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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Quem são eles? - Um ensaio sobre Snowden e Assange.




1.  Simpatias e repulsas

Nós, humanos, somos seres dotados de uma inteligência estranha. Normalmente nos guiamos por atos imediatos para nos classificarmos uns aos outros, e, alem disso, de nos adjetivarmos, ora guiados pelo raciocínio ora pelo instinto. Em função disso nos apoiamos uns aos outros, ou nos rejeitamos. Nações, religiões, clubes esportivos, instituições, são grupos de linhas de pensamento ou de simpatia que tanto nos podem separar quanto unir. Nós somos todos assim, com maior ou menor ambição, maior ou menor capacidade, maior ou menor fé. E somos competitivos. Todos gostamos de ganhar, e mesmo quando isso não interessa, ninguém gosta de perder. Porém, nada mais nos separa ou une mais do que a “guerra” ou a hipótese de que possa vir a acontecer. Nosso problema, como nação, é que raramente sabemos onde pode começar uma. Nosso temor por guerras é de tal ordem que mesmo com a verdade á frente de nossos olhos, sempre tentamos evitá-las. A mais triste notícia histórica que temos desta demora em tomar atitudes, aconteceu alguns anos antes de Hitler tomar o poder – até de forma democrática – na Alemanha. Nossa esperança de evitar uma guerra se estendeu até 1939, quando Hitler já estava demasiadamente forte. A guerra se tornou cruel, altamente letal, destruidora. Podemos ter certeza que tanto os serviços de inteligência quanto as forças armadas de todas as nações do mundo devem ter jurado que uma guerra assim, da noite para o dia, deflagrada sem aviso prévio, jamais voltaria a acontecer. A Organização das Nações Unidas parece hoje um enorme elefante branco. 
 

2.  Paranóia ou Realidade?

Podemos entrevistar qualquer pessoa na rua, em alguma instituição que não seja das forças armadas ou da inteligência, sobre a possibilidade de uma guerra mundial ou de ataque a grande potência, que a resposta será negativa. Quando muito, como já houve muitas, dirão que é possível, mas se perguntarmos: - Acredita realmente que estejamos na eminência de uma? – Dirão que não! Ninguém acredita numa terceira guerra mundial nos tempos modernos. Que países devem temê-la? As que têm grandes territórios e grandes economias e as que são medianas. As demais podem alegar sempre a neutralidade até serem eventualmente invadidas. Mas, a ser possível, que nações as poderiam deflagrar?
Uma guerra mundial somente poderia ser deflagrada nos dias atuais por nações com armas atômicas dirigidas por algum presidente ou rei, ou chefe supremo das forças armadas que fosse suficientemente desequilibrado para fazê-lo, e temos alguns candidatos. Há que descartar, porém, os que usam a “bazofia” para conseguir uma ou outra pequena vantagem. Recentemente tivemos o senhor Tsipras que queria uma indenização de guerra da Alemanha para pagar as dívidas do governo da Grécia que não soube gerir as verbas públicas; o senhor Quim II da Coréia do Norte que ameaça sempre em lançar mísseis sobre o mundo ocidental; O senhor Putín que invadiu a Criméia e já andou invadindo a Geórgia; A China costuma ameaçar a respeito de zonas de influência como na disputa de uma ilha com o Japão, mas de modo geral não tem demonstrado a belicosidade russa, nem de longe. E há os grupos extremistas que depois do “Hamas” e da “Al-Qaeda” proliferaram. Seu crescimento tem aumentado depois do 11 de setembro, quando os EUA mostraram uma eventual fragilidade, culminando no atual Estado Islâmico. Afora isso, as disputas se resumem a revoluções internas, ou a um ou outro país sem projeção mundial. Mas o perigo existe. Não é paranóia. É realidade. A humanidade estará sempre em guerra.  


