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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Corre humanidade, corre!...



Corre humanidade, corre!...

Algures, em muitos lugares deste planeta, a juventude diverte-se em algum show com artistas populares, amigos e amigas jantam num restaurante ou em suas casas, crianças vão para a escola, adolescentes para as universidades, em algum lugar de nosso planeta algum líder, sem consultar a opinião popular declara ou está em guerra com algum grupo revoltado ou com uma nação, governantes distribuem verbas públicas como acham melhor, veículos se movimentam nos ares, em terra, nos mares, casais de namorados dividem seus momentos, mas nem sempre será assim...

Haverá um tempo em que o Sol que nos proporciona a vida irá crescer milhares de vezes, ficará avermelhado e mais quente ainda, até engolir as órbitas de Mercúrio, Vênus, e tornará a Terra inabitável até a engolir também. Ainda temos cerca de quatro bilhões de anos para pensar nisso, época em que o Sol iniciará seu aumento de tamanho, se nenhuma catástrofe natural não nos aniquilar antes, ou algum governo não decidir iniciar uma guerra nuclear, mas há uma pergunta que temos de nos fazer:

- Teremos tempo, nestes quatro bilhões de anos que nos restam, para prepararmos uma saída e evitar essa catástrofe? Vejamos a seguir:

Ao aumento espetacular do tamanho do Sol, seguir-se-ão explosões parecidas com as de supernovas, que inviabilizarão a vida em Marte, também. Se a humanidade pretende uma solução definitiva para a sua sobrevivência, poderá, entretanto, usar Marte e outros planetas do sistema solar para experiências visando a colonização de mundos futuros, mas deve concentrar a sua atenção em planetas fora do sistema solar que não corram o mesmo rico do Sol em futuro tão próximo. Afinal, logo após as explosões, o Sol encolhera novamente, mas não emitirá luz nem calor como agora. A solução está, portanto, fora de nosso sistema solar. Sob este pressuposto, e com o que temos nos dias de hoje, não podemos esperar nenhum planeta mais próximo do que 4,2 anos luz. Algo como uma distância correspondente a cerca de 40.000.000.000.000 de km. Como nossas naves atuais não atingem mais do que 77 km/s, uma viagem até lá duraria cerca de 50.245 anos... Como nossa população é de cerca de 7,5 bilhões de pessoas, para salvar todas teríamos de construir uma nave gigante onde coubessem todas, em ambiente auto-sustentável e fazer uma viagem só. Sendo assim, teríamos tempo suficiente e poderíamos até dormir sossegados... Não fossem os problemas de termos que, bem antes, preparar o planeta para que possa ser habitado, e não podermos construir uma nave com esse tamanho sem pensarmos em como manter tanta gente viva durante tanto milênios de viagem com controle rigoroso de natalidade... Temos que começar a pensar nessas viagens, porque a possibilidade começa a ficar difícil. E isto nos faz surgir outra pergunta:

- Salvar-nos-emos todos, dos que então habitarem a Terra, ou apenas uma pequena parte? Somos uma pequena nave espacial amarrada ao Sol, sem mecanismo de direção controlável, e está ficando cheia, repleta, transbordante...

Precisamos construir motores mais eficientes e velozes, sem dúvida, e com a velocidade de desenvolvimento tecnológico em que caminhamos, já estamos bem atrasados. Melhor começarmos a pensar numa visita tripulada a Marte para treinarmos – como se fossemos um exército com alvo bem definido - e ao planeta Europa. Através de telescópios, identificar a existência de planetas que estejam a uma distância habitável de sua estrela e tenham a dimensão e composição similares às da Terra. Ao mais confiável, enviar uma nave de exploração. O tempo urge e contrariamente ao numero tão amplo representado pelos quatro bilhões de existência adicional prevista para o nosso Sol, o tempo já é curto.

Fixemo-nos em Alpha de Centauri, o sistema mais perto que existe – imaginando que seja lá o nosso destino – só para vermos o tamanho da encrenca em que já estamos com quatro bilhões de anos de antecipação...

Imaginemos que somos capazes de construir naves com velocidade mil vezes maior, ou seja, que viajem a 77.000 km/s (uma impossibilidade para os próximos duzentos anos). Cada nave levaria cerca de 50 anos para ir e para voltar. Poderíamos construir 1.000 naves dessas? Creio que sim, mas cada uma não poderia levar muito mais do que 100 pessoas, que seriam enviadas aos vinte anos e teriam setenta quando chegassem lá, mas já seriam avôs e avós com uma descendência que atingiria o total aproximado de 200 pessoas com todo o cuidado. As naves teriam que ir e voltar, num ciclo de ‘100 anos, levando de cada vez 100 pessoas. Como somos 7,5 bilhões, levaríamos cerca de 750 anos para salvarmos a todos. Somando a este tempo, o necessário para o desenvolvimento das tecnologias necessárias, e a preparação adequada do planeta, poderíamos esperar algo como uns 1.500 a 2.000 anos para a operação total, na melhor das hipóteses. Seria como ter começado a operação quando Jesus Cristo nasceu e só agora termos evacuado o nosso planeta...

Mas tudo isto é mera hipótese otimista, porque talvez o planeta que buscamos não esteja por lá. Pode estar mais longe do que isso e exigir uma preparação ainda mais longa. E, além disso, conhecemos bem os governos que temos. A continuarem assim, desviarão verbas para onde sempre desejam e os preparativos para a salvação serão negligenciados. Então, premidos pelo tempo, entrarão em guerra para ver quem tem mais direito a um lugar fora da Terra agonizante. Farão seleções, enfrentarão revoltas. O planeta pode “arder” ainda antes de iniciado qualquer projeto de evacuação, e as naves serem destruídas antes de lançadas.

Ou então, darão aquelas soluções improvisadas, de última hora: Enfiam um cérebro num recipiente ligado a suprimento de açúcar, a um rim e a um coração-pulmão artificiais, montam tudo sobre um exoesqueleto resistente ao calor, à corrosão e à pressão, e mandam para o planeta juntamente com uma farta munição de provetas e espermas e óvulos congelados. O cara que se vire por lá, no planeta, para fazer tudo funcionar. Com controle à distância podem até mandar um robô para cuidar da prole de bebês de proveta...
Ou podem fazer alterações genéticas em seres humanos, transformando-lhes o corpo até para voarem, ou com guelras para poderem submergir...

Histórias em quadrinhos tornando-se realidade. Mas se deixássemos a imaginação correr frouxa, não pararíamos por aqui.


Rui Rodrigues

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