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domingo, 9 de março de 2014

A benéfica modorra “patogênica”.

A benéfica modorra “patogênica”.




Modorra é aquela preguiça que todos nós conhecemos, é a vontade de “descansar” o raciocínio, de dar uma pausa, um tempo, o ato de pensar por vezes é tão difícil que gera ansiedades, dá ânsias de vômito, crianças fogem da escola, gente estressada grita gesticula e xinga porque não quer “discutir a relação”. E quando se trata de ter que entrar por um raciocínio com visão tridimensional, então isso já não é para qualquer um ou uma: É necessário um desenvolvimento de sinapses de tal ordem que apenas uma pequena porcentagem de alunos de engenharia consegue terminar o curso no tempo previsto de quatro a cinco anos. Nossa humanidade, nossa constituição física e mental não é de um “deus”. Para sobreviver somos obrigados a evoluir e só evoluímos mentalmente descoberta a descoberta. É-nos impossível dar “saltos” no conhecimento. Sofremos de preguiça mental hereditária. Por isso se hoje houvesse uma catástrofe meteórica, mesmo que tivéssemos um prazo de 10 anos para nos safarmos deste planeta, talvez ninguém escapasse. Não tivemos tempo “ainda” de processar nossos neurônios de forma a podermos transformar em técnica acessível a todos os nossos conhecimentos já adquiridos. Gastamos nossas disponibilidades em muitas outras atividades e com equipamentos que vamos classificando como “prioritários”. Mas até na classificação temos que evoluir. Há indícios de que estamos no caminho errado.

Parece que temos evoluído mais ou menos assim:



Não podemos “adivinhar” o que desconhecemos. O que podemos e temos feito é seguir uma sequência lógica que nos permite evoluir ao longo de descobertas. Quando se descobriu o uso da roda há cerca de 10.000 anos atrás, não poderíamos imaginar sequer a possibilidade da construção de um motor de automóvel, e muito menos imaginar este tipo de veículo. O máximo que pudemos imaginar foi um profeta sendo levado aos céus por uma carruagem de fogo que podia voar graças á intervenção divina, coisa que os romanos também fizeram em terras do Oriente Médio onde existia um templo em que um “deus” de cobre dirigindo uma carruagem era elevado aos céus através de uma engrenagem hidráulica. No lusco fusco do templo, os fiéis enganados se admiravam de como um deus estátua conseguia subir aos céus. Por isso a roda foi sendo utilizada passo a passo em veículos de guerra atrelados a cavalos, em rodas de arado, em carroças de transporte, em manivelas hidráulicas, em mós de moinhos, acoplada ao leme de embarcações à vela para controlar os rumos.

Ficamos séculos olhando o vapor saindo de panelas, até que se descobrisse o uso do vapor para mover objetos. Daí à invenção de uma caixa com rodas movida a vapor a que chamamos de locomotiva, já não demorou tanto. Parece que o conhecimento é uma intrincada “malha de descobertas” [i] ocasionais ou mentalmente elaboradas com raciocínio e cálculos de tal forma complicada que nos dificulta a evolução do conhecimento.  Assim como se fosse um enorme fluxograma. Mas então descobrimos o lado bom dessa benéfica modorra patogênica: Se soubéssemos tudo sobre o Universo e seus mistérios, o que estaríamos fazendo aqui? Em férias? Pois que é perfeitamente viável que nossa lentidão e preguiça mental se destinem a dar-nos uma boa razão para vivermos: Trabalhar na construção de nossa própria sobrevivência como espécie. Sabemos hoje que se não trabalharmos com afinco, qualquer meteoro desgarrado que tenha uns cinco quilômetros de diâmetro médio pode acabar com a vida na Terra tal como a conhecemos. Sabemos também que por duas vezes isso já aconteceu por aqui, e que novas espécies tomaram conta de nosso planeta e a herdaram.


Herdamos a terra. É agora a nossa vez, e para sobrevivermos temos que evoluir muito e muito mais. Paradoxalmente parece que evoluímos em todos os ramos da ciência, sempre bem devagar, exceto em um deles que nos pode ser fatal, e neste estamos absolutamente parados no tempo. Não evoluímos absolutamente nada. Zero em evolução desde os primórdios de nossa existência há cerca de 4,5 milhões de anos.

A convivência pacífica.



Naqueles tempos uma guerra entre grupos poderia eliminar a existência de um deles e acabar com sua transmissão de genes. Certamente perdemos muita carga genética e criamos uma cultura de sobrevivência do mais forte, o que tivesse maiores e melhores exércitos, mais força, mais inventiva para a descoberta de máquinas de guerra. Não mudamos absolutamente nada. Neste ponto, tanto homens quanto mulheres somos culpados. Mães sempre ensinaram os filhos a serem como os pais enquanto estes estavam ausentes na caça, na coleta de frutos e vegetais ou no trabalho da vida moderna, e as filhas iguais a elas para “servir” a família. Parte de nosso comportamento foi escrito por homens que se arvoraram em “tradutores” das palavras divinas de deuses que inventaram ou deficientemente descobriram [ii]. Não é de admirar que tenhamos sido nós, os homens a escrever tais livros, porque as mulheres eram fracas e estavam dominadas pelos homens. Começamos muito mal nossa “civilização”, ao darmos prioridade à força e não a dosarmos com a ponderação feminina.

O fato é que chegamos ao século XXI em meio a guerras, perigo de detonação de artefatos nucleares, repúblicas dominadas por presidentes que podem declarar guerra impunemente porque são os “chefes das forças armadas”... Já vimos muitos loucos na história deste planeta que declararam guerras e as perderam por completo como Napoleão, Hitler, por exemplo, e agora Putin da Rússia que invadiu a península da Crimeia que pertence à Ucrânia. Chegamos a ter a sensação que existe um gene muito especial em nossa humanidade destinado ao suicídio coletivo.



Precisamos descobri-lo e eliminá-lo. Seria uma pena exterminar uma humanidade tão simpática, alegre, evolutiva, que demonstra laivos de inteligência divina. Podemos até pensar que quanto menos evoluímos mais tempo durará a nossa existência como humanidade, mas estaríamos completamente equivocados. O que precisamos é aprender a conviver, mas para isso precisamos tirar todo o poder dos políticos que pensam apenas de acordo com a sua idiossincrasia, seus interesses, os interesses dos partidos que representam e esquecem a humanidade [iii].

Seremos mesmo tudo isso?

® Rui Rodrigues








[i] O Jogo eletrônico “Civilization” possui um breve e simplista fluxograma de evolução do conhecimento. Serve de base para ilustração.  
[ii] Eu mesmo acredito num Deus que criou nosso universo, mas a vida e as espécies são consequência de suas leis de formação de universos. O mais parecido é Javé (D’Us), mas é muito mais inteligente e poderoso do que consta nos livros sagrados. Não se arrepende do que proporcionou, não tem raivas, não tem nada de humano e não interfere em nada do que criou, porque uma vez criado o Universo que proporciona a vida, é autossuficiente e segue as leis estabelecidas na formação. É D’Us. São inúmeras as concepções de divindade que já apareceram na humanidade, e outro tanto que ainda persistem. Ou todas certas, ou todas equivocadas ou incompletas em sua concepção divina. Precisamos evoluir neste aspecto para que não se explorem os “pobres de espírito” de tal forma que por fé até podem acreditar em qualquer coisa que se lhes mostre como “deus”.

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