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quarta-feira, 1 de junho de 2016

O Cadillac…






Um cavalo simpático, tranquilo, quarto de milha ou manga larga, que não conheço muito de cavalos, embora tenha andado muito pelas bandas do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, Terras de Maragatos e Farroupilhas, de confidentes e de outras correrias históricas, cada uns a seu tempo, que a cavalo dado não se olha o dente, e nunca encilhei nenhum, nem mesmo as mulas que em dia de visita familiar subiam a serra do Marão – no Norte de Portugal-desde Fornelos atéParadela, terra de minha avó paterna Pinto Nogueira onde tinha casa abastada. Com 4 anos de idade jamais me permitiriam encilhar mulas. Mas foi com mulas subindo a Serra que tive meus primeiros contatos com equinos. O que mais me impressionou foi aquele tipo de olhar “meio perdido” que parece estar olhando para todos os lados e para nenhum em particular, que me chamou mais a atenção, principalmente quando escorregavam em pedras soltas na apertadíssima eíngreme trilha, a paisagem já pequena, lá em baixo, as casas de Fornelos como se fossem de presépio. Àquela altitude, Fornelos não tinha som. Era como uma paisagem de televisão com o som desligado. Mas nem televisão ainda existia no mundo por aquele ano de 1949, para que se veja o quanto evoluimos desde então. E é aqui que me voltei a lembrar do pobre Cadillac que passou a noite em sua nobre funcão de cortador de grama em frente à minha janela. Sua dona sempre quis ter um cavalo. Ganhou o Cadillac, com pedigree, com menos de um ano de vida. Poderia ter sido um corredor, ter procriado, mas não… Cadillac foi encarregado de comer toda a grama de um terreno de oito mil metros quadrados como parte de sua dieta completada com ração. Nunca transou na vida, nunca puxou carroça e de frutas apenas come cascas. Atualmente tem como que uma verruga no abdómen esperando a chegada de um veterinário. Tanto quanto sei, Cadillac deve ter uns nove anos de vida. Progredimos muito. Já temos televisão, mas os cavalos já não transam livremente. Precisam de permissão particular de seus cuidadores, zeladores… Cadillac, através de seus olhos castanhos enormes, transparentes e lúcidos desabafou:

- Cara… (Disse-me com certa tristeza no olhar, uma lágrima escorregando-lhe pelo canto do olho onde já se formava um rio)- Cara… Se me dessem banho e me escovassem, trocaria um ano de lavagem por uma boa trepada… Deve ser muito bom… Também gostaria de poder correr, mas não tenho espaço nem companheiros para desafiar na corrida. Me solta, vai….

Mas ele, meu amigo Cadillac, nem imagina o mundo que existe lá fora, para lá dos muros da propriedade. E indeciso entre fazer-lhe a vontade e deixá-lo preservado de um mundo ainda pior, vou conversando com ele, apenas através dos olhares, cada um se vendo nos olhos do outro. Progredimos muito. Nós, humanos, aprendemos a falar para os cavalos, damos-lhes nomes, mas não queremos saber o que pensam, e por isso, o eventual “chip” de tradução que poderia ser implantado permitindo troca de informações, talvez venha a ser uma das últimas coisas a serem feitas por esta civilização fantástica que ainda não aprendeu o que é mais importante.

Quem disse “Meu reino por um cavalo” foi um rei, perdeu a batalha e já morreu. A importância dos cavalos mudou muito, talvez tanto quanto a dos reis. O cadáver do rei foi encontrado quando se fizeram escavações perto de uma estação de Metrô em Londres. Como tal rei era um déspota, a oposição se movimentou para exigir a aprovação da Magna Carta Inglesa, vigente atéhoje… Qualquer semelhança com regimes sul-americanos déspotas também, por compra da moral e daética de deputados, senadores, juízes e vereadores, é valida na história de nosso Brasil…

Pátria Educadora não passou de uma patranha para eternizar um regime, um partido, uma idéia de jericos para estabelecer "referenciais" de acordo com essas jericagens desgastadas da história. O muro era em Berlim e caiu faz muitos anos!




® Rui Rodrigues

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