, o sonho de todo o idealista político. Para alcançar o objetivo o caminho será o mesmo: Há que estar no poder, dominar os ministérios, as forças armadas e o Congresso, no primeiro caso, ou convencer os ministérios, as forças armadas e o Congresso no segundo caso.  Nem todo o povo é cordato, de modo que haverá que impor ou alterar a “ordem” o que quer que a palavra ordem possa significar no primeiro caso, ou atuar de forma a manter sempre a população em estado de “relativa aceitação”, os inconformados sempre em reduzido número no segundo caso.  De qualquer forma estaremos sempre, como de fato estamos, nas mãos de pessoas que nos escrevem e aplicam as leis, determinam o rumo de nossas vidas. A diferença é o grau de manobra que cada um de nós tem, aquilo a que chamamos de liberdade, oportunidades iguais. Já imaginou Paulo Maluf, ambicioso como é, procurado pela Interpol, sendo presidente do Brasil num regime dominado por um sistema que domine as forças armadas, a imprensa, o Congresso, todos os Ministérios, incluindo o da Justiça e os tribunais de Contas e Eleitoral? Venceria todas as eleições eternamente. Depois lhe sucederia o irmão, familiares, amigos.
  • Para que um sistema se imponha é necessário haver apoio popular. Isto tanto se aplica a uma democracia como a americana, quanto a uma revolução armada ou pacífica como a francesa, a espanhola, a cubana, a russa... Para convencer o povo é preciso “comprá-lo”, quer comprando-lhe os votos se é ignorante, ou prometendo o que não podem cumprir se o povo é um pouco menos ignorante, e comprar os políticos ambiciosos e oportunistas que votam no congresso, nas câmaras de deputados, nas câmaras de vereadores. O povo vai para as ruas, mas se não for em quantidade suficiente, as forças da ordem – o que quer que a palavra ordem possa significar - o controla. Ou podem comprar o “dono”, o mandatário do supremo tribunal federal que este se encarregará de dominar qualquer resultado de eleições. A lei se subverte e a constituição começa a ser alterada por Atos Institucionais que tanto podem ter o nome de Atos Institucionais, como Medidas Provisórias, ou Canções de Ninar... O nome nunca interessa. O que interessa é para que servem.
  • Os cubanos são um povo relativamente pouco numeroso. Por essa razão, e porque sempre foram impedidos de sair de Cuba, o mundo conhece pouco Cuba e os cubanos. Nem campeões de Voleibol feminino têm sido nos últimos anos. Cuba permanece assim, como um edílico país comunista, socialista que teria conseguido ter um excelente padrão de vida marcado por altos índices de educação, altos índices de qualidade de saúde pública, de transportes públicos, industriais, comerciais, segurança pública, que pretendiam ser atingidos, inicialmente, através de prisões, gente encostada e metralhada em paredões porque “pensavam” contrariamente ao regime. Vá a Cuba, conheça amigos cubanos e verá que o povo não tem nada, trabalha gratuitamente (ou quase) para os governantes. Em Cuba falta tudo, vivem de esmolas e de aluguel de mão de obra escrava. A culpa não é do bloqueio norte-americano: É do regime. O governo manda, o povo obedece senão perde “facilidades” que os amigos do regime têm.
  • O movimento cubano da “revolución” ficou aparentemente estagnado em Cuba por décadas, desde 1959. Andaram tentando na Bolívia, onde Che Guevara foi morto, em Angola, sem sucesso. Pior ainda, de cerca de 90 países que já foram comunistas, Cuba viu se reduzirem ano após ano, a não mais que dois: A própria Cuba e a Coréia do Norte. Seus antigos aliados como a República Democrática alemã, que caiu com o muro de Berlim, no mesmo dia, além da URSS e a China dentre cerca de 90 outros. Mas, sendo comunista ou capitalista ou socialista, desde que seja oportunista, pode convencer parte do povo, o mais ignorante, que um regime comunista ou socialista autoritário, disfarçado de pacífico e político, é melhor para a massa ignorante. Depois de tomado o poder, como ensinou Gramsci, o povo se transforma em escravo, o Estado é quem manda, o povo não tem nada, os senhores do governo e amigos vivem em palácios cercados de tudo que é bom. Temos exemplos: Cuba, Venezuela, e a caminho de completar o ciclo de poder revolucionário, a  Argentina, a Bolívia, o Brasil (quem diria ?) e em inicio de revolução, a Colômbia. Países como Chile caíram fora e estão muito bem... Por enquanto. Por isso Lula se uniu a Paulo Maluf, a José Sarney, a Fernando Collor. São todos empresários capitalistas, sedentos de poder, de conforto... Todos querendo mostrar que são fortes. Juntos, realmente, podem ser muito fortes. Seremos nós fracos, tão fracos que não lhes possamos dizer não ?QUEREM NOS ENGANAR COM UM FALSO SOCIALISMO... Apenas nos querem para apoiar sua sede de poder...



