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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Nosso corpo, nossa vida, nosso mundo, nossos problemas.

Nosso corpo, nossa vida, nosso mundo, nossos problemas.

(Refiro-me sempre a masculino e feminino. Não há diferenças entre os sexos a não ser nas partes mais íntimas e nas curvas – para evitar graficamente os parênteses de (o), (a))


Todos sabemos que o Universo não pára de evoluir e se expandir, que a natureza não para de evoluir. Somos seres nesse mundo de universo e natureza sempre em evolução. Os outros animais não devem ter consciência de sua adaptação à evolução.Eles evoluem sem saber, sem sentirem. Nós, pelo contrário, temos “arquivos” escritos, desenhados, tradições faladas, estudos em geral que nos permitem saber que estamos evoluindo. Para onde, não sabemos, nem as razões, exceto uma: Ou evoluímos como espécie ou perecemos. A maioria dos animais predadores foi ficando pelo caminho da nossa própria evolução. Muitos foram extintos. Entretanto, nosso corpo também evoluiu: De corpos maciços, atarracados, peludos e rudes, estamos evoluindo para um novo tipo de corpo: O corpo belo. Parece que os corpos dotados de maior beleza, baseada esta em simetrias e proporções, terá maiores probabilidades de evoluir e passar seus genes do que corpos menos dotados, exatamente pela preferência de acasalar ou adquirir genes de corpos mais belos. Esta evolução para o “belo” só foi possível porque criamos artefatos que nos permitem ficarmos vivos sem o perigo de sermos devorados por feras na pirâmide alimentar. Hoje estamos no topo dessa pirâmide. Somos os maiores predadores desta natureza que conhecemos. Curiosamente, o fato de preferirmos corpos “belos” para o acasalamento não significa que estejamos escolhendo corpos dotados da melhor ou mais eficiente inteligência, e muito raramente coincide de um corpo belo ser dotado da mais eficiente inteligência. Vivemos de nossas escolhas, colhemos benefícios ou malefícios em função de nossas preferências. Na medida em que envelhecemos, apesar de todos os artifícios para mantermos o corpo o mais jovem possível, vamos percebendo que a evolução nos deixa “para trás” a cada dia, porque nos é difícil acompanhar essa evolução, em todos os aspectos. Operações plásticas custam caro, são ainda perigosas e de sucesso incerto, e com a tendência para a associação de casais de beleza semelhante, parece cada vez mais difícil arranjar companheiros ou companheiras a cada ano que passa. Parece. Apenas parece. Quanto á evolução dos costumes, também nos é difícil acompanhar: Os costumes sofrem a influência da tecnologia e a da informática parece a mais difícil de ser assimilada, não só pela aparente dificuldade de entendimento e manipulação que exige coordenação motora como também pelo preço dos equipamentos de informatizados. Mas ainda existe dificuldade maior de adaptação: Trata-se do aspecto afetivo. E este aspecto envolve não nosso o nosso corpo, como a nossa vida, o nosso mundo, os nossos problemas, mas até que ponto os nossos “problemas” são reais? Se os pudéssemos eliminar, poderíamos ser as pessoas mais felizes do universo, desde que não sejam intrínsecos do nosso mundo, do qual parece depender nossa vida, já que até o corpo tem conserto...


A forma de nosso corpo não tem muita importância. Há sempre uma tampa para cada cesto, na medida certa, para quem tem equilíbrio na vida e não se aventura em oceano brabo navegando numa piroga sem remos e sem salva-vidas. Ainda crianças ouvimos de nossos colegas algumas alusões a nossas deficiências e não raro aludimos também às deficiências dos outros. Isso é “buling”, claro, e deixa muitas vezes marcas amargas. Ou achamos que temos a bunda grande, ou a perna grossa, ou o nariz torto para um lado... E quando adultos, realizamos o sonho de infância indo corrigir numa mesa de operações, as “deficiências” com as quais nunca aprendemos a lidar. Não são deficiências. São virtudes, porque para alguma coisa servem. Nossos padrões de beleza é que são, como dito acima, muito exigentes num mundo competitivo... E, principalmente, costumamos querer competir em campos para os quais não somos muito aptos. Casar com o príncipe é muito difícil porque ele é apenas um e as candidatas são um montão...


