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domingo, 7 de dezembro de 2014

Claro que podemos ver o passado. O problema é ir até lá.


Claro que podemos ver o passado. O problema é ir até lá.



Já ouvimos falar no Telescópio Huble, levado até o espaço exterior ao nosso planeta para evitar o problema de interferências, como ventos, chuvas, nuvens, etc. Ele foi desenvolvido para perscrutar o Cosmos até onde suas características o permitirem. Estabelecido numa órbita estacionária, ele assesta suas lentes para a profundeza do nosso Universo. Um número incomensurável de novas galáxias for descoberto. As mais próximas estão a alguns anos luz, as mais distantes a milhões, bilhões de anos luz. Parecem-nos minúsculas, mas tal como as estrelas que vemos a olho nu que também nos parecem minúsculas são enormes. Algumas bem maiores do que as nossas. São as deficiências atuais em nossos meios de visualizá-las que não permite vê-las em tamanho real, ou pelo menos uma aproximação que nos permitisse ver mais detalhes, ampliar as imagens até um grau satisfatório.



Para quem não está habituado com as leis da Ótica pode pensar que é o telescópio que envia raios de luz para iluminar essas galáxias. Se assim fosse jamais as veríamos, o céu que vemos seria completamente escuro. É a luz delas que viajou até nós e o fez ao longo de milhões, bilhões de anos. Essa luz é “daquele” tempo. Ela viaja – viaja mesmo – a uma velocidade de cerca de 300.000 quilômetros por segundo. As distâncias no espaço, de tão grandes, são medidas em “anos-luz”. Se quisermos saber a quantos quilômetros corresponde cada ano luz, temos que multiplicar os 300.000 quilômetros percorridos num segundo e multiplicá-lo por tantos segundos quantos tem um ano e depois pelo total de anos. São números que beiram o “infinito” de tão grandes. Alfa de Centauro, por exemplo, está a cerca de 4 anos-luz. Então para sabermos a quantos quilômetros se encontra de nós, fazemos a seguinte conta aproximada: 300.000 (km/s) x 60 segundos x 60 minutos x 24 horas x 365 dias x 4 (anos luz) = 37. 843.200.000.000 quilômetros. À velocidade da luz, chegaríamos lá em apenas 4 anos, mas não se pode viajar a essa velocidade. É proibido pelas leis do Universo. À velocidade de um trem europeu, que viaja a 500 km/h, levaríamos 75.686.400.000 horas, ou 8.640.000 anos. Só para termos uma idéia do tempo que levaria num foguete que viaja a cerca de 40.000 km/h, levaríamos 108.000 anos. O homo Sapiens existe há cerca de 160.000 anos apenas.



Muito bem... Agora voltemos ao nosso Huble do qual estávamos falando e imaginemos um ainda mais eficiente que permitisse maior ângulo de aproximação, de forma que pudéssemos ver os planetas em detalhe, sua superfície, saber se são áridos como Marte e Lua ou povoados com vida como a nossa querida e amada Terra. Mas façamos melhor ainda. Deixemos esse novo Huble melhorado assestado 24 horas por dia sobre um planeta remoto onde tivéssemos detectado vida. Acompanhemos o senhor “fulano” durante alguns anos. Veremos como vive, o que faz, árvores sendo cortadas para construírem estradas, as idas e vindas constantes do senhor fulano saindo de casa pela manhã, indo para o trabalho, voltando para o seu lar, e até vir a falecer. Para o senhor fulano, o mundo teria acabado naquele instante, mas isso teria sido há milhões de anos de distância, e distância no espaço, significa tempo. Significa também que esse planeta estará neste instante em que o observamos, diferente, porque o que vemos está num passado muito longínquo, e para nossos padrões e estágio de avanço tecnológico completamente inacessível. Vemos o passado. Mas o fato é que para nós, o passado pode ser visível. Podemos aprender com ele se conseguirmos observá-lo de forma adequada. Mas há mais um detalhe de entre outros que vale a pena mencionar: Não veríamos nada em tamanho “natural” do que hoje é, porque desde o Big-Bang que nosso universo infla em função exponencial. Nós mesmos, nosso planeta, a Lua, o Sol, tudo o que vemos, infla, porque é o espaço-tempo que impregna o Universo e tudo o que ele contém, que infla. Não percebemos porque como tudo infla, as dimensões relativas se mantêm a nossos “deficientes” olhos.

Temos então três certezas: A primeira, que podemos ver o passado, preservado, porque sua luz chega até nós. A segunda, é que não podemos ver o futuro porque não pode emitir luz em nossa direção (Nosso espaço-tempo ainda não chegou lá),  e a terceira, é que alguém do futuro poderá ver um dia como éramos, o que fazíamos, como tratamos nosso planeta.Nós não podemos "ver" o nosso passado agora. 
E há um questionamento religioso: O futuro ainda não existe, o que é demasiado óbvio. Estará Deus num futuro que ainda não existe, neste exato momento?

Mas tenho fortes suspeitas que passado, presente e futuro coexistem neste exato momento. 


® Rui Rodrigues

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