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domingo, 13 de abril de 2014

Desvendado o caso do vôo Malaysia MH-370

Desvendado o caso do vôo Malaysia MH-370


“Ziru-Ziru-Eit” [1] é um agente triplo que trabalhou para o M-16 britânico, a CIA americana e a  Bu Guojia Anquan (ou Guoanbu) da China (中华人民共和国国家安全部中華人民共和國國家安全部). Cidadão nascido no território especial chinês de Macau, nos tempos do mandato português, quando se aposentou pegou em suas tralhas e veio para o Brasil. Ficou esquecido até que foi requisitado pela CIA por três motivos: Sua experiência, seus olhos puxados e a cor amarelada de sua pele que facilitavam sua penetração em países orientais e o previsto desaparecimento de um avião comercial em circunstâncias muito estranhas: O vôo MH-370 da Malaysia Air Lines.

  1. Espião de olhos amendoados interrompe coito – 28 de fevereiro 2014
Ziru-Ziru-Eit, ou melhor, Ziruziru, é um espião mais de origem britânica por força do trabalho (viveu muito tempo em Hong-Kong) do que portuguesa (nasceu em Macau), estava transando com uma chilena gostosa que conhecera em Búzios, quando o seu celular – cedido pela CIA caso viesse a ser necessário - tocou. Gritou um “puta que o paliu” sonoro, desmontou da chilena e foi atender enquanto a moça de coito interrompido acabava o processo de prazer manualmente, gritando extasiada: - No te pares... Hijoeputa... Hijoeputa...
Escutou atentamente o que lhe diziam do outro lado da linha. Ia aquiescendo com a cabeça como se tivesse alguém a seu lado atento e precisasse demonstrar-lhe sua aquiescência. Tinha uma memória sensacional como todo e qualquer espião digno do nome, de forma que nem precisou anotar nada do que lhe diziam. Terminada a ligação, dirigiu-se ao banheiro, lavou o saco no bidê, apanhou a sua mochila-kit – tinha várias todas sempre prontas para viajar – vestiu uma roupa leve e saiu batendo a porta depois de gritar para a moça quase desmaiada sobre a cama: - Eu te ligo logo que puder. É uma emergência.

Antes de bater a porta tirou um pequeno aviãozinho de papel de um compartimento externo da mochila – um origami - atirou-o na direção da cama onde estava a moça e saiu definitivamente. Cada mochila tinha um aviãozinho de cortesia sempre preparado para as suas saídas às pressas, um velho hábito de cortesia. A moça pegou o aviãozinho, viu que tinha um texto escrito e leu:
- Tive que sair às pressas. Voltarei em breve para você. Aguarde-me e me desculpe sempre que pensar em mim até minha volta.


  1. Algures na fronteira do Irã com a Ossétia do Sul – 01 de março de 2014
Noite escura e fria em céu enevoado que escondia a Lua. Primeiro desceu do céu, numa clareira da floresta, um helicóptero russo. Menos de dois minutos depois desceu e pousou um iraniano. De cada um dos dois helicópteros desceu apenas um homem que se dirigiram um em direção ao outro. Apertaram-se as mãos. Um raio de Lua que conseguiu furar o bloqueio de nuvens iluminou por segundos os dois homens: Dmitri Medvedev e Mahmoud Hahmadinejad. Era um encontro  sigiloso, importantíssimo. Ninguém sabia do encontro nem mesmo os pilotos, de total confiança dos serviços secretos das duas nações. A partir de certo ponto ainda dentro das respectivas fronteiras os dois helicópteros tinham sido dirigidos automaticamente através de GPS.  Essa era uma das funções dos satélites  estáticos russos. Mas lá em cima não havia apenas satélites russos. Muitos deles eram americanos. Pelo menos um era e estava assestado para aquela clareira.
Após uma conversa que não demorou mais do que dez minutos os dois se despediram e os helicópteros alçaram vôo retornando a seus territórios.
- Ai!... Cruz credo...De quem é este cachorro? – perguntou Medvedev, o corpo todo retesado, levantando o joelho esquerdo para cima do direito sobre o assento e levando as mãos para junto ao peito num gesto de nítida repulsa.
- Não é meu, disse o piloto. – pensei que fosse de Vossa Excelência, disse o segurança. 
Chegaram à conclusão de que o cachorro deveria ser selvagem daquela região, e entrara no helicóptero enquanto aguardavam o Hahmadinejad. Não viram problema nisso e resolveram largá-lo em Moscou quando chegassem lá.
Em menos de um minuto o Coronel Rinty (o cachorro era treinado pelo exército americano para cativar desconhecidos e tinha aparelhos eletrônicos de escuta e vídeo implantados. Fazia parte da operação de espionagem “Snowthen”). Mas a bordo começou uma grande amizade entre o São Bernardo, coronel Rinty, e Medvedev, a segunda estrela maior do kremlin depois de Putin, o presidente.


