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segunda-feira, 18 de março de 2013

Os sete trabalhos de Francisco – Uma terrível dor de cabeça!


Os sete trabalhos de Francisco – Uma terrível dor de cabeça!
                                         Sua santidade o Papa Francisco
Quem tem consciência dos grandes problemas da Igreja Católica, pode avaliar o grave momento que esta igreja atravessa. O maior de todos é o da fé, do crédito que seus fiéis podem ter nela. Nos últimos anos a ajuda aos pobres tornou-se irrelevante face à sua importância e aos valores nela investidos. Esta igreja não vem sendo atacada. Está se desfazendo aos poucos: O numero de fiéis diminui, a vocação sacerdotal está sendo posta em causa face à quantidade de pedófilos em suas fileiras, o Banco do Vaticano tem problemas de lisura e está vetado de transacionar com os demais Bancos europeus, a igreja já não se pode envolver na política das nações, e finalmente, mas não os últimos problemas, o mundo evoluiu de forma a aceitar as mulheres como iguais dos homens, assim como as tendências sexuais de cada ser e a longevidade e a saúde humana dependem agora dos progressos da ciência em lidar com células tronco.  
A Igreja vem destoando de tudo isto, perdendo credibilidade, fiéis, dinheiro de esmolas e contribuições, fechada em si mesma, vivendo no paraíso e esquecendo o mundo. O Papa Francisco, recém eleito, desde o primeiro momento vem dando mostras de querer mudar este panorama. Bom sinal, antes que ser “católico” passe a ser um termo pejorativo no panorama internacional deste mundo. Os problemas que Francisco irá enfrentar podem ser resumidos nos seguintes:

  1. Aumentar o número de fiéis
 papisa Joana ou Papa João VIII
Fé é a grande mola que move os fiéis para os templos onde depositam as suas contribuições para a manutenção da Igreja que lhes deve devolver em fé com relativamente grande grau de “certeza” de serem recompensados. Em todas as religiões é assim. Na verdade, à luz da mente humana analisada por Sigmund Freud, é uma troca comercial: Dádivas em troca de fé e uma recomendação para os paraísos do céu, embora ninguém tenha a mínima idéia de como será esse paraíso. Cada religião tem a sua forma de tratar e entender este assunto, e não se podem jogar dados para determinar qual delas estará mais perto da verdade. No entanto, cada uma atrai seus fiéis pela idiossincrasia popular. Pregar xintoísmo no ocidente é muito difícil e pregar cristianismo na China é tanto ou mais.
Num mundo cada vez mais instruído a fé vem sendo substituída pela certeza de que se ficará cada vez mais perto do paraíso terreno se tivermos melhores condições de saúde, mais alimentos disponíveis, controlarmos melhor os fenômenos da natureza, tivermos cada vez melhor grau de instrução. Ninguém quer morrer para ir logo para o Paraíso dos céus. Em decorrência, a falta de “informação” sobre o céu, e sobre o que Deus realmente quer de nós, faz gerar a diversidade de interpretações. Em nome da fé ou do bem estar dos sacerdotes, ou remuneração por seu trabalho em nome de Deus, Francisco tem um grande problema: A fé diminui na medida do nível de instrução popular, e o ocidente se instrui mais e mais a cada dia que passa. A Net muda o perfil psicológico das populações. A ignorância reduz seus redutos.
O mundo crê cada vez menos no ilógico, que sofre de credibilidade. O grande temor da Igreja Católica no passado, tentando reduzir o conhecimento, tolhê-lo e enclausurá-lo, fez-se realidade. O conhecimento destrói mitos. A Igreja católica vive de mitos.
Precisa mudar, tornar-se mais lógica e moderna, ou perecer.
  
