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terça-feira, 19 de maio de 2015

Política internacional – Refletindo sobre guerras - 2015



(Deus não joga dados nas guerras nem quer saber o que é uma guerra)

1.    Refletindo sobre guerras


Dito assim pode parecer a quem lê que a política seja uma ciência. Estuda-se realmente, há até diplomados com o título de “cientistas políticos”, mas é como o tempo: Difícil de prever resultados. Estão neste compartimento as utopias, por exemplo, e a política do dia a dia, que obtém mais soluções – nem sempre soluções – pelos métodos de “redução ao absurdo” e “das tangentes”, do que por equações que nos dêem um resultado credível. Na política, 1+1 não é igual a 2. Longe disso. Poucos meses após Hitler e Stálin terem assinado um acordo de não agressão, Hitler invadiu a Rússia, e antes do ataque a Pearl Harbor, o embaixador japonês garantiu a paz a Roosevelt. Nem Stálin nem Roosevelt esperavam por estes ataques. Há ciência na política, é certo, mas a política em si não é uma ciência. Falta-lhe a previsibilidade, a formulação matemática que nos leva a obter previsões que se venham a confirmar na realidade. Porém, não há como negar as evidências: Não se pode viver sem a política desde os tempos em que há milhões de anos começamos a juntar-nos em grupos, tribos, nações e a ocupar este planeta. De vez em quando algumas nações se unem para combater outras, mas passados tempos, algumas dessas formam novas e diferentes alianças, e aqueles velhos aliados se tornam inimigos. O que nunca se viu foi China e Rússia juntas, com apoio de países sul-americanos e africanos. É preocupante!


Somos um caos de humanidade. Se analisarmos a política como uma teoria do caos, talvez a possamos transformar em ciência que permita previsões seguras. Até lá, jogam-se os dados todos os dias.  

2.    Os estopins das guerras


Qualquer fato ou mentira serve para acender os rastilhos. Nos gabinetes e ministérios, com a ajuda de computadores e serviços de inteligência espalhados pelas nações, tecem-se cenários de guerras eventuais, mas a humanidade é como um polvo que “tateia” até onde pode ir antes de ir realmente. De vez em quando as pontas dos tentáculos queimam e recolhem-se repentinamente. Até chegam a pedir desculpas pela “intromissão”. No passado bastavam apenas duas invasões de países por uma potência para iniciar uma guerra. Uma invasão apenas poderia ser considerada como “caso particular”, mas duas significava certamente “expansão”. Todos tememos movimentos expansionistas. Também já foram causa de guerras assassinatos de alguém mais ou menos famoso. 
E até já houve algumas porque o noivo se recusou a casar com a princesa do país que até então era amigo, ou teve amantes quando era casado com a princesa de outro país. Qualquer motivo é motivo. O que leva realmente à guerra e a guerras generalizadas são outros motivos por detrás dos imediatos: São os motivos reais, verdadeiros, frios. Por isso se pode garantir que as guerras começam de fato antes de as vermos iniciar-se. Injustiças podem acumular-se sem resposta do mundo livre, em função de negociações ou busca de soluções, mas normalmente as pressões vão subindo como numa panela de pressão. Um dia a panela arrebenta. 

3.    Os motivos dissuasórios.

Grandes potências têm hoje um arsenal atômico tão grande que poderiam destruir este planeta e extinguir toda a vida vezes seguidas, provocando um “inverno nuclear”. Quem se atreveria assim, a usar o primeiro míssil nuclear? Este parece ser o primeiro motivo dissuasório de uma guerra mundial. Mas, se nos lembrarmos dos programas de “guerra nas estrelas” do presidente Reagan, mísseis nucleares poderiam ser destruídos em pleno vôo. Não estamos certo disso, nem da eficácia do sistema. Alguns mísseis explodiriam. Não há outros motivos suficientemente dissuasórios para serem considerados fortes para tal. Todos os demais elos de relacionamento entre potências e nações são fracos. Podem ser rompidos a qualquer momento.