  1. Palácio do Kremlin, 01 de março de 2014.

Em sua enorme mesa envernizada sem qualquer documento para despacho, ornamentada apenas com o brilho do verniz e uns bricabraques de arte proletária russa – umas bonequinhas de encaixar umas dentro das outras – Putin, o presidente russo levantava e abaixava freneticamente o calcanhar direito para cima e para baixo como se movido por motor elétrico. Estava impaciente. Levantou-se, descalçou um sapato, tirou a meia, sentou-se no chão e começava a roer a unha do dedão do pé quando pelo interfone ouviu a comunicação da portaria: - O camarada Medvedev  chegou, camarada Putin.
Finalmente! Desabafou para si mesmo um Putin agora bem mais alegre. Voltou a vestir a meia mesmo pelo avesso, calçou o sapato que agora parecia mais apertado, passou a mão pelos cabelos olhando para um espelho imaginário e dirigiu-se à geladeira disfarçada de estante no fundo da sala. Quando Medvedev entrou, ele já estava com dois copos de vodka na mão. 
-Ele não é uma gracinha? Perguntou Medvedev enquanto soltava um cachorro preto enorme, um São Bernardo peludo.
Putin não teve tempo de responder. O cachorro atirou-se ao peito do presidente e o lambeu no rosto.
- Que porra de cachorro é esse, Med? Perguntou Putin.
- Encontrei-o na clareira ontem à noite quando me encontrei com o Mahmoud. Estava meio perdido na floresta e entrou no helicóptero. Foi amor à primeira vista. Ele não é uma gracinha, Putin?
- Depois vejo isso. Agora vamos a uma vodka e falar sobre o que interessa. Ele tem pulgas?
- Não... Só umas verruguinhas minúsculas sem importância. Mas deixa-te contar do encontro com o iraniano... Vai ser dia 07 de março deste ano. A operação foi elaborada para o 11 de setembro, mas substituída pela dos aviões que derrubaram as torres gêmeas, que foi muito mais eficaz. Agora foi implementada logo que os ucranianos se revoltaram contra a adesão à Rússia por prevenção. Como você mesmo disse, ou foi o Snowden, não me lembro, é bom ter sempre uns planos prontos em caso de necessidade.
- E como vai ser o plano? Perguntou Putin enquanto se servia de outra vodka e oferecia mais um copo a Medvedev.
- Mahmoud não deu a informação completa para não o comentarmos com ninguém, por segurança Pediu para ficarmos atentos ás comunicações malaias e chinesas. Isso é bom para nós para distrair as atenções da Ucrânia...
- Qual é o grau de certeza de sucesso? Putin estava preocupado, uma das raras vezes em que franziu o cenho em toda a sua vida.
- Cem por cento. Desastre aéreo, um só sobrevivente que já recebeu uma boa grana no Irã e que ao saltar de pára-quedas no meio do oceano índico será recolhido por um barco de pesca. Se a operação tiver dado errada, recolhem o sobrevivente e dão-lhe uns tratos adequados para sabermos onde se errou. Se a operação der certa, deixam o cara se afogar no oceano e vão pescar. Simples, né?
Ah... E não vão encontrar facilmente os restos do avião...
E Medvedev entornou a vodka de um trago só.

- Parabéns, meu amigo!... Ficaremos então atentos (disse Putin). Amanhã trataremos da crise da Ucrânia como ela merece. O mundo ficará dividido entre acompanhar a crise e o desastre aéreo. Beijinho para despedir...
E os dois se beijaram ao modo russo mais íntimo, na boca com direito a um linguado.   
- Aquilo é uma ereção? Perguntou Putin a Medvedev, apontando para o pênis do São Bernardo... É grande!
- É...- Respondeu Medvedev – nos divertimos bastante durante o vôo de helicóptero ontem à noite. Você vai gostar, prometo!