® Rui Rodrigues

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Reunião de Ministros e o Ministério do Bom Senso.

Reunião de Ministros e o Ministério do Bom Senso.



No primeiro mandato, sempre que a Rainha – talvez de espadas e paus, jamais de copas,mas sempre com ouros – exigia alguma medida inexequível, era alertada por um conjunto de ministros que sentiam algum tipo de incômodo ou problema sempre que ela os solicitava, como naquele dia em que os reuniu para um assunto altamente confidencial. 

Quando ela irrompeu na sala, com seu casaco vermelho da polícia montada do Canadá, tudo ficou entregue ao barulho das moscas e mosquitos aguardando a tão esperada comunicação:

- Eu .. han... estamos aqui para... vocês sabem... Quer dizer... Não podem saber porque ainda não disse, por o assunto ser de alto sigilo, mas vou dizer agora. Agora não... Daqui a pouco , porque segundo...O primeiro foi chegar e começar a falar... O segundo é dizer o que tenho para dizer que vai ser o segundo daqui a pouco, tudo em sigilo, porque é assunto que ninguém pode saber, e na verdade nem vocês mesmos deveriam saber, mas  têm que saber porque se não souberem, vão ficar sem saber o que fazer...  A oposição é que nunca fez nada certo porque eram muito rápidos nas decisões e não tinham tempo para pensar. Eu penso, logo exijo. Acho que foi o Das Cartas que disse isto. Não o que vou dizer que isso é ideia minha, eu me refiro à célebre frase “Eu penso, logo exijo”! O Das Cartas deve ter sido discípulo do ... Daquele que nos guia os nossos passos e que não é Deus... O outro, aquele proletário bem sucedido... Ah! Lênin... Quero construir uma bomba atômica...


Ficou apenas aquele olhar perscrutador aguardando respostas como num desafio, emoldurado por um sorriso seriamente zombeteiro na sala, como de professor fazendo uma pergunta de castigo para a sala inteira.


- Não temos verbas, majestade... – Disse em tom de lamuria o ministro da economia, enquanto rodava na mão uma caneta com o logotipo do Itaú)!
- Quanto custa isso, ministro? Um milhão, cem... Um bilhão... Cem bilhões?
- Tenho que calcular, mas anda por aí...
- Então me prepare um relatório com o preço e deixe em minha mesa hoje à noite. Se não encontrar de onde tirar dinheiro, tire da Petrobrás. Não precisa lacrar o envelope porque ninguém mexe na minha mesa, e está tão cheia de coisas que nem eu consigo ler tudo o que me mandam. Tenho uma leitora para cada ministro que me traduz o que vocês me mandam. Não entendo nada de vossos termos técnicos. E se querem saber sempre pergunto às minhas leitoras oficiais: Isso é bom ou isso é ruim? Se for bom, assino... Se elas dizem que é ruim, eu não assino e devolvo. Se elas ficam na duvida, escrevem à margem do documento: Favor esclarecer... Assim vocês têm que simplificar os relatórios. Estes relatórios que vocês vão me enviar têm que ser muito simplificados porque é urgente. O Fidel e outros parceiros nossos estão esperando. O cara do Irã, aquele com nome tão arrevesado que nem eu posso dizer, está se coçando para receber umas coisas radioativas que agora não me lembro o nome... Péra... Agora se alembrei-me... Bolo de amarelo, eu acho que é...


- Yellow Cake ! – Disse o Ministro das Relações Exteriores. È um material radioativo base para....
- Não interessa o que é, senhor Ministro... Só quero que saibam... E é só? Basta o dinheiro e temos uma bomba? (disse a rainha com um ligeiro fio de espuma branca escorrendo pelo lado direito de sua boca de sorriso invertido, o olhar ligeiramente arregalado). O Ministro se abaixou para pegar debaixo da mesa de reuniões uma caneta com a marca de uma famosa empresa de exportações.

