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quarta-feira, 25 de julho de 2018

Crônica de amanhecer ao Thermidor.


A imagem pode conter: comida

Mais um amanhecer enevoado aqui nas costas cabo-frienses. Dá pra ver gaivotas voando por instrumentos, pássaros em voo cego, peixes xeretando de periscópio, gente de cabeça baixa esperando mais um ataque político à cidadania e à constituição, zunidos de balas perdidas, matraquear de armas leves, pesadas e esvoaçantes. Canarinhos e pardais assustam, gotas de chuva forte e ritmada lembram tropel de arrastões...

Os gemidos nos vêm de doentes com falta de remédios e tudo em geral em hospitais. As filas são de moribundos. Quem goza e ri com saúde vive outra vida muito diferente, principalmente dos que têm salários atrasados, atrasam contas com juros altos, e quando o salário vem, chega sem juros....

Tal é o Estado de guerra com que se acorda em mais este nevoeirento dia em que as espumas das ondas lembram ser de leite mas não o são. E nada de lagostas. Só rostos vermelhos tingidos de raiva, uns ao lado dos outros, como placas cozidas de crustáceos que já nem há nas bancas de mármore ou de frio aço das peixarias!!!! Tudo frito e cozido ao Thermidor....

Rui Rodrigues

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