E Medvedev saiu da sala com o andar bamboleante digno de uma Marilyn Monroe em seus dias de maior glória.

  1. Pentágono, EUA, 01 de março de 2014.
Uma sala enorme cheia de computadores telas de TV, mesas, gente trabalhando, mapas do planeta, comando de satélites, celulares, tinha sido montada para a “operação Snowthen” que visava a detecção de ações e de problemas envolvendo territórios, fronteiras e países de influência russa, o que compreendia países como a China, Malásia, Irã, Vietnam, Síria, Paquistão, dentre outros, e até  Brasil Cuba e Venezuela na América latina.
O coronel Tankersley começou a rir de forma quase incontrolável. Ele costumava ser muito sério, mas daquela vez não agüentou. Logo que se recompôs, sob os olhares admirados do pessoal da sala, pegou o telefone vermelho. Do outro lado, o presidente Barak Obama atendeu.
- Sim, coronel... Novidades? 
- Sim, senhor presidente... O coronel Rinty foi adotado...
- Desculpe, coronel Tankersley... Quem é o coronel Rinty?
- Bem, senhor presidente, eu comando a operação Snowthen, senhor, e combinamos um código... “Au-au”, lembra?
- Ah... Sim... Quer dizer que está atuando... E o que descobriram?
- Vou mostrar-lhe, senhor presidente, Via WEB. Por favor, ligue o seu computador. Aguardarei na linha até que me dispense, senhor... Mas saiba também que nosso agente especial está em campo, senhor.
- Certo... Espere... Já está... Estou vendo os dois... E... O coronel Rinty está com eles... Incrível... (E Barak Obama caiu na gargalhada...)
- Está dispensado, coronel Tankersley... Já desconfiava, mas não sabia que os dois se amavam tanto... Excelente trabalho, coronel... Um beijo pra você!  (e desligou rindo). Um coronel repentinamente sisudo remoeu meia dúzia de “fuck, fuck, fuck” enquanto teclava em ritmo alucinante em seu computador.  Esquecera de dizer ao presidente que o parlamento Russo autorizara Putin ao uso da força na Crimeia naquele mesmo dia. Estava lhe mandando um relatório sucinto, de uma página, para corrigir o esquecimento. Ficariam atentos ao dia 07 de março de 2014, mais especificamente na Malásia e na rota do vôo MH-370.

  1. Em um bairro de Kuala Lumpur, dia 02 de março de 2014.

Antigamente espiões tinham que fazer todo o trabalho no campo de operações. Agora eram simplesmente “uns braços humanos” do sistema. Tudo era feito nas agências de espionagem e os dados transmitidos por comunicação segura para o teatro de operações. Por isso a importância de Snowden, um agente americano que desertara de seu posto nos EUA e estava agora na Rússia, foragido. Ele sabia tudo sobre espionagem no éter dos bits que corriam em código pelas ondas das estações de transmissão de sinal para a Internet e outros “centros” secretos de comunicação política e militar. Até os celulares da ministra do Estado Alemão, Ângela Merkel tinha sido invadido, assim como membros do próprio senado americano. Snowden tinha um amigo colorido no Brasil e não era à toa. O Brasil é um país de largo uso da Internet, com acesso fácil, enorme volume de bits em circulação, uma dor de cabeça para o governo que quer reprimir a população impedindo-a de falar o que quer por essas vias de comunicação. Usaram Snowden e sua espionagem para votarem no senado uma lei para impedir e limitar a comunicação.

