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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Carta a Deus Pai!

Carta a Deus Pai!



Sei que existes e estás em toda a parte. Longe de ser uma questão de fé, é uma questão da ciência. Como construir um Universo tão perfeito com tantas leis da física, da química, da genética, se tivesse sido apenas por “acaso”? Uma lei apenas, sim, poderia ser por acaso, mas duas, três, milhares de leis que regem nosso universo, tudo por acaso? Nem a própria matemática e física, e todas essas leis juntas poderiam explicar o “acaso”. Mas temos um enorme problema: Como és se ninguém nunca te viu, e todos os deuses que diziam serem reais nunca apareceram? Dizem que um veio e viveu, professou, morreu, ressuscitou e depois desapareceu. Esse também não pode ser deus. Deuses que viriam ficam, não podem ser uma questão de “oportunidade dos tempos”, de uma única geração e não se vão. Se vieram foi para ficar. Nenhum veio e ficou para sempre! E por fé se acredita em qualquer coisa. O problema é sabermos como realmente és, porque as fotografias tuas que nos apresentaram carecem de substância para crer. Por isso mesmo, que uns dizem que o deus é um, outros outro, e há bilhões de adeptos de vaga e inconsistente fé – cerca de 7,5 bilhões - que dizem seres tu um e outros outros, sem que cheguem a acordo, e isso os divide de forma tão emocional que os fazem lutar uns contra os outros sem que tu apareças para lhes dizer que és diferente do que pensam...

Alguém se enganou, ou não viu direito, e nos apresentaram um deus feito à nossa semelhança, com cabeça tronco e membros, olhos, ouvidos boca e dedos, que podia andar. Mas então, como seria tão grande que poderia dar um peteleco numa partícula do Universo e dar-lhe vida através de um Big-Bang? Que tamanho descomunal teria, ou inflacionaria igual ao Universo primordial? Deus, o único e verdadeiro terá que ter outra aparência, podendo até ser bem pequeno, minúsculo, e se esconder em cada partícula do universo, em cada fóton, em cada partícula de Higgs, em cada partícula ou energia de matéria escura que compõem o espaço-tempo, mas jamais aquele deus ridículo e pequeno que cuida de tudo a toda hora neste planeta e em todo o universo, mudando-o, corrigindo-o, fazendo o bem a uns e esquecendo os outros.

Deus... Sei que não vais aparecer jamais por um simples motivo: Terias que ser um religioso, um político ou um empresário e isso não está em tuas leis de interferência nos destinos do mundo. Isso é o que fazem as tuas leis. Por isso não adianta pedir para não chover porque queremos ir à praia, quando tantos agricultores precisam de chuva em suas culturas, e por mais que rezemos, nem os que vão à praia têm tempo seco, nem os agricultores têm chuva. A criança inocente morre nos braços da mãe ou do pai, o justo é assaltado e morto.

Uma coisa é nos sentirmos confortavelmente pensando em Deus e orando-lhe. Esse sentimento de nos sentirmos “protegidos” é como o dos soldados a quem os chefes lhes dão drogas alucinantes e os fazem gritar “no meu corpo não entra bala...” O sentimento de proteção e a promessa de uma vida melhor no além é atrativo para o relaxamento do nosso estado de atenção, e permitir que nos explorem pela fé. Milagres e mágicas são coisas nossas, não de Deus, o Único, o que não se vê, não fala e parece que não nos ouve, como se estivesse morto ou nunca tivesse existido. Deus não se mostra a si mesmo. Nem seu nome pode ser dito em vão. O que sabemos é que Ele sabe de tudo porque está em tudo.

Tão pequeno e tão grande! Tão minúsculo e tão forte!

Perguntem a um islamita como é deus. E a um judeu, e a um cristão e a um evangélico, a um budista ou a um hinduísta, a um taxista, confuncionista, umbandista, a um pajé dos Sioux, a um nórdico de Thor... Perguntem a bilhões de fiéis alguns até de mesma fé e escutem as respostas: Acreditam no que não sabem, apenas por fé. Disseram um dia que quem tivesse fé estaria salvo. Salvo de quê, se por fé se pode acreditar até em demônios, em zebras, vacas, mulheres de sete pares de braços, pitonisas, lares e penates, todo o tipo de deuses?

Deus!... Não vejo como lhes explicar como tu és porque nem mesmo eu te vi, mas posso afirmar-lhes que és muito maior, muito melhor, muito tudo de bom do que eles pensam, mas que tu mesmo disseste em tuas leis, que tuas leis são suficientes para gerir este Universo e que não nomeaste ninguém para agir ou falar em teu nome. Tu não falas!

Também sei que não adianta falar-lhes por que não me têm em conta de teu representante nem o sou. Os que dizem que estão investidos para falar em teu nome, nem foram ungidos, nem sabem qual o óleo, nem o que dizem, o que é muito pior.

Se um dia apareceres, no que não acredito porque não feres tuas próprias leis, eles ficarão abismados com o teu poder. Mas não é poder para torná-los ricos, imunes a doenças, afastá-los do perigo. Isso cada um é que faz através de suas escolhas na vida. Mas nem disso eles sabem.

E para que saberem se as surpresas, boas ou más desta vida são o motor que nos faz evoluir e progredir para manter as surpresas boas e arranjar solução para as ruins? Se tudo fosse bom e estivesse pronto, não haveria motivação para continuarmos a viver. São os insucessos que nos fazem estudar as coisas deste mundo para buscarmos solução... Tudo o que nos aconteça é por nossos atos, não teus! Fazemos parte de uma precária e temporal era da natureza deste planeta. Assim como chegamos, nos iremos, mas desta feita bem de repente, porque tudo o que se constrói demora muito tempo e tudo o que se destrói é num ápice!

E se passará uma eternidade até que tenhamos a solução final, assim como a Teoria do Tudo... Tchau Pai, até a próxima carta sem retorno do correio. Sei tanto que estás aí, aqui, em toda a parte, como sei que não me responderás a esta nem a nenhuma. Portanto, se só me escutares, ficarei satisfeito!


® Rui Rodrigues.   

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