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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Subindo[1] muito francamente.







Sem essa que não nos deixaram indícios de como se faziam nenéns lá nos primórdios da civilização. Deixaram sim. Basta ler os Salmos de Salomão, um dos livros comuns à Torah e à Bíblia cristã. Sexo é bom e todo mundo gosta, seja com quem for, para uns e umas, seja só para uns ou só para umas. O que importa é “desafogar o ganso”, ou deixar molhar o biscoito. Há gostos para tudo e com camisinha não há problema desde que ninguém as tenha furado previamente. Vejamos como caminharam os conceitos de sexo e de amor ao longo dos tempos...Sem esquecermos que instituições sempre aparecem para fazerem “lavagens” cerebrais e, por alguns tempos, mudarem conceitos e a forma como se encaram estas coisas. Depois a humanidade vai para onde quer ir ou entende, sem que possamos mudar – e nem queremos – os seus rumos. Rumos da humanidade não se mudam. Apenas se desviam por alguns tempos.

1.    As primeiras tribos de pré-humanos antes das civilizações.



Não havia o conceito de família, e sim de tribo. O chefe da tribo, do grupo humano era sempre o mais forte. Ele tinha o “direito” de transar com todas as fêmeas da tribo, na frente de todo mundo para que vissem e soubessem quem dominava, quem era o macho dominante. Evidentemente que, pelas sombras e ausências, machos pegavam outros machos por falta de fêmeas, um sempre dominando o outro que queria ser dominado para ter proteção já que as outras fêmeas não os queriam por serem fracos, e alguns machos mais espertos transavam com as fêmeas do chefe em sua distração ou ausência. Submeter-se ao chefe ou a um possível chefe era uma garantia adicional de proteção e comida para os filhos. Elas não reclamavam por temerem que um dia numa disputa um deles se tornasse chefe. Com a decadência física do chefe isso era inevitável. Seria o sexo feito com amor? Provavelmente não. Mais provavelmente era uma cooperação. Feito normalmente por trás, na ignorância, e satisfeito o macho, a fêmea era largada. Normalmente quando iam apanhar água em poças ou rios. Por essa época o prepúcio já tinha a forma de “chapéu” destinado a extrair o eventual e provável esperma de outro macho que tivesse fecundado a fêmea. Falar de amor seria temerário. A tribo defendia as crias por serem da tribo e serem necessárias quando mais velhas, para a defenderem e participarem de caçadas, assim como para procriarem. O chefe da tribo acreditava, muito provavelmente, que fossem fruto de sua união com as fêmeas. Provavelmente. Não havia ainda testes de DNA nem sabiam o que era isso. Como todos eram da mesma família, todos eram parecidos e ninguém desconfiava de nada.

2.    No início das civilizações.


O velho problema dos excluídos das escolhas femininas continuava. Os mais feios, os menos “nobres”, os mais fracos, não tinham a preferência das mulheres. Muitos deles precisavam de proteção, que lhes era dada por outros iguais a eles, mas com um pouco mais de alguma coisa, força ou hormônios masculinos, por exemplo. Alguns ainda tinham alguma oportunidade dos dois lados do gênero humano. Transavam com homens e com mulheres, mas sempre havia os que tinham nascido com essa tendência. Gostavam porque gostavam. Estes eram aceitos na sociedade, tal como o haviam sido nos tempos de pré-civilização, porque, imprestáveis para a caça, podiam ficar entre as mulheres sem perigo de “concorrência”. Agora, no início da civilização eram eficientes em muitas outras atividades e sempre tinham protetores.


Nos impérios de Roma e da Grécia sempre sob o temor de partirem para a guerra ou serem invadidos, considerando a vida como uma existência precária, as diversões se limitavam a jogos, circo, sexo e bebidas. Não é, portanto, de estranhar a promiscuidade. Porém, havia a questão da família e o que a diferenciava dos demais indivíduos e situações civis. Mulheres de família não poderiam ser promíscuas como as mulheres da vida que existiam em Pompéia conforme anúncios – os primeiros grafites de que se tem notícia – anunciando seus dotes e os preços. Esta moralidade se deve principalmente á construção de um patrimônio e à possibilidade de o patriarca se vir a tornar um tribuno, um homem do governo, um homem de moral que tinha uma mulher que o respeitava. Fugas a padrões estereotipados sempre foi uma característica humana, até mesmo porque para se firmar como “homem”, macho, guerreiro, era necessário que tivesse fama com as mulheres, e até de vez em quando comer, subjugar, dominar outro macho. Esta forma de dominação levada ao extremo era dominar e “comer” um inimigo valente que se batera em combate humilhando-o. E qual a mulher que agüentava sem sexo por anos a fio com o marido longe em batalhas ou na administração de feitorias, sem saber se voltaria?
A historia da Odisséia de Homero é uma ode á fidelidade de Penélope, esposa do ausente Ulisses, assim como de seu filho Telêmaco, ela resistindo ao assédio sexual de pretendentes.
Os grandes profetas hebreus, e em geral os homens ricos e proeminentes do Oriente Médio sempre tiveram seus haréns, suas vinhas. A proibição do álcool em algumas religiões é hábito mais recente que não fazia parte dos primórdios das religiões. O que se pode inferir é que o sexo fora do âmbito da família era “consentido” sempre e quando “não corressem vozes” ou não houvesse flagrante.