Ziruziru já em Kuala Lumpur, num hotel de terceira classe, sentiu vibrar o celular que tinha comprado ainda no aeroporto. Apertou a tecla para ligá-lo e viu na tela o aviso de um e-mail cujo emissor já conhecia. Acessou o e-mail. Imediatamente um programa foi descarregado em segundos. Seu celular agora era uma linha de bits impenetrável. Ninguém mais em lugar nenhum do mundo poderia interferir nessa “linha” de comunicação entre ele e o Pentágono. Desligou o celular e subiu para o seu quarto. Lá voltou a ligá-lo. O primeiro documento era uma lista de passageiros do vôo Malaysia MH-370 que partiria de Kuala Lumpur para Pequim na tarde do dia 07 de março ás 16:40.Na lista parcial, e do que lhe chamava a atenção, já confirmados, constavam três americanos (ele era um deles), dois canadenses e seis australianos que bem podiam ser também “americanos” com passaporte facilitado politicamente para efeitos de espionagem, um russo e dois ucranianos. O resto não lhe chamou a atenção. A maioria era chinesa. A lista definitiva ele saberia logo que se sentasse em sua cadeira de primeira classe, instantes depois da partida. No entanto algo lhe chamou a atenção. Faltavam os iranianos, como o Pentágono avisara para que ficasse atento, já que a operação era iraniana. Ziruziru tinha certeza absoluta que eles apareceriam no ultimo instante. Voltou a ligar o celular para ter certeza de que nenhum detalhe lhe passara, mas a mensagem havia desaparecido como que por encanto. Tinha que ficar muito mais atento da próxima vez que recebesse uma mensagem.

  1. A situação se complica na Ucrânia. 06 de março de 2014.

Na Crimeia as coisas corriam ao agrado de Putin. Durante meses forçara o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych a trazê-la de volta para a esfera de influência russa. O povo, pelo contrário, queria que ela fizesse parte da União Européia. A população revoltou-se porque lhe parecia natural que se fizesse um Plebiscito ao melhor estilo democrático. Viktor não tinha a menor intenção disso em seu suntuoso palácio em Kiev. Nem ele nem Putin. Quando em 23 de fevereiro o presidente da Ucrânia foi deposto pelo Parlamento, Putin se preocupou bastante. Tinha que por em prática o plano “B”, bem mais difícil, que chamaria a atenção do mundo livre. Precisava de um terceiro plano que distraísse pelo menos um pouco a opinião pública. Algo de grande impacto emocional: Uma catástrofe!
Sabia que o Irã era um refúgio para os “heróis santos” do Islã, dispostos a morrer por uma boa causa islâmica, e alcançar o paraíso onde sete virgens os esperariam. Putin mandou então tropas para a fronteira da Crimeia, a primeira e mais importante parte a ser tomada da Ucrânia. Seu projeto maior era trazer para a esfera russa toda a Ucrânia, mas o destino obrigava a que a tomasse por partes. Hoje, dia 06 de março, o Conselho Supremo da Crimeia votou e aprovou sua anexação à Rússia.
Dias negros pela frente, pensou Putin, e o disse a seu amigo Medvedev que brincava na sala com o São Bernardo, deixando a mão escorregar de vez em quando pelos órgãos sexuais avantajados do animal que ficava todo excitado.
- Nós os pressionamos com o gás da Sibéria, Putin!
- Claro que sim... A Europa não têm como se abastecer de gás em outras fontes. Pelo menos num período próximo. Acho que vamos empurrar a Europa para abrir mais poços de gás, e extrair gás de xisto. Até lá tomamos conta da Ucrânia. Depois volta tudo ao normal.
- Amanhã é o dia. Prepara-te porque o mundo vai desabar em cima da Rússia pela Crimeia, e vamos torcer para não juntarem os fatos com o avião da Malaysia.
- Não importa... Disse Putin... Esta crise vai me reeleger na Rússia. Ou a mim ou a você... Fica tranqüilo. Aprendemos rapidamente como funciona o capitalismo democrático: Somos ricos. Se a coisa pegar por aqui, nos exilamos na Suíça ou no Caribe. Brasil, talvez...
E depois de um longo beijo de amor camarada, os três saíram do Kremlin.
No Pentágono, o coronel ria mais uma vez ás gargalhadas. Do outro lado do computador, Obama e Michele batiam com os pés no chão de tanta dor nas arcadas dentárias e nos músculos de seus cérebros de tanto rir.

  1. O embarque no vôo MH-370 da Malaysia Airlines. Dia 07 de março.
Do dia 02 de março até o entardecer do dia 06, Ziruziru dedicara-se a memorizar as listas de passageiros e os informes da Inteligência do pentágono, e a fazer algumas compras especiais. Recebera via inteligência, em Kuala Lumpur, uma máscara especial para gases, com ampola de oxigênio, que lhe permitiria passar pelo menos uma hora oxigenado. As exigências alfandegárias de verificação de bagagem em Kuala Lumpur eram suaves por que não havia terrorismo por lá. Quando no banheiro do aeroporto, minutos antes de embarcar recebeu uma chamada do Pentágono e conferiu a lista, notou que dois passageiros tinham embarcado com passaportes falsos. Os passaportes tinham sido roubados de dois italianos. As fotos deles estavam no relatório do pentágono. Eram dois iranianos, que finalmente haviam aparecido.
Desde que os localizou na fila de embarque passou a observá-los discretamente. Nenhum deles falou ou olhou para o outro. Não chamavam a atenção. Notou também os outros dois americanos. Provavelmente um deles seria da inteligência americana, mas por questões de segurança nenhum saberia da existência do outro. A medida destinava-se a uma possível falha de algum deles. Se um falhasse, o outro assumiria o seu trabalho. Duzentos e trinta e nove pessoas a bordo, incluindo 12 tripulantes.