- Bem... Majestade... Há o acordo de Não proliferação de Armas Atômicas... Fazemos parte do acordo e não podemos construir... Disse o Ministro das Relações Exteriores (O Ministro das Relações Interiores nunca apareceu em Plenário nem se sabe quem foram ou que é o atual. A rainha e os reis anteriores não se relacionam internamente. Internamente apenas mandam ou por decreto, ou por novas leis, ou na cacetada com a polícia à solta nas ruas, toda armada, toda emperiquitada com roupas de couro, capacetes de kevlar, gás pimenta, balas de borracha e muita vontade de dar porrada).
-...Olhem... Vamos parar de brincadeiras... Se eu disse que quero uma bomba atômica e pedi sigilo, isso quer dizer que vamos fazer uma bomba atômica e que ninguém vai saber... Quando eu era guerrilhei.. Quando eu era guerrilheira fazíamos tudo sem ninguém saber... Sem ninguém saber é igualzinho a sigilo. Se eu pudi, como que vocês não vão podor? Ahn? Ahn? ...

- Majestade! – (O Ministro das Obras Públicas estava com o braço levantado segurando uma caneta com logotipo da OAS)
- Diga Ministro...
- E qual empresa fabricará a bomba? Como é em sigilo não pode haver concorrência nacional nem internacional...
- É... Mas não é assunto para o Ministério das Obras Públicas, porque a bomba não pública... E, além disso, também tenho uma canetinha igual á sua e outras de logotipos diferentes... Sei... Você está aqui por outro motivo.

- Senhor Ministro da Tecnologia... De que vai precisar?
-Bem, Majestade. Estamos com um grande problema: Precisamos de água pesada... Muita água pesada...
- Então pese, oras... O que o impede de pesar a água? Se precisar tenho uma balança lá no meu banheiro. 
- Não, majestade...Chama-se água pesada por ser constituída de ...
- Vá direto ao ponto que eu não sou ignorante...
- Precisamos de milhões e milhões de toneladas de água para extrairmos um simples litro de água pesada e vamos precisar de algumas centenas... Como sabe, estamos com um problema de seca danado, a transposição do São Francisco e as represas de São Paulo...
- Não me venha com esse assunto de falta de água que me água que me irrita, ministro...
- Podemos construir uma baita tubulação levando água do Amazonas ou seus afluentes para as regiões do Nordeste e do Sul, Majestade... Ou trazer água do derretimento das neves da Bolívia, do Peru, da Argentina ou Chile...Lá tem muita e seria quase grátis... Só gastaríamos na tubulação...
- Vocês gostam de complicar – Disse a rainha  com os braços arriados, e os pneus da barriga se dobrando uns sobre os outros. Só quero uma bomba, uma simples bomba... Fale com o ministro da economia e traga água em balsas de Cuba. Pode sair mais caro, mas ajudo o nosso companheiro Fidel e aquele povo maravilhoso que... A propósito... O que é mais feio dizer-se? Cu ou bunda?



Todos os ministros gritaram em uníssono: Bunda..Bunda...Bunda...

- Senhor Ministro da Educação... Amanhã quero em minha mesa um decreto prontinho para mudar o nome de Cuba para Bundea...Cuba é um termo preconceituoso que não se pode mais admitir em nossa sociedade... Decrete também o fim e o banimento do termo “bicho” porque como tudo tem um feminino, “bicha” seria válido e não pode validar porque é pejorativo. No mesmo decreto, crie o termo Boiolo... Boiolo para boiolas machos e boiola que já existe fica para boiolas fêmeas. Entendeu?
- Sim, Majestade...Disse o ministro...
E ela corrigiu: Majestada... Majestade é para macho...

Bem... (disse a Majestada)... E é só. O resto já ensinei a vocês como fazer para termos uma bomba atômica. E preparava-se para sair quando alguém perguntou:

-...Mas Majestada... Como vamos transportar a bomba? Precisamos de foguetes...

- Transporta no Trem bala que ele vai bem rápido... Não temos tempo para construir foguetes! Está encerrada a sessão. E se São Paulo se separar do Brasil, construímos lá pra cima pró Norte ou Nordeste. São Paulo já não dá votos, está muito politiquizado!