3.    Na idade Média.



A idade da consolidação da moralidade das religiões, impondo ás sociedades a moral de sacerdotes interessados em, exatamente, religião, aumentar o número de fiéis, conquistar espaços e simpatias pela identidade da fé, aumentar os cofres, recebendo mais do que davam. Recebiam em dobro, em triplo, mil vezes, sete mil vezes sete o pouco que davam. Se olharmos pelo aspecto do benefício “moral”, causaram mais incômodos tentando mudar o imutável na natureza do ser humano. Quantos se abstêm da mulher do próximo ou do homem da próxima? Já em termos de “conforto” as religiões são notáveis. O que se pode desejar de melhor do que morrer, ir para o paraíso, e lá encontrar a paz de uns, sete virgens de outros, milhares de paraísos a que se vai acedendo aos poucos, de acordo com a religião do Tao. E se não fosse pelo convencimento era pela força. E foi assim que certo dia as mulheres viram chegar no mercado uma peça de ferro com fechadura e cadeado: O cinto de castidade, alguns com lâmina para que se algum pretendente tentasse penetrar a esposa, tivesse seu falo cortado – ou a língua. As amizades secretas de esposas com os armeiros que trabalhavam em fechaduras, não passaram desapercebidas.   
  
4.    Nos tempos modernos.


A humanidade move-se por terrenos espirituais que estão em sua origem. Não abdica de princípios, e esta tem sido a luta de religiões e políticos tentando desviá-la normalmente pela privação, através de proibições. É uma luta em vão. Alguns “líderes” que assumem governos de religiões ou de Estados conseguem mudar suas sociedades por algum tempo, mas a humanidade dá-lhes a volta. Revoltam-se as sociedades e a humanidade. Acontece a todo instante, e após 12.000 anos de civilizações, e finalmente, a mulher consegue atingir a sua igualdade perante o homem, podendo votar, tendo seu trabalho, podendo voltar a ser a matriarca de uma família como já o tinha sido em algumas sociedades do passado e mesmo antes deste século XXI, já em algumas sociedades africanas, em Roma, na Grécia, Oriente Médio, até com direito a harém, tudo de forma oficial e aceita pelas sociedades. Assim como existem homens que estão sempre prontos e dispostos, também há mulheres que têm a mesma disposição e estão sempre prontas para fazer sexo.


A humanidade, sociedades em geral como parte da humanidade, na verdade, parecem-se muito com uma esponja ou uma massa de moldar. Confinem-se entre as mãos, apertando-a num sentido e ela se moverá para o outro, buscando espaços. Não podem ser comprimidas. No caso da esponja, vomitam pelos poros, no caso da massa, fogem do controle por entre os dedos da mão. Não estou certo se Maquiavel de injusta má fama, percebeu isto embora explicitamente não pareça que tenha construído uma “máxima” que assim definisse as sociedades e a humanidade. Para esta, o tempo flui de forma diferente. O indivíduo tem pressa, a humanidade não tem tanta. Quase nenhuma. E mesmo quando parece mudar, volta ao mesmo, às mesmas atitudes, apenas com roupas e equipamentos diferentes.

5.    O futuro da liberdade sexual.



É inevitável que a promiscuidade traga a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. Vírus sofrem mutações a tal ponto que alguns chegam a parecer que são vírus diferentes, mas não passam de vírus modificados. Entre a vontade e a obrigação de usar um preservativo, vence sempre a vontade. São poucos os casais que no gritar dos hormônios, se abstêm do sexo esperando uma outra oportunidade em que haja preservativos disponíveis. O indivíduo tem pressa. A liberdade sexual de hoje é fruto de uma série de “condições” em que se vive no dia de hoje. Como simples exemplos, é fruto de uma perda de força das religiões, da necessidade do mercado lançando mão do trabalho feminino e de sua igualdade aos homens, da existência de preservativos mais suaves do que as antigas tripas finas de bois e vacas, da evolução do Estado democrático, da simplificação de tarefas através das facilidades permitidas por modernos equipamentos, a perda de rumo e até certo ponto do enfraquecimento do homem como “senhor” da situação, a perda de posição como chefe da “tribo do lar”, onde fatores econômicos têm peso substancial. Em palavras bem diretas, a mulher se masculinizou e o homem se afeminou. É o estado híbrido, do meio termo, que parece irá dominar o futuro da humanidade nos próximos séculos, tempo muito curto para a humanidade a ponto de aumentarem sensivelmente os casos de hermafroditismo.

Adicionar legenda
Quanto tempo a humanidade irá esperar para uma nova mudança, talvez com predomínio completo da mulher ocupando aquele lugar que o homem já teve, não se sabe. A humanidade sabe, mas decide devagar e após decidir muda vagarosamente, no que pese a facilidade das comunicações atuais. É que não se trata de velocidade de informação, mas de velocidade da vontade de mudar, que geralmente advém de uma necessidade premente, ou de uma submissão temporária, mas, da mesma forma, premente, iminente.     


O grande segredo da humanidade é a adaptação e a inovação tudo com muita paciência, sem pressas, e se o conceito de família já não é como antes, quem sabe voltará um dia a sê-lo ou desaparecerá para sempre? Qualquer tentativa no sentido de mudar a determinação da humanidade, isso sim, será em vão. O problema é: O que quer a humanidade? O que governos, filosofias ou religiões querem é volúvel e passageiro, sempre de forma apressada porque é coisa de indivíduos.

® Rui Rodrigues




[1] A bem da verdade, trata-se de “Trepando no tempo, com toda a Sinceridade”

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