Prestou atenção também no comandante, Zaharie Ahmad Shah, de 53 anos e no co-piloto, Fariq Abdul Hamid, de 27 anos que voava pela primeira vez como co-piloto e tendo apenas experiência em cinco outros vôos como “co-piloto de checagem”. Para a inteligência americana nenhum dos dois representava perigo algum. Tirando o restante dos tripulantes e dos passageiros, o principal perigo parecia vir dos dois iranianos. E preparou-se para o pior. Estava ali para isso. Tinha que voltar para sua chilena gostosa, lá no Brasil. Tinha que completar o coito interrompido. Tinha que sair vivo dessa, mas tinha suas dúvidas. Ás 16:41 o Boeing 777-200ER com 53.465 horas de vôo elevou-se nos ares a caminho de Pequim. Ouviu choro de crianças. Eram cinco: três chinesas e duas americanas.



8.      O vôo MH-370 da Malaysia Airlines. Quase uma hora de vôo, 17:30.



Por volta das 17:00, com mais ou menos meia hora de vôo, Ziruziru sabia que algo estava errado: O comandante pelo comunicador pediu educadamente que desligassem qualquer aparelho eletrônico por que “poderiam” interferir no computador de bordo.  Para o treinado Ziruziru, isso era sinal de que já estavam interferindo, porque o avião continuava “inclinado”, subindo sempre e já deveria estar “nivelado” pelo tempo de vôo. Se subisse a uma altitude próxima dos 13.000 metros, isso significava que haveria descompressão e todos morreriam a bordo. E se continuasse subindo isso só significava que ou a cabine de comando havia sido tomada ou que o próprio piloto ou co-piloto haviam programado um vôo “diferente”. Mas como “tomar” a Cabine de comando do Boeing, se ninguém tinha passado pela primeira classe, onde estava sentado, a caminho da cabine do piloto? Se sua hipótese estivesse certa, isso só seria possível se um hacker estivesse a bordo interferindo eletronicamente no computador do avião.Às 17:25 o avião ainda continuava desnivelado


Então Ziruziru resolveu agir. Primeiro consultou seu celular com GPS e verificou a altitude: 11.000 metros. Até aí poderia ser considerada uma altitude normal, embora não fosse comum. Só não poderia continuar subindo mais. Levantou-se e foi até a cozinha do avião na cauda da classe comercial. Os dois iranianos estavam tranqüilos, quase em meditação. Não olhavam fixamente para ninguém. Um deles logo na segunda fila da comercial. O outro a meio da aeronave. Logo em seguida sentiu seus ouvidos - treinados em tantos vôos que já efetuara – começarem a sentir uma leve descompressão. Sua adrenalina subiu repentinamente ao sentir o perigo e voltou rapidamente para a primeira classe. Ao passar pelo iraniano na segunda fila notou que ele tirara uma máscara e se preparava para usá-la. Olhou para trás e viu que o outro se levantava já usando também uma máscara. Não teve dúvidas que eles iriam tomar a cabine de comando onde havia condições de mantê-la pressurizada mesmo que houvesse despressurização no restante da aeronave. Não tinha tempo a perder. Sentou-se em sua poltrona, e tirou sua máscara que colocou discretamente cobrindo-se com o cobertor do avião. Ouviu murmúrios a bordo. Logo em seguida alguns gritos roucos de angústia. Em menos de 15 segundos só haviam mortos no avião exceto ele e os dois iranianos, mas não sabia se havia mais deles ou cúmplices com máscara. 