Nossa vida rege-se assim, e muitas vezes ou quase sempre, em função de nosso corpo, de nossas aptidões, de nossa ambição e de nosso equilíbrio. Principalmente rege-se por atos sucessivos, diários, de convivência com grupos que nos cercam. Alguns deles nos dão força, outros no-la tiram, essa postura de enfrentar o mundo. Nosso equilíbrio é determinante para o sucesso a cada dia que passa. Somos um espelho do mundo no qual nos refletimos. Darmos valor ao belo nos dias de hoje, é uma demonstração de prazer. Batemos palmas para o belo. Mas o que exatamente o belo nos proporciona na vida, além dessa oca, vazia apreciação? Parece que nada. O belo não constrói um mundo melhor. Constrói apenas um mundo mais belo. O belo na política é uma desgraça. Apresenta-se um candidato que fala “belo”, que aparenta ser “belo”, e seus votos estão garantidos para nos tornarem a vida amarga. Os nenéns são belos, todos eles, por que é uma defesa da natureza para a preservação da vida. Nenéns são simpáticos, alegres, dão lindas risadas, não franzem o cenho, não xingam, são doces, têm a cabeça grande, os olhos enormes. Cativam. Teríamos um mundo muito diferente se os nenéns fossem feios. E eles têm uma “virtude” adicional: Sempre pensamos que podemos moldar essas crianças para que sejam como “nós” gostaríamos que fossem. É um engano, uma loteria, mas isso só se percebe quando se inserem no mundo que os cerca, que é diferente do nosso, logo que têm essa percepção e começam a pensar por si mesmos. Isso acontece diariamente, de forma muito lenta, mas é por volta dos 3 anos, dos 7, dos nove, dos 12 e dos 16 que notamos “em saltos” como a personalidade de cada criança evolui. Uma dessas crianças é você, leitor, leitora... Talvez não se dê conta disso, mas já tentou sem sucesso agradar a seus “instrutores” da vida, seus pais, familiares e professores, e certamente já teve suas crianças que tentou “educar” a seu modo. É mais do que evidente que você conseguiu ser diferente deles, assim como também é evidente que não conseguiu que seus filhos fossem iguais a você. É uma luta inglória. Ao tentarmos influir estamos apenas atrasando, retardando, a evolução da humanidade. A pressão do meio, da vida, do mundo, não é suficiente para parar a evolução do “eu” jovem, do eu puro de cada criança que consegue atingir a idade dos 16 anos... A partir daí, fará cada vez menos pressão para tornar seus filhos iguais.


Talvez agora possamos entender que nossos “problemas” residem todos eles na forma como entendemos o mundo, dando-nos a impressão que precisamos evoluir como as crianças e com as crianças. Por isso os avós são, geralmente, mais complacentes e cooperativos com elas, mais do que os pais. No fundo entendem um pouco mais, muito pouco mesmo, sobre essa característica dos nenéns: Querem evoluir, mas não os deixam... E crescem cheios de problemas, porque há enormes diferenças entre o mundo que vão desvendando e o mundo que os “instrutores” lhes dizem para viverem. Partidos políticos e “governantes” são assim mesmo: Ditadores que tentam impor a sua vontade por incapacidade de entenderem, ambição de poder mandar, aproveitadores dos benefícios das contribuições de impostos, vaidade frente ao “resto”, despreparo para as novas gerações, para o mundo sempre em mutação.

Será que o mundo agora ficou mais fácil de entender e poderá ser menos problemático? Espero que sim... Francamente! Não deixe morrer a criança que você já foi... Seja feliz, deixe o mundo seguir seu rumo, porque seja o que for que possa fazer, não o mudará nem um milímetro...


® Rui Rodrigues

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