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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Uma nova frente da economia – A economia do século XXI ?



Uma nova frente da economia – A economia do século XXI ?


Se deixarmos a economia entregue a governos, em épocas de apogeu gastam como se não houvesse amanhã e constroem equipamentos de guerra para garantirem essa economia. Em épocas de recessão, usam os equipamentos bélicos que construíram e declaram guerras porque lhes parece a única saída para se livrarem dos problemas.

O que é economia, comércio, dinheiro, impostos, e todos esses termos correlacionados, e como funcionam em conjunto?

A resposta verdadeira não é fácil, porque muitos já o tentaram fazer, criaram novos conceitos e a economia ainda está em plena evolução. O controle destas economias gerou filosofias políticas que por sua vez geraram os tipos de governo a que sempre estivemos submetidos. Cada um terá alguma definição particular para economia. Uma resposta completa, abrangente, teria que considerar a ambição humana, o desperdício de objetivos construtivos, a ignorância sobre o  comportamento, a vaidade humana. Continuamos fazendo “pesquisas de mercado”, e lançamos mão dos “fazedores de opinião” para empurrar um bonequinho idiota que qualquer um gostaria de ter. No entanto é possível raciocinar livremente, consultar a história da humanidade e constatar que não é tão difícil encontrar saídas para crises econômicas sem passar por conflitos bélicos nem recessões. Pelo contrário, é o desenvolvimento associado à economia e ao empresariado que produz o  conforto econômico, o bem estar das populações. Hoje a economia depende do que o empresariado sabe fazer e do mercado. Países comunistas que tentaram gerir a economia já deram com os burros n’água e dos quase sessenta não mais do que um é ainda e assumidamente comunista: A Coréia do Norte.

Mas há dois problemas principais: O mercado não sabe o que pedir aos empresários para consumir, pois só conhece o que está disponível, e é o empresariado atual que compõe o mercado com base no que tem “disponível” para comercializar. Só sabe fabricar e vender o que conhece, e as industrias não dificilmente se adaptam a uma modificação que lhes permita continuar num mercado quando este se altera. Isto leva empresas à falência e à saturação do mercado. A Ford, a Boeing, e poucas outras, são exceções. Algo necessita ser feito para que a humanidade não sofra crise após crise que a torna instável por insegurança do amanhã. A economia deve usufruir o presente, mas sempre voltada para o futuro. Talvez se entenda melhor onde queremos chegar se pensarmos numa industria automobilística que passe centenas de anos usando sempre o mesmo combustível, os mesmos tipos de motores, trocando apenas o modelo e um ou outro acessório. Esta indústria morre e dará lugar a outra pioneira em “algo diferente”. Empresários que não evoluam, vão à falência. A prova é que assistimos a falências todos os dias em todos os lugares do mundo. Os empregados, que não sabem fazer outra coisa, têm que passar por reaprendizado numa vida ativa que é curta e na qual não se pode perder tempo. Somos muito atrasados em questões de economia e não costumamos entender a economia como uma faceta humana, mas como algo intangível e amoral à qual nos temos que moldar. Apreciemos do passado o que segue, para chegarmos ao que poderá ser o futuro da economia:


  1. O primeiro ato comercial
Há várias hipóteses, mas é quase seguro que se deu quando os caçadores voltaram da caça, há cerca de 4,5 milhões de anos atrás. As melhores partes da caça foram dadas ao chefe da tribo e ao pajé em troca de proteção física e ordens de comando para o primeiro, e de recomendação para bênçãos celestiais pelo segundo. O preço era estabelecido de comum acordo: Se fosse justo, o chefe não batia, não mordia, nem mandava matar ninguém do grupo de caça, e o pajé fazia boas preces. Alguns membros da tribo comiam bem menos ou nem comiam para satisfazer as necessidades do chefe da tribo e de seu grupo de guerreiros “preferidos”. Outra hipótese teria como base o valor a pagar a uma família pela “doação” da filha a um pretendente para a encher de filhos e ganhar prestígio na tribo. A família dela pagaria o dote de modo a garantir a sobrevivência genética e a influência na tribo. Mulher boa era mulher parideira, de ancas largas, carnuda, de peitos enormes, musculosa e disposta para “todo o serviço”. Macho bom era o sujeito forte, de boa queixada para morder com força, punho bravo para bater nos outros e caçar, vontade sexual para sempre fazer filhos todos os dias se fosse possível.