Quando os dois iranianos chegaram á porta da cabine, Ziruziru sacou sua arma e atirou. Os dois caíram mortos. Atirou na porta da cabine para entrar. Lá dentro, como suspeitava, também haviam morrido o piloto e o co-piloto. Verificou os aparelhos da aeronave. Todos desligados, incluindo o “transponder” [2]. Agora era o único ser vivo a bordo, sem qualquer comunicação possível. Sentou-se confortavelmente na cadeira do piloto e tentou manobrar o avião manualmente. Olhou o relógio. Eram 17:35. Conseguiu manobrar os “flaps” [3] e o avião deu uma guinada para a esquerda baixando a altitude. O avião começou a descer. Poderia voar ainda por umas quatro longas horas, mas o oxigênio de sua máscara não duraria tanto. Nem se ele usasse as máscaras dos dois iranianos mortos.
Com o avião estabilizado, dirigiu-se a seu assento e apanhou sua mochila, na verdade um pára-quedas. Depois foi até o assento onde os iranianos se haviam sentado. Olhou sua bagagem. Nela havia duas pequenas bombas programadas para as 17:40. Ele não tinha mais tempo disponível nem  para desarmar as bombas. Eram duas e poderia falhar numa delas. Calculou que o avião estivesse agora a uns oito mil metros. Voltou à cabine e destravou as portas. Ali mesmo logo na saída do compartimento da primeira classe, abriu a porta devagar e saltou. Um par de minutos depois viu a explosão.Não sobraria nada do voo MH-370.



             9.      Final




O desaparecimento do avião gerou controvérsias de 7 de março até hoje, 13 de abril, porque não se encontraram destroços, e por outros motivos [4]. Sabe-se, entretanto, que a Crimeia passou para o controle russo, e que provavelmente outras partes da Ucrânia cairão sob seu domínio. A União européia e o mundo ocidental aplicam sanções crescentes de efeito sobre a Rússia que depende do gás exportado para a UE. Putin, Medvedev e o coronel Rinty continuam muito amigos e não raro dormem os três na mesma cama. Medvedev continuará tomando seus porres homéricos.O povo chinês continua indignado porque ninguém sabe de nada, coisa a que deveriam estar habituados, mas a empresa de aviação não é chinesa. Então podem reclamar. A caixa preta – que na verdade é amarela - do avião esgotará suas baterias em mais um par de dias e ficará perdida provavelmente para sempre.  Sem avião e sem corpos para serem estraçalhados em morgues para verificação da “causa mortis” ninguém saberá o que aconteceu a menos que as agências de inteligência resolvam abrir o bico.  Sem provas, os mortos serão dados como desaparecidos, e sem atestado de óbito não se pode provar que morreram. Assim, só os netos  poderão receber indenização da companhia aérea se algum dia a obrigarem a isso. Ali pelas bandas de Búzios, no Brasil, uma chilena vive feliz sem coitos interrompidos e toda vez que chega aos céus pelas mãos do competente Ziruziru, grita desesperada como estivesse sendo esfaqueada. Os dois gostam de muita emoção. Ela perguntou-lhe onde tinha ido. Ele disse que ao Uruguai. Deu-lhe de presente um lindo pacote de “Sativa Canabis” puríssima, livremente cultivada por lá. No meio internacional da espionagem, Ziruziru nunca pegou um vôo da Malaysia Airlines. Ele está pensando em escrever um livro de memórias antes que perca a memória definitivamente com a idade. 



 

® Rui Rodrigues





[1] Não confundir com James Bond, o famoso espião britânico, que tinha autorização para matar. Ziru-Ziru-Eit tinha permissão não só para matar como também para dar uns tapas nas vítimas para extrair informação e dentes sãos. 
[2] O transponder é um transmissor de rádio na cabine do piloto, que se comunica através de um radar de solo com o controle de tráfego aéreo, transmitindo dados da aeronave. Evita colisões. É um radar aperfeiçoado.
[3] Placas embutidas (e algumas extensíveis) que funcionam como lemes para aumentar a resistência ao ar, dando sustentabilidade e manobrabilidade  aos aviões.   
[4] Sinais de destroços foram informados por chineses e americanos, mas as buscas não resultaram em nada positivo. Os russos mostraram-se comedidos em dar opinião apesar de seus satélites. Os celulares dos passageiros continuaram dando sinais de operacionalidade apesar de se saber que esse sinal é emitido pela empresa que gera os sinais. A aeronave parece ter-se dissolvido no ar.  

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