E saiu empertigada, cabeça altaneira, levemente sorridente parecendo um John Wayne de cuecas, um perfil hilário para tal supimpa e anedótica majestade...

Como sempre, o Ministro do Bom Senso nunca está presente... E todos na sala ficaram com pulgas atrás das orelhas, sapos atrás das línguas, macaquinhos no sótão... Havia tanta coisa a discutir sobre a bomba que ficou a sensação de que o que ela queria não era a bomba mas algo sob seu poder e comando. Ela mandava bem. O governo era diversão para outros fins. Só podia ser...

E ela nem lhes dissera o nome que poria na bomba: Fidel Gramsci. Não poria o nome de "FAT MAN", como os americanos, para não gozarem o Lula.

® Rui Rodrigues

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Estou em greve... Cago no Ganges !

Tretas assuntadas, artigos salpicados, o mundo a rodar.

De vez em quando junto alguns assuntos, e resolvo publicar muitas vezes nem sei por que razão específica ou em particular. Outros pretendem ser muito claros.


1.      Estou em greve... Cago no Ganges !




Enquanto a Índia continuar com o sistema de Castas, não meditarei mais, nem farei Yoga, não direi palavras como Ācārya, Adharma, Ahiṃsā, Ārya, Avatāra, Bhakti... Só para começar pela letra A....
Mas Avidyā eu direi... Porque o sistema de castas é uma Avidyā.!!!!!
Culturas respeitamos até certo ponto: Até o limite do que é humano e do que é desumano... Até lá, cago no Ganges !.
E cago no Amazonas, no Tejo, no Mississipi, no Loire, no Zambeze e no lago Titicaca.... O sistema de párias, de castas, nestes lugares, existe, mas é disfarçado, camuflado e os políticos não dão a mínima importância.

  1. Mais duas mortes em abortos.



Creio que há muitas mais (vítimas, mortes), mas por vergonha, medo ou por qualquer outro motivo, não sabemos delas. O aborto ilegal propicia o aparecimento da incompetência subordinada à “aventura” do lucro “fácil”... São tantos os crimes cometidos neste país que se toda a população nacional se dedicasse a serviços policiais assim mesmo seria impossível impedir o crime, com toda a população fardada das mais diversas instituições policiais!!!!

Somos assim por natureza. Primeiro vem o prazer do sexo, depois cai a ficha e chega o desespero... Não se pensa antes de transar. Pensa-se depois!... Erro crasso... Fatal!

Por isso sou a favor do aborto legalizado sob regras a que chamamos de LEIS!... Já que não podemos mudar a idiossincrasia humana, o perfil de quase todos nós ou da imensa maioria, ainda agravado pela falta de educação e de instrução, então que, dentro dos melhores padrões morais, se ajude a quem necessita... É assim em países mais adiantados do mundo, onde a religião – que só dá lucro a Igrejas e sacerdotes – fica em segundo plano porque não é deste mundo. Deste mundo somos nós, os humanos que precisamos urgentemente nos aceitar uns aos outros, nos entre-ajudar. No céu não há problemas com o sexo, se é que existe sexo por lá. Vamos nos cuidar por aqui. Sexo já é, por aqui, uma questão de saúde.
No Brasil, o aborto é a quinta causa de morte materna.


  1. Para quem tem o hábito – ou a necessidade – de voar...





Antigamente o serviço de bordo era similar ao de hotéis de primeiríssima classe. Você levava praticamente o peso de bagagem que necessitava. Os aviões eram obrigados a fazer escalas o que consumia muito mais combustível. Havia compartimentos com camas para se dormir, e as pernas se esticavam. Quais as razões de o mercado se ter transformado de tal forma que hoje somos transportados enlatados, pernas encolhidas, uma bolsa de mão e no máximo duas maletas que hoje até se fazem de materiais leves, como pano, em vez dos enormes baús de madeira do passado?