  1. A vocação sacerdotal e a pedofilia
 Vinde a mim as criancinhas tinha outro significado
O problema que a Igreja Católica vem enfrentando neste campo do comportamento humano se deve principalmente à castidade como demonstração de sua fidelidade ao comportamento de Cristo, mas tem raízes ainda mais profundas nas “necessidades” da igreja. Gays são mais “dóceis”, não casavam, estavam mais predispostos à “dedicação” sacerdotal. A testosterona, coisa que a Igreja não conhecia quando foi fundada, leva à violência, ao machismo, à ambição. Mas gays mantêm relações sexuais, sim, mas não “convencionais”. Querendo fazer sexo, mas estando impossibilitados pelas convenções eclesiásticas, de alguma forma esse problema afloraria. As crianças não conhecem o mundo e têm medo de quase tudo. A pressão sobre elas é enorme, e nas aldeias européias e do mundo católico, muitos padres já foram expulsos de suas paróquias, ficando estes assuntos mornos, latentes, entre paredes. Isto está acabando depois de tantos escândalos. Agora a população fala, denuncia. A Igreja terá que rever o meio onde irá buscar seus futuros sacerdotes, ou seguir Jesus que nunca disse que não mantinha relações sexuais. Pelo contrário, está patente nos evangelhos apócrifos e até nos da Bíblia que a festa do casamento, quando Jesus multiplicou o vinho, era a festa de seu próprio casamento, quando também pelas leis judaicas, deixou de chamar sua mãe Maria  como mãe e passou a chamá-la de mulher. Pelas leis judaicas a mãe perdia o filho para a nora. O filho tinha agora uma nova família.
Constantino, o imperador romano, convocou um Concílio para definir que livros iriam compor a Bíblia a exemplo da Tora, e o que neles deveria constar. Francisco pode fazer o mesmo. Uma revisão para tornar o Segundo Testamento mais verdadeiro e não provocar confusões. Para Felipe, Jesus nem ressuscitou, e nenhum deles afirma que Maria era Virgem. Ser virgem, na religião judaica da tribo de Levi, a que gera sacerdotes significava que a esposa era virgem de filho homem enquanto não tivesse um, e que o prazo máximo para ter umfilho varão era de dois anos. 
Conhecemos as histórias dos Papas do passado, e não podemos acreditar num Deus que se deixa levar por alguns Papas levianos, outros assassinos, outros ainda corruptos. Basta ler a história da própria Igreja. E da mesma forma, o sacerdote pedófilo não deveria ministrar hóstias, nem ouvir confissões para as perdoar em nome de Deus. Mas como sabermos quem são os pedófilos sem serem denunciados? Isso prova que o perdão não depende de quem o dá. Podemos pedir perdão a Deus e sermos ouvidos sem a interferência papal ou de sacerdotes.    