3.  O Rebanho de Hackers.



Como se move um exército, uma flotilha, uma força aérea? Isto é o que todo o general, almirante ou brigadeiro gostaria de conhecer antes de uma batalha com força inimiga: Quantas unidades e de que tipo, qual o poderio de fogo, a velocidade de deslocamento, e o moral das tropas. E devem proteger suas próprias forças mantendo-as ocultas da inteligência inimiga tanto quanto puderem. Por outro lado forças que não se comunicarem não se desenvolvem bem, a contento como programado, no terreno, no mar ou nos ares. E a velocidade de informação é fundamental para rever táticas e movimentos. 
Foi assim que nos primeiros tempos de guerra as mensagens viajavam a cavalo, depois com pombos correio, mais tarde ainda com radares e agora com satélites de informação. E há os códigos que não deveriam ser decifrados, mas que são porque para todo o veneno tem que ser descoberto o antídoto. Aconteceu com a máquina "enigma" alemã que codificava mensagens. Uns dizem que foi o inglês Alan Turing quem conseguiu descodificá-la, outros que foi no Central polonesa de deciframento, a "Polish Cipher Bureau". Como descobrir o que se tenta encobrir e manter em segredo? É aí que entram os espiões de campo, e os espiões de gabinete, estes sentados em frente a enormes computadores decifrando mensagens dos “inimigos” em potencial, aprimorando os próprios códigos de informação. Entre estes, estão os Hackers que se infiltram em programas, empresas, segredos de Estado.



4.  Snowden e Assange – Mocinhos ou parte de um esquema?


Bin Laden que dizem ter fundado a Al-Qaeda, fugiu, escondeu-se por um bom tempo. Foi apanhado, se é que existiu mesmo (parece que sim) e executado. 
Com tantos satélites dotados de câmaras potentíssimas acima de nossas cabeças poderíamos dizer que não há lugar onde alguém se possa esconder por muito tempo neste mundo. Dizem que vivia pacatamente como se ninguém o conhecesse de frente para uma construção militar no Paquistão, no meio de seus inimigos. Estaria sendo protegido, o homem das fotos não era o verdadeiro terrorista? ou realmente ninguém o percebeu? Não importa. O que importa é que, real ou ficticiamente, Bin Laden já não existe. Assange e Snowden existem. Não andam por aí escondidos onde ninguém os pode ver. Edward Snowden vive na Rússia, Julian Assange vive na Embaixada do Equador em Londres como se vivesse numa exígua estação espacial transformada em asilo político.


Assange, um australiano, com dupla nacionalidade na Suécia, foi acusado de estupro e abuso sexual na Suécia. Assange nega. Não é esse o ponto deste artigo. É o fundador do Wikileaks, uma organização que coleta informações e as divulga. Estas informações estão relacionadas com corrupção e abusos de poder. Ele se julga a si mesmo como libertário.
Snowden está na mesma linha de Assange. Trabalhou para a CIA e a NSA americanas e denunciou a vigilância americana sobre comunicações pessoais ao redor do globo.


Tanto Assange quanto Snowden aparentam ser “pessoas não gratas” aos governos ocidentais, mas têm atualmente liberdade para agir. Se apanhados terão prisão perpetua ao que tudo indica. Mas porque não são apanhados?
Provavelmente porque “servem” ao sistema de forma direta, como membros de alguma organização  agindo a mando, ou de forma indireta, sem ligações, porque os seus serviços atendem “necessidades”. Tanto podem apanhar gente das próprias fileiras, como oficiais, espiões, contra-espiões, corruptos do ou com o governo, ou gente estranha, como pessoal do Estado Islâmico, Boko-Haram, e outros.

Mata-Hari, Eli Cohen, Kim Philby, Juan Pujol, Valerie Plame, Josephine Baker, Virginia Hall, Klaus Fuchs, Robert Philip Hanssen, Dussan Popov, famosos espiões do passado, se vivessem hoje e fossem experts em computadores, talvez não prestassem o serviço que Assange e Snowden já prestaram. E quem pode jurar que estes dois não sejam elementos “perseguidos” para serem bem aceitos pelo “inimigo”, ou por quem possa delatar inimigos?

® Rui Rodrigues  
      

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