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domingo, 29 de maio de 2016

O meu amigo Urso.


Não entendo uma porção de coisas deste mundo. Para terem uma idéia do que desconheço, teria que fazer uma lista enorme, praticamente sem fim. Uma lista consideravelmente bem menor poderia mostrar-lhes o que consegui conhecer dele, em cerca de 71 anos de vida, mas também seria maçante. Então, nem por vergonha de minha falta de conhecimento, nem por vaidade do que conheço, lhes mostrarei as duas listas, mas para que vejam a diferença, falar-lhes-ei do meu mais recente amigo, o Urso, principalmente para lhes mostrar algumas vantagens de nos conhecermos e nos darmos a conhecer uns aos outros sem nos preocuparmos em saber se sabemos muito ou pouco do mundo que nos rodeia.

O Urso nunca tinha visto na minha vida, exceto duas vezes em que visitei uma amiga no Peró, em Cabo Frio, e digo que “nunca” o tinha visto porque realmente nunca lhe prestara atenção. Para mim, Urso não existia. Foi quando o vi pela terceira vez que nós dois nos prestamos atenção mútua. Talvez porque adoeci, e quem sabe, os sentimentos vieram à tona, exsudaram da própria pele, e acionaram os cinco sentidos. Urso tem tantos sentidos quanto eu, e quando sangramos temos o sangue vermelho. De vez em quando cuspimos quando falamos e somos meio peludos, ele bem mais que eu. Na verdade Urso é completamente peludo, preto, e tem uns olhos caramelados, que, se eu os tivesse assim, teria todas as mulheres do mundo me rodeando… Ah… O nosso primeiro encontro “consciente”, aquele em que realmente nos demos a conhecer, foi no dia 03 de maio de 2016. Ele quis pular no meu peito, eu não deixei, dei-lhe dois berros, ele insistiu, então pus a minha mão sobre a cabeça dele e não o deixei levantar a cabeça. E disse-lhe: Quieto... Senta! Quando sentou e ficou quieto, dei-lhe um afago. Foi mais ou menos assim que ele aprendeu. Agora senta, me dá a pata, fica sentado no posto médico ou na porta do supermercado até que eu saia, me acompanha até o ponto do ônibus… As pessoas nos olham no meio da rua e nos acham simpáticos. Somos uma boa dupla.

De onde veio esse companheirismo?
Não sei…

Sei que os cães descendem de lobos que optaram por dividir presas com os humanos, protegendo-os em troca. Depois os humanos selecionaram esses animais de forma a prepará-los para tarefas específicas. Isso ao longo de milhares, milhões de anos, produziu o meu amigo Urso, com uma carga genética altamente especializada. Urso gostou de mim, e eu gostei dele. Possivelmente houve uma troca de feromonas que ambos identificamos. Talvez olhares trocados tenham feito transparecer confiança mútua. Talvez os afagos, ou quem sabe uns restos de comida para além da ração…

Ficamos amigos!… Somos amigos!

Mas não tenho a mínima idéia de qual gatilho foi disparado o primeiro sentimento de aproximação, se de minha parte ou do meu amigo Urso, sempre sorridente comigo,exceto quando fica ganindo, triste, porque não pode estar junto a mim...


® Rui Rodrigues   

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