Porque há acordos internacionais “tácitos” (para preservar a “economia”) entre governos e empresas de transporte aéreo. Ninguém reclama, por exemplo, da poluição provocada pela média de 22.000 litros de combustível queimados em cada vôo de companhia aérea... É necessário transportar cada vez mais passageiros, que pouco também reclamam porque sentem necessidade de “voar”, e não têm suporte adequado em suas reclamações quer por parte dos governos, quer pelas companhias aéreas que visam cada vez mais lucros em estados complacentes. O momento mundial é de total compreensão com o mercado, o que é justo, se dentro de limites que não limitem o que qualquer ser humano entende como justo. Não é justo, por exemplo, atrasos substanciais de vôo sem o apoio da companhia aérea que deve proporcionar alojamentos e alimentação, além de compensações. Toda companhia aérea deveria ter uma aeronave substituta em cada aeroporto de escala, para suprir necessidades. Não as têm porque os estados são frouxos na proteção aos direitos dos cidadãos que viajam. Leis existem mas faltam “bolas” para as fazerem cumprir.

Você, que tem acesso à Internet, procure saber como eram os vôos até, por exemplo, os anos 70, e compare... Cada vez os cidadãos são mais explorados pelo sistema que não obriga à proteção de seus direitos. Galinheiros chegam a ser mais espaçosos.


4.      Musica na Caixa, Maestro - 
Ou a Análise final da massa brasileira votante, eleições de 2014.


- aprox. 50 milhões votaram na manutenção do governo
- aprox. 50 milhões votaram para mudar o estado do governo
- aprox. 30 milhões não votaram nem num nem noutro porque não acreditam nos dois (governo e oposição)
Conclusão: Governar ficou mais difícil, e a "base aliada".terá que fazer "negócios" e abranger todos os partidos políticos incluindo a forte oposição.... O que aumentará a corrupção e as fofocas de bastidores.
O Brasil se transformou num enorme harém onde nem eunucos nem escravos com plumas faltarão. Há muita gente que já conhece o código de acesso “Abre-te Sésamo”, e já não são apenas 40 como era antigamente. Esse numero cresceu e muitos mais se lhes juntarão.

Moral da história: Se algo impede ou dificulta a facilidade de se governar sozinho (PT), então vamos gastar a rodos e nos divertirmos todos juntos...Musica na caixa, maestro, que a banda está chegando e o harém inquieto...
Onde anda o Grão-Pará? Já roubaram?

® Rui Rodrigues

sábado, 25 de outubro de 2014

Onde fica Hollywood?


Onde fica Hollywood?



Ah que saudades dos velhos tempos, dos velhos filmes...
De vez em quando assisto a um dos antigos...

Nos tempos em que o Boxe e uma arma de fogo eram os símbolos de defesa pessoal para os quais deveríamos estar preparados, os roteiros de Hollywood incluíam sempre um herói que dava uns bons socos, meia dúzia de sopapos e tabefes bem aplicados, ninguém atirava pelas costas, o mocinho ficava com a mocinha, sempre uma linda artista, embora normalmente ficasse em recuperação física num hospital, em casa, um braço na tipóia por ação em defesa da vida ou da honra da namorada ou da família... Tempos de John Wayne, seu andar de canastrão...Depois os esportes evoluíram muito. O boxe viu desaparecerem John Dempsey, Mohamed Ali e um que mordia as orelhas dos adversários – que lutavam para valer - para darem lugar a “heróis” apenas e exclusivamente de ficção como 007, Steve Segal e meia dúzia de outros cujos nomes de artistas se confundem com os dos personagens, tudo falso...A diferença é que os filmes de “antigamente” assistidos no cinema – na época de seu lançamento - pareciam coisa real. E os beijos, o enredo amoroso? Eram deliciosos... Passávamos o tempo todo do filme para ver se a mocinha (a mulher desejada mesmo sendo do próximo) acabava nos braços do mocinho (no qual nos projetávamos como se fossemos nós mesmos)... Uma delícia ver as pernas da Audrey Hepburn embora as da Marlene Dietrich fossem muito mais bonitas e bem torneadas, com dois joelhos maravilhosos que pelo menos durante o decorrer da fita, eram “nossos”...



