Celulares grátis
Não é fácil acreditar, e mais difícil ainda admitir que não tendemos a ver este mundo de uma forma “estática”.
Ônibus se movem, transportam pessoas, mudam de modelo de vez em quando tendo já sido puxados a mulas e cavalos; ruas são asfaltadas, lojas modernizadas, alguns prédios se derrubam, outros novos se constroem com modernas arquiteturas; velhas televisões a preto e branco deram origem a monstros pesados e gordos de TVs que enchiam a sala e agora se reduziram quase a uma folha de papel, coloridas, alta definição, penduram-se na parede; para saber do atraso na chegada de amigos, ia-se ao demorado telégrafo, que logo foi substituído por telefones de dar à manivela, depois por telefones de mesa e agora se telefona de qualquer lugar, a qualquer instante, em contato com o mundo por redes sociais, e com esse mesmo aparelho que agora se chama celular, pode fotografar-se, controlar e vigiar a casa através de câmaras, fazer conferências; as longas viagens de trem, com máquinas a vapor que enchiam os passageiros de fuligem em túneis, foram substituídos por trens que atingem velocidades superiores ou iguais aos dos aviões, com motor a pistão, de turbina ou a jato.
Alguém deve ter dito, quando viram os primeiros navios e as primeiras locomotivas a vapor: - E se pusemos um motor desses numa geringonça com asas, isso não voaria?
Nossa vontade de melhorar o mundo – ou será a vontade de melhorar a nossa vida que acarreta a melhora do mundo - promove uma evolução, passo a passo, que faz o progresso, a mudança do que existe para algo que acreditamos ser melhor. Assim, quando pensaram em fazer uma geringonça com asas que voasse, verificaram que só o peso da caldeira para água tinha peso tão grande que seria impossível fazer a geringonça voar. Os motores tinham que ser menores, mais leves. Quando o motor a gasolina foi inventado, chamaram de avião à tal geringonça com asas, capaz de voar.
A cada dia, olhando para nós mesmos ou para nossos filhos ou netos, vemos que do ventre da mãe com menos de meio metro de muda e cega vida, progridem até atingir quase dois metros, falando, vendo tudo, tomando conta do mundo. É o progresso da vida. Nós mesmos não somos o mesmo ser, a mesma pessoa que éramos ontem, quanto mais há vinte ou trinta anos atrás. Acompanhamos todo o progresso da natureza, das cidades, dos equipamentos e inventos disponíveis, e sabemos que em segredo se preparam outros em fábricas, que nem imaginamos.
Mas como tudo, também a política evolui. Ela é talvez a invenção humana que mais afeta o nosso progresso, a nossa vida, o nosso amanhã. E, da mesma forma que alguém pensou em pôr um motor numa geringonça com asas que voasse, atenta à possibilidade do benefício próprio ou da humanidade, assim também, com a mesma atenção, nos perguntamos para onde vai a política e o que podemos fazer com ela de modo mais evoluído.
A política também tem que mudar, porque estes sistemas em que meia dúzia de pessoas dirige milhões delas, há doze mil anos pelo menos, já parecem umas ditaduras eternas dos que estão no poder, lutando todos os anos para nele permanecerem.
Tentaram iludir-nos dizendo que os reis eram descendentes dos deuses, e muitos acreditaram. Disseram que nos representavam, mas ao redor do mundo vemos que nos decepcionamos com os que nos governam. São muitos mais os descontentes do que os que estão contentes com os governos que têm.
E é tão fácil imaginar possível uma geringonça que nos permita votar a qualquer instante o que votam em senados e câmaras por esse mundo afora. Por acaso serão estes, os que nos governam, mais inteligentes e capazes do que nós mesmos dando nosso voto através de uma geringonça que até já foi inventada?
Por que não celulares grátis e que servem “apenas” para votar?...
Rui Rodrigues
OS - Sobre democracia participativa, por favor acessar o sitehttp://conscienciademocrata.no.comunidades.net/
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