4.    As fragilidades dos sistemas políticos.



Em ditaduras nunca se sabe o verdadeiro perfil de quem assume o poder. Fidel Castro, como exemplo, foi ajudado pelos EUA na revolução cubana até que se declarou comunista porque os americanos o julgaram como mais um que lutou pelo poder. Nunca saberemos se é ou não comunista de fato. Um ditador tanto pode ser um sujeito cheio de boas intenções quanto cheio de más intenções. No entanto, ditadores fazem o que querem. Ou comprando os políticos, ou tomando o poder. Nas democracias há também nichos de ditatoriais, quando o governo pode, por exemplo, governar por decretos ou por qualquer outro nome que se dê aos decretos (como Atos Institucionais ou Medidas Provisórias). No entanto, um dos mais intrigantes e perigosos dispositivos democráticos é o fato de qualquer presidente poder declarar guerra a outros países sem ter que dar satisfações aos senados e câmaras, ou usá-las por terem sido compradas com gordos salários, comissões ou de outra forma qualquer. Os senadores brasileiros, por exemplo, recebem gordas maquias anuais do atual governo, além de gordos salários recheados de benefícios, e os partidos políticos recebem bilhões extraordinários. Como votarem contra o governo? São um caminho aberto para a oligarquia de políticos e de partidos políticos, no fundo uma ditadura.

5.    Crises econômicas antecedem guerras



É histórico. Consta em qualquer dos anais históricos em qualquer língua ou país, da história internacional. Mas sempre temos esperança que seja diferente. No entanto é fácil explicar. Trata-se da pressão econômica e suas conseqüências, principalmente a característica humana de sobrevivência que leva à irracionalidade. Esta irracionalidade é aproveitada pelos políticos ou para não perderem o poder ou para conquistá-lo. Dizem ao povo que “são a solução” quer pelos caminhos da paz, pelos da guerra, ou pela neutralidade. Mas são solução para quê? Normalmente os maiores males de uma crise econômica mundial são inflação pela escassez de bens, a perda de empregos pela retração de mercados, o aumento da miséria, a deterioração dos serviços públicos, a agitação política em busca de soluções ou de oportunistas que querem o poder. Não há como “educar” nosso espírito de sobrevivência uma vez que o sistema onde está instalado desde a nascença de cada um de nós é um lugar inacessível ao controle humano: Está no bulbo raquidiano, uma parte de nosso cérebro ao qual não temos qualquer acesso consciente, mas que altera nossos instintos. Um deles, em épocas de crise, é ganharmos uma aversão a estrangeiros dentro de nossas fronteiras, vendo-os como “competidores” potenciais que nos vêm tirar a comida de nosso prato. É esse bulbo raquidiano que controla nossas batidas cardíacas, nossa respiração, controla a produção de hormônios, nos faz subir a adrenalina quando levamos um susto, por exemplo.

A agitação populacional contamina o governo, quando não é o contrário. Os sistemas produtivos não podem entrar em colapso por falta de mercado, de bens de raiz como gás, minério de ferro ou alumínio, nióbio, petróleo, trigo, água, soja. O mercado se auto-regula. Economia é uma ciência porque lida com números, mas não pode prever, por exemplo, que meia dúzia de banqueiros tenham declarado em 2008 que estavam literalmente à beira da falência que o governo americano não lhes injetasse em suas contas umas centenas de bilhões de dólares para compensar seus erros, que eles mesmos admitiram, mas a crise estava iniciada, passando à Europa e depois ao resto do mundo. Ainda estamos nela e não deverá terminar antes de 2028.  Só para lembrar o inicio deste item, crises econômicas mundiais antecedem as guerras, o que não significa que haja guerras sempre que haja crises econômicas mundiais.

6.    Contemporizações internacionais são sinais de fraqueza ou prelúdios?

A “fraqueza” de uma nação pode ser boa para o país. Normalmente evita a guerra, e pode ser confundida com “excelente política” se esse país se livra de uma guerra por algum tempo sem que pareça covarde. A população fica satisfeita, os “adversários” ganham seu respeito. Já vimos disso na crise dos mísseis em Cuba, em muitos fatos históricos do passado, e mais recentemente na crise da invasão da Criméia pela Rússia. A Rússia invadiu e está invadida até hoje. Até avião comercial foi derrubado sem que nada acontecesse em termos de política internacional. Nenhum país foi julgado covarde, mas tal como já se disse algumas linhas atrás, a pressão está aumentando na panela de pressão. 