  1. Antes da invenção do dinheiro
Alguns milhares de anos atrás construíram-se mercados onde se praticava o escambo. Quando se começou a dar valor ao ouro, a venda era preferencialmente efetuada com quem o tivesse. O escambo era um problema enorme. Podemos imaginar como na negociação se depreciava o valor da mercadoria, porque quem a queria comprar, e como era valorizada por quem a tinha para vender. Na Turquia ainda hoje se negocia assim, até mesmo em Istambul, onde para se comprar um par de belos tapetes turcos feitos em Kayseri se podem gastar umas quatro horas e sair da loja com o estômago cheio de chá. Podemos imaginar brigas entre mercadores, entre mercadores e clientes, entre clientes entre si se a mercadoria era escassa. 
E havia os impostos, mas vamos deixar de lado os impostos, porque em Mohenjo Daro, uma cidade estado com mais de 10.000 habitantes, com esgoto e água canalizados, há cerca de quatro mil anos, já se fabricavam carimbos para identificar o proprietário das  mercadorias e saber se essa mercadoria estava registrada e tinha seus impostos respectivos recolhidos ao Estado. Por essa época não eram necessários os “fazedores” de opinião: O que se vendia eram tecidos, jóias, cerâmicas, armas, gado, hortaliças e móveis. Quando Dario inventou o dinheiro já se conhecia o Código de Hamurabi, que além de outras disposições, estabelecia a conduta em relações comerciais e determinava os impostos. Era uma coletânea de leis escritas em alfabeto cuneiforme que as crianças nas escolas com todo o prazer copiavam para gravar na mente a sua conduta. Naquele tempo já havia escolas, já se pensava a sério na educação, na moral e na ética.

  1. A invenção do dinheiro.
O governo brasileiro recebe por ano cerca de 4 trilhões de reais. Imaginemos que não houvesse dinheiro ainda, e tudo fosse arrecadado pelo Estado em mercadorias, como no tempo do escambo e dos carimbos de Moenjo Daro. Os armazéns para guardar estas mercadorias teriam que ser descomunais e no caso de gado, mercadoria perecível, o Estado ainda teria que alimentá-lo para não morrer, adicionando custos e reduzindo a margem de lucro. Pior ainda: Teria que vender essas mercadorias, mas para trocá-las por qual mercadoria? Ouro, pérolas, pedras preciosas, jóias, certamente, que nem sempre estavam disponíveis. Foi isso que preocupou Ciro, rei dos Persas, que inventou um padrão base que serviria como unidade básica: Um bom cavalo tantos “dinares”, uma vaca, um boi, hortaliças. Para comprar coisas grandes, moeda cunhada com alto valor. Para comprar coisas pequenas, moeda de baixo valor. Nessa época nem se sonhava com socialismo nem com comunismo. Aliás, na ex-URSS, o comunismo tinha característica de capitalismo troglodita em que o único empresário era o Estado. Alimentos e bens eram comprados com cupons. O Estado soviético estabelecia os valores de cada mercadoria. Evidentemente que não havia “impostos” pelo simples fato que já estavam embutidos, juntamente com o lucro do Estado soviético, no preço das mercadorias. Eram comunistas muitos espertos, Stalin, e os que os sucederam. Stalin não usava cupons, evidentemente e mataria – ou matou – quem se atrevesse a contestar a sua política e sua forma de ver o comunismo. A turba malta da esquerda idealista apontava a URSS como modelo de um estado socialista exemplar, sem saber que para trocas comerciais com países fora da cortina de ferro e chumbo era necessário dinheiro. Dinheiro vivo, porque o rublo era coisa interna da URSS e ninguém acreditava nessa moeda, sempre supervalorizada pelo governo soviético. Aliando-se, por exemplo, a Angola, trocava material bélico por diamantes e ouro que engrossavam os que já extraía em terras do Volga. Com esses diamantes e esse ouro, a URSS saldava seus compromisso internacionais. Até que o ouro e os diamantes já não eram suficientes para  manter o estado russo e suas manias ditatoriais de falso socialismo como o do partido dos trabalhadores do Brasil, o PT. O primeiro passo foi parar sua ajuda a Cuba, ou melhor, a Fidel Castro. Depois veio a Perestroika, a queda do muro de Berlim, e a falência do regime comunista. Devotos cristãos nas igrejas choravam de júbilo porque Jesus Cristo finalmente tinha convertido a URSS. Os russos pensavam de forma diferente: O que lhes faltou foi mesmo o dinheiro. Sua economia que nunca funcionou – era uma morte anunciada – parou de funcionar.  