  1. A igualdade dos sexos
 Igualdade dos sexos, uma realidade desde o Gênesis
Já no Gênesis há uma clara diferenciação dos gêneros. A mulher teria sido feita a partir do homem, mas essa regra, a ser de Deus, caducou de imediato: São as mulheres que geram e não o homem, e geram tanto homens como mulheres. E como se não fosse suficiente para ficar bem clara a supremacia do homem, nos livros sagrados, a mulher é castigada em especial ficando submissa ao homem. Não... A mulher já não fica submissa ao homem. Ou os livros estão equivocados por força do equivoco de quem os redigiu segundo o conhecimento que tinham na época – e não por inspiração divina – ou faltou que dissessem algo: Que foi dado ao homem e á mulher o poder de mudar as coisas deste mundo, por serem também, e todos, filhos de Deus. Ao que parece, esta propriedade humana foi escamoteada dos filhos de Deus e atribuída aos Papas. Papas são falíveis como qualquer ser humano.
Qual o seria o sexo de Deus, se Deus não foi gerado nem gera descendência?
A igualdade social e moral dos sexos foi uma catástrofe para a Igreja Católica, que sempre descriminou as mulheres, alijando-as do sacerdócio. Servem para freiras e para limpar e arrumar as sacristias, assim como, para redimir os seus “pecados”, deixarem as gordas verbas disponíveis para a Igreja no leito de morte. Servem também para serem “santas” e lhes fazerem estátuas como compensação pelos atos discriminatórios.  As mulheres sabem disso. Não estão satisfeitas com isto. Conquistar-lhes a fé parece ser cada vez mais difícil. Deve conquistar-lhes a confiança. Mas para isso tem que mudar. O mundo não muda. O mundo segue o seu caminho. Quer puder que acompanhe... Somos humanos. Que todos sejam tratados como iguais. Se os dogmas, preceitos e conceitos não puderem ser mudados pela Igreja, ela continuará a perder fiéis.
  1. A ciência, a política e a Igreja.
 A Inquisição tortura mulheres por bruxaria
A ciência e a política evoluem segundo as características de nossa constituição animal, seguindo as leis que foram atribuídas a este universo. São leis de Deus. Não exatamente o Deus da Igreja Católica, mas do Deus Único que não conhecemos, nunca ninguém viu, o construtor deste e de outros universos. Ele é a verdade. Suas leis regem nossas vidas. Deus age a cada instante em seu Reino, não de forma direta, mas através de suas leis aqui impressas, e de nosso livre arbítrio. Evoluímos tanto que estamos, para bem ou para mal, alterando o mundo. A Igreja Católica tem-se atido a conceitos antigos que foram gerados numa humanidade ignorante de onde realmente estava, como funciona este planeta, e nem sabiam ainda o que é um planeta. Jesus Cristo não sabia o que era o DNA... Não sabia que se poderia construir veículos e muito menos um papamóvel... Não sabia que se podiam fazer cesarianas, nem que se podia evitar o nascimento de filhos usando preservativos. Jesus Cristo achava que os demônios podiam ser expulsos do espírito dos doentes, sem saber que se tratava de histerismo ou demência, coisa que só depois de Sigmund Freud se pôde tratar com conversas de especialistas e meia dúzia de pírulas. Nem imaginava que um dia todos os seres humanos pudessem conversar ao mesmo tempo e trocar idéias através de uma rede social “mágica”, vendo-se uns aos outros em fotos. E muito menos que se pudesse “fotografar” alguém. Precisaria de algo mais para ser Deus. Assaz bastante.
Jesus Cristo foi um excelente ser humano, certamente dos raros e únicos a seu nível, que já passaram por este mundo.
Neste estado de mundo, de comunicações instantâneas, o que a Igreja pode esconder? Praticamente nada. Sabemos todos quando os sacerdotes e dirigentes se omitem em suas práticas, quando falam demais, quando se metem onde não deveriam meter-se e quando não interferem quando deveriam interferir. Tudo isto compõe os cristais com que se constrói o templo da credibilidade numa igreja. No passado, eram os religiosos que nos julgavam. O tempo mudou e hoje somos nós, os fiéis, quem julgamos a igreja e os religiosos.
Francisco terá muito trabalho para se adaptar a esta evolução da humanidade, e principalmente a uma igreja que tem de passar de dirigente da moral e da fé, a ser dirigida pela moral e pela fé. Nestes quesitos, a Igreja Apostólica Romana já errou muito. Há muito que refazer. Talvez a primeira delas seja ajudar a refazer os muros do templo de Salomão. Era a casa de Deus, do Pai de Jesus. Jesus sempre honrou o Pai. Porque não continuarmos a honrar o Pai?   
O povo muçulmano foi atacado injustamente no passado para “libertar” a Terra Santa. Morreram milhões de seres humanos nessa luta fratricida, porque Deus, o Pai, é exatamente o mesmo, e quem é Alah, senão D’Us. Deus? Talvez seja a hora de reparar os danos e melhorar a moral e a ética deste mundo. É este mundo que tem que ser cuidado, para que possa atingir o outro, o do além, o do paraíso. Esperamos notícias do paraíso de lá enquanto aguardamos alguém que possa transformar este planeta num paraíso.

  1. A Igreja e os ensinamentos de Jesus
Pregação de Jesus na Montanha 
No seio da Igreja católica, retirou-se a devoção ao Deus de Jesus e adora-se o filho como se fossem uma e a mesma entidade. Jesus nunca disse isso. Na cruz, moribundo, perguntou-se porque o Pai o havia abandonado. O Pai não o abandonou. Foi Constantino que fundou a Igreja Católica Romana. Um romano que queria facilitar o seu governo através de uma religião única, uma mais forte e que estava tomando conta de seu Império: A do cristianismo primitivo. Fundou-a. Não foi Pedro. Pedro, Paulo e os apóstolos eram líderes de grupos que ofereciam mais do que os deuses romanos: O paraíso nos céus. A fé comprou a religião romana. Os deuses romanos não ofereciam nada disso. Nem as demais religiões. O que Jesus esperava era a vitória final da Ordem sobre o Caos, uma mudança radical na desordem do mundo. Era o Messias. Continuamos por aqui na esperança de que um dia a Ordem se imponha ao Caos na política, no comércio, no comportamento humano. Nas religiões modernas esse é o caminho. Ninguém chegará ao Pai se não trilhar esse caminho: O da prevalência das sociedades sobre as decisões unilaterais dos governos que oprimem mesmo dando shows grátis em praças públicas, enganando a seu modo, compensando sem compensar nada, a não ser propiciando alegrias momentâneas e fúteis.
O que pregava Jesus que visitava as sinagogas e nelas pregava, mas evitava ir ao Templo de seu Pai? O que pregava Jesus cujo templo por tantas vezes foi a paisagem pura da montanha, como no seu sermão, falando para as multidões sobre o advento do novo Reino, vestindo simples sandálias e uma túnica usada, limpa e simples? Um doce para quem descobrir qual o nome do Banco de Jesus onde depositava as suas moedas. Não se pode, sem perda de credibilidade, tentar vender um lugar no céu, em troca de confissões, moedas, notas, heranças, e transações bancárias, andando de papamóvel, tendo uma guarda suiçã para garantir a segurança, morando em palácio. A impressão que se tem é que a Igreja Católica aprendeu mais sobre o materialismo selvagem do que dos ensinamentos de Cristo. Da mesma forma os apóstolos fugiram dele e se esconderam no anonimato. Os apóstolos não eram Jesus, não o entendiam, como consta nos livros, e cooperaram para fundar uma nova igreja, porque os adeptos largavam tudo o que tinham para ir para o céu e assim enriqueeram. Morreram num inferno caótico de vida, e não temos notícias deles. Perderam o que tinham nesta vida, para não se sabe o quê.
São poucos e cada vez menos os que largam tudo para seguir ricos senhores que abrem Bancos para gerir as riquezas de Deus. Francisco tem que se perguntar o que Deus fará com tanto dinheiro, tantas obras de arte, tantas propriedades espalhadas pelo mundo, um mundo onde floresce a pobreza: Benemerência ou espalhafatosos aparatos de riqueza, que chegam a parecer ridículos para quem lê e entende o segundo testamento?