Estivéssemos no século XVI, ou XVII, ou mesmo no XIX, a invasão da Criméia daria certamente origem a uma guerra mundial. Quer dizer... Como política não é verdadeiramente uma ciência, embora inclua ciência em seu bojo, podemos dizer que “seria altamente provável” que houvesse uma guerra mundial. Porque não houve até agora? Exatamente por causa dos motivos dissuasórios e também por outros dois motivos: A pressão da panela ainda não é suficiente para explodi-la; O jogo de interesses internacionais permite algumas extrapolações, concessões ao status quo, Em que algumas potências tomam uma parte de “lá” ou “daquilo” e outras tomam outra parte de “cá”, ou “disto”.
Apenas como exemplo, os russos tomaram a Criméia depois de terem ficado com parte da Geórgia e dizimado parte da Chechênia, enquanto os EUA continuam no Iraque, no Afeganistão, a Alemanha é a “mandatária” da União Européia.  A Grécia corre para o lado da Rússia, a maior parte do gás da Rússia passa a ir para a China, a Inglaterra pensa em sair da União Européia, Portugal a seguirá se ela fizer isso, a Grécia sem dúvidas. Lembra muito, tudo isto, a divisão do mundo entre Hitler e Stalin nos acordos que fizeram antes da Rússia ser invadida pela Alemanha nazista. Um dos pontos de acordo era a divisão da Polônia entre eles. Atualmente, dentre tantos outros pontos de concordância e de discórdia entre nações importantes, há um que nos causa muita admiração: O silêncio aparente da China continental em relação a Taiwan, a China Insular, e a disputa por umas ilhas a caminho do Japão com este país. Será a China assim tão paciente?
E agora em 2015?

7.    Haverá nova guerra mundial?



Haverá sim, mas não se sabe como nem quando. Pode até acontecer como produto nefasto desta crise econômica – muito grave – como também passar em brancas nuvens, sem declarações de guerra entre potências. Não adianta lançarmos dados. Podemos isso sim, dizer apenas das “probabilidades” se num conjunto de equações substituirmos as incógnitas por algumas certezas que temos, mas a condição humana e de cada país segundo seu tipo de governo podem alterar as suposições. No entanto, se houvesse guerra há um cenário que preocupa mais do que quaisquer outros: A possibilidade de China e Rússia se unirem numa guerra como aliados contra o que se chama de Ocidente.

Qualquer fato imediato poderia servir de motivo para uma guerra. Podemos ter certeza que novas armas estão sendo testadas, que os serviços secretos do mundo inteiro estão atentos, e nós no Brasil, como sempre, assistimos, e se tomarmos partido, arriscamos a sofrer sem estarmos preparados nem para nos defendermos. Não temos nada próprio e eficiente que possa servir como força de dissuasão para grandes potências não nos atacarem. O que os impede ainda é a democracia que parece ser um pouco efetiva nesse aspecto. Nunca cuidamos disso e continuamos importando armas em vez de desenvolvê-las construí-las. Num futuro não muito longe, isso pode ser determinante para nossa independência como nação, como povo, como cultura. Já andaram exterminando judeus, armênios, poloneses, cristãos, índios, ateus, camponeses, ucranianos, ciganos, albigenses, quiseram exterminar bascos, e outros povos. Basta consultar a história para se ter uma noção. Não se podem esquecer guetos, gulags, “paredões” nem campos de concentração. A democracia é uma dama pálida que desmaia sob qualquer perigo, até de susto. Deserte numa guerra para ver o que lhe acontece.

8.    Os "faros" que percebem o cheiro da guerra.


O maior sinal de cheiro de guerra próxima, é o silêncio da ONU. Está paralisada. Quieta. Silenciosa. Já vimos isso na antiga Sociedade das Nações, sua precessora. Não se mete nem contra o Boko Haram, nem contra o Estado Islâmico, nem contra nada. Faz atualmente “obras de beneficência como qualquer ONG. Talvez saibam melhor que nós, humanidade popular internacional, simples contribuintes sem acesso a segredos de estado, o que está por detrás dos movimentos fronteiriços e das belicosidades mundiais e não se queira meter em “seara alheia”, o que poderia torná-la numa agregadora ou desagregadora de “aliados”. Quando algumas potências se preparam para uma guerra que não existe, ela acabará por existir.