  1. O Topogigio e outros objetos de consumo

Apareceu na televisão, na década de 60. Era um boneco baseado na anatomia de um rato ao qual lhe foi emprestada uma voz “diferente” com sotaque italiano – os filmes italianos estavam na moda – e que levou o mundo inteiro às lojas para comprá-lo. Era apresentado com trejeitos dengosos, e tinha sacadas inteligentes. Premeditadamente não tinha voz de cantor, o que o tornava “comum”. Provocou uma febre de consumo que levava a audiência ao máximo com seu programa semanal. Passada a febre, não se fala mais nesse boneco, boa parte foi parar no lixo ou doado para instituições beneficentes depois de usados, e deve haver alguns guardados como reminiscências de infância. Quem os guarda o faz por associá-lo a outros eventos agradáveis dos “velhos tempos”.

Mercado faz-se.

Até hoje se vendem “santinhos”, cruzes e imagens dos três pastores em Fátima, e todo o bom muçulmano tem que ir a Meca pelo menos uma vez na vida. Meca vive cheia. Os mercados se constroem. Se alguém muito importante disser um dia que o ouro não vale nada, a maioria dos detentores de ouro o venderão sem se verem obrigados a isso.  É enorme a credulidade humana bem assim a sua vaidade e a vontade de se socializar, pertencer a um grupo de “elite” moral, religiosa, financeira, esportiva.  Constantes roubos no Brasil já mudaram a moda por aqui: Não se usa ouro nem jóias preciosas nas ruas e mesmo em festas particulares é sempre conveniente alugar jóias ou usar excelentes falsificações. Como nem os apartamentos em condomínio estão a salvo, guardam-se as jóias em caixas de segurança em bancos. Correram notícias, carentes de credibilidade, que o povo francês empareda barras de ouro há mais de trinta anos. Na forma como decorre a economia européia não seria de estranhar se tiverem que vir a esburacar as paredes. Mega empresas e Bancos guardam e imobilizam as suas disponibilidades financeiras aguardando oportunidade de comprar empresas menos eficientes. 

A Ferrari e outras marcas de automóveis cujo velocímetro ultrapassa os trezentos quilômetros por hora, continuam a vender bem, mesmo sabendo-se que as estradas não permitem mais do que 150 km por hora. A partir daí é multa e risco para quem usa essas estradas e nem corre a essa velocidade, embora muitos veículos tenham velocímetros que ultrapassam os 220. Na verdade, o que importa ao Estado a segurança particular cidadã, se valor mais alto, o de mercado, se impõe?

  1. Uma economia diferente possível
Não é necessário mudar nada de substancial. Basta criar um novo vetor que seja bastante construtivo, de interesse geral, tornar um sonho em realidade, e canalizar recursos para essa atividade: O desenvolvimento tecnológico visando viagens espaciais, ocupação de novos planetas. O mundo inteiro nessa tarefa. Dar um novo rumo às sociedades humanas, diminuir os conflitos internacionais e internos. Uma humanidade voltada para o espaço e não para o interior de cidades entupidas de veículos particulares que já não apresentam as vantagens de quando as estradas estavam vazias. As possibilidades são enormes. Pode transformar-se numa “febre” mundial, que nos anteciparia ao desfalecer de nossa estrela única: O Sol.

Todo um planeta trabalhando na construção de novos mundos. Já deu certo uma vez.

Rui Rodrigues

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