  1. O Banco do Vaticano
 Banco do Vaticano e lavagem de dinheiro
Banco gere dinheiro e gera dinheiro. É algo muito terreno. Para quem já disse no passado: larguem tudo e sigam-me, não faz o mínimo sentido. Há que haver coerência no largar tudo e seguir Jesus. O que o Banco do Vaticano faz hoje, poderia fazê-lo abrindo contas em Bancos locais onde houver paróquias e uma conta central. Mas entende-se que possa haver segredos de Estado. Segredos. Jesus tinha Judas como tesoureiro e nenhum banco. Sinal que ele e os apóstolos viviam de parcas moedas. É esta igreja, a dos pobres, mas com moral e ética, que faz falta neste mundo. Uma verdadeira Igreja de Jesus, que use as doações para distribuir pelos necessitados, porque sempre sobrará para se alimentarem e vestirem. O Banco do Vaticano é a negação das prédicas de Jesus, de suas parábolas, de sua vida.
Lutero já falou sobre isso, mas os seus seguidores também não o entenderam. Sócios nos negócios ou nas idéias são sempre uma dor de cabeça.  As transações bancárias, a cobrança dos juros, a aplicação de verbas, a sobrevivência no mercado, o uso de métodos escusos no mundo dos negócios, não podem estar de acordo com o daí a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Uma igreja rica pode servir aos ricos se for admiradora de Robin Wood e distribuir pelos pobres. O Vaticano acumula riquezas e dá migalhas aos necessitados.
Francisco tem uma enorme dor de cabeça!
Há sócios no Banco do Vaticano. Talvez a primeira coisa a fazer seja verificar o enriquecimento dos Bispos, Arcebispos, Cardeais, chafurdar nas emissões de seus cheques, saber o que e quem foi beneficiado, seus padrões de vida, seus gastos, seus salários. Então se terá a medida de sua fé.
Terão todas as parábolas de Jesus sido jogadas sobre as pedras e não germinaram?

  1. O mundo moderno
Muitos pobres e poucos ricos como no tempo de Jesus 
Jesus dizia que o fim estava próximo. Não estava. Ou melhor, estava e não estava. O fim do Império Romano estava próximo, sim. O fim de Israel como país independente também, mas a Ordem não substituiu o Caos. O Reino de Deus não chegou, e já se passaram mais de dois mil anos. O Caos, sob uma capa de aparente ordem continua imperando num mundo desordenado. Há mais pobres e miseráveis do que no tempo de Jesus, talvez mesmo na proporcionalidade entre ricos e pobres. A fé e as preces, mesmo em uníssono pelas multidões ao redor do mundo não mudam este estado de coisas. É preciso algo que efetivamente mude tudo o que deve ser mudado. A grande operadora desse milagre será a própria humanidade. Efetivamente Deus não se imiscui em nossas vidas. Ou temos mérito ou não temos mérito próprio. Se o mérito não fosse importante, Deus vinha à Terra e nos impunha a Ordem que Jesus não conseguiu impor. É a Igreja que deve apoiar a humanidade e não esta à Igreja.
Se a Igreja Católica seguir a humanidade, estará ligada com o povo de Deus. Se remar em contrário, jazerá no pó.
Em verdade, em verdade vos digo, que tudo o que a humanidade ligar na Terra será ligado nos céus e tudo o que desligar na Terra será desligado nos céus.

Rui Rodrigues  

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