O Superman e o Homem Aranha vieram estragar tudo. Nenhum dos dois ficava com a mocinha e o Batman tinha um amiguinho que sempre achamos que era meio – se não totalmente – boiola, o que punha em cheque a masculinidade do Bruce, o homem morcego. Havia no fundo uma similaridade entre o Zorro e o Batman, e o “zorro” eram dois: Um meio espanhol da Califórnia que nunca casou com a namorada e usava uma máscara negra, e um outro zorro que nunca se guardou na memória de onde era, que tinha um amigo índio chamado tonto e usava máscara também.  Este nem namorada tinha, o coitado, que nos deixava com o sentimento de “coitados” nos filmes: Sem a mínima esperança da “conquista” da mocinha... Se ele teve alguma namorada, nem me lembro do nome dela, mas o cavalo se chamava Silver e atendia a um chamado por assobio... Sempre desconfiei que era uma égua que o Zorro “barranqueava” de vez em quando. Para verem como os diretores de cinema e os roteiristas nos gostavam de pregar partidas, fiquei sabendo um dia destes que a Chita do Tarzan, era um macaco macho! Nunca perdoei isto a Hollywood! Tremenda sacanagem... Lembram-se do “O Fantasma” que vivia numa caverna em África e tinha um cachorro porreta? Pois é... Esse também quase não via a namorada dele.



Parece que o cinema se foi adaptando aos tempos modernos, e hoje já não há heróis. Aliás,... Quem precisa de heróis nos dias de hoje? Nem crianças precisam. Vemos tanta violência nas ruas que vê-la também nos cinemas seria como chover no molhado. Nem o cinema parece conseguir ser tão violento quanto a vida real. Não conseguimos acabar com a violência no mundo. Talvez como compensação, pretendemos acabar com ela nos cinemas... Para um “Reino Encantado do Faz de Conta Que...” Funciona!... É assim como chamar cego de invisual, paralítico de cadeirante. O que é é, mas, com nome diferente parece ser mais aceitável e integrável, menos discriminatório. Não seria o caso de fazer rejuvenescer a indústria cinematográfica contando histórias de cow-boys e índios, porém contadas sob um angulo de visão misto de nossos irmãos índios e dos brancos agressores? Brancos e índios tiveram seus heróis... Mas... AH! Desculpem-me... O problema é a violência... Entendi! Ou não entendi? Não sei... Mas ir ao cinema e assistir a um filme contando histórias de amores gays para mim não dá. Não que tenha algo contra, mas é como preferir na minha mesa carne, ou peixe, ou ser vegetariano. Se eu ler a sinopse antes de ver o filme, já não vou ao cinema... Acabou-se a surpresa!



É incrível como temos a capacidade de nos adaptarmos, mesmo em idades mais avançadas, às modernidades da humanidade, mas a cada ano que passa, e por mais que nos esforcemos, nos é mais difícil até que se torna impossível qualquer mais mínima adaptação. Se aceita a moda e os fatos, mas o modelo é que já não nos serve. Suspeito que a industria cinematográfica esteja com os dias meio que contados. Já há quem nem por notícias se interesse, e quem não se interesse por nada, a não ser o teclar ou dedilhar de celulares e outros equipamentos semelhantes, evitando o contato pessoal. Parece ser melhor a comunicação sem a presença física. Não por causa das “tentações”, mas pela falta de tempo. Nossos alfabetos têm vinte e tantas letras e é preciso combiná-las para tecer o texto das comunicações pessoais. Isso leva um bocado de tempo. Antigamente falava-se mais. Um dia perderemos a nossa língua por total falta de uso. Em compensação, nossos dedos ficarão mais longos e finos porque as teclas ainda diminuirão mais de tamanho: Temos que nos adaptar às nossas adaptações desadaptadas.



Em breve nos cinemas um filme de 30 minutos – porque não há tempo maior que se possa dedicar para ver um filme – todo ele ambientado em dois laptops, dois celulares e dois Hi-Pads, entre uma mocinha e outra mocinha em seu relacionamento via NET morando as duas na mesma rua. Passaremos os 30 minutos tentando descobrir quem é a mais masculina e a mais feminina... O tema principal do filme será o desaparecimento de uma bateria de um dos celulares. Na mesma rua moram dois garotos na mesma situação e a vida dos quatro se entrelaça, sem a mínima esperança que uma das mocinhas fique com o garoto mocinho. Alguém sofrerá um acidente e o filme será um sucesso pela “saudade” que deixará. Muitos efeitos especiais e muito som urticante de arrombar ouvido e desmontar todas as pecinhas de que é constituído. Será que já vi este filme?



Hollywood fica em LA- Los Angeles – Califórnia – EUA. Já andei por lá... Sunset Strip, calçada da fama... As letras brancas “Hollywood” na montanha, sem a mínima arte, que a fama é mais importante. Vá lá... Ainda nos sobram o Spielberg e o Tarantino... Depois deles não vejo mais nada nem ninguém...


® Rui Rodrigues