O que é passar provação mais difícil do que um povo abandonar um continente e ir-se instalar numa ilha? Pois foi o que os ingleses fizeram há cerca de 6.000 anos atrás. Embora tenham vivido lá muito antes, foi apenas quando terminou a era do gelo e as ilhas britânicas voltaram a ter condições de vida que voltaram para lá. Seu senso de “sobrevivência” é tão grande que estão lá até hoje, sobreviveram a romanos e alemães nazistas, não entraram na zona do euro, e se questionam sobre continuarem na União Européia. É um sinal de aproximação maior com o Pacífico, Austrália, Nova Zelândia, EUA. “Mi casa, tu casa” dos mexicanos não parece ser muito credível. “Eu não falar tua língua” ainda ressoa nos ouvidos. Alemanha e França querem dominar e dominam a União Européia. Tanto podem ser aliados como inimigos.


Os EUA partiram para o xisto como fonte alternativa de obtenção de combustíveis. O povo pode não gostar principalmente os ambientalistas, mas é o que têm para não dependerem dos russos nem dos bolivianos para sua independência energética. Os alemães estão quase a 100% de energia eólica e solar. Por aqui no Brasil, o que interessa é a propaganda. Vamos depender sempre dos outros, a vida é uma sambar funqueiro, times de futebol e discursos inflamados do PT e do PMDB dizendo que tudo vai bem. Vai bem o quê, para quem, cumpañeros? A roubalheira?
O Reino Unido continua unido, independente, e tem onde buscar o que necessita, é parte da Commonwealth, ajuda mútua. Porto mais que seguro, a união faz a força. Dilma nem sabia que o governo estava demissionário em Portugal por causa das eleições. Pensou que o governo se tivesse demitido. Está gravado em entrevista. Há cooperação, bem vinda, até especial, mas não há Commonwealth nas lusófonas terras de cá, nem de lá, nem de além. As “mágoas” políticas se sobrepõem à razão. Deve ser mais uma latinice.


A Rússia fez acordos com Cuba para uso de portos. O Brasil financiou a construção. Haverá algum acordo secreto com a Rússia ou com Cuba? A Rússia tem porto na Síria. A China constroi um canal na Nicarágua para não ter que usar o canal de Panamá. A Rússia faz vôos de reconhecimento invadindo espaços aéreos europeus, seus submarinos visitam portos dos países nórdicos invadindo águas territoriais. As bases americanas nos Açores estão em dúvida quanto á sua continuidade a serviços dos EUA por iniciativa desta nação. Com mísseis e maior autonomia de vôo de seus aviões talvez nem necessite delas. Putín egresso da KGB tem promovido sua permanência no governo desde que Boris Ieltsin, o bêbado, largou o poder. Há fortes indícios de que quer reconstruir a URSS. A oposição russa jura que ele subverteu o sistema eleitoral e fraudou as eleições. Fez acordo recente com a China para venda de gás combustível, uma forma de retaliar contra as sanções econômicas dos EUA e Europa por sua invasão da Criméia. A Rússia é o maior país Europeu em extensão, e tem a mais desenvolvida tecnologia. A Rússia tenta espalhar a sua influência pelo mundo. A Alemanha nazista também fez isso antes da segunda guerra mundial.

A China...Nas décadas de 60, até os 80 do século passado não se falava noutra coisa senão no “perigo amarelo”. Podemos imaginar a China, que compra no exterior apenas porque os produtos de raiz são mais baratos, guardando assim as suas reservas, com uma população esfomeada? Podem arrebentar com qualquer panela de pressão. Unidos à Rússia, podem arrebentar todo o estoque mundial de panelas de pressão. Ou pelo menos parece. Com seu regime comunista para os trabalhadores garantindo preços baixos de mão de obra, e uma parte capitalista para governantes e seus apaziguados empreendedores industriais e comerciais, a China vem competindo com as industrias nacionais dos demais países em preços, aniquilando-as. Detroit nos EUA, antigamente um portento industrial, já perdeu suas industrias e 70% de sua população. Não foi apenas nos EUA. A Globalização é até certo ponto um engodo. Industrias fundamentais para a sobrevivência em países que cuidam de sua sobrevivência não são vendidas a terceiros. Continuam “em casa”.
Industrias e serviços estratégicos são fundamentais para manter a nacionalidade, as fronteiras.


® Rui Rodrigues

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