Massacres nos EUA – Há solução?
No final deste artigo apresenta-se um histórico de atentados semelhantes desde 1966 até 14 de dezembro de 2012, mas não seria de admirar se este tipo de comportamento suicida como ultimo ato de vida, arrastando para a morte gente absolutamente inocente, tivesse um sem número de exemplos ao longo da história da humanidade. Como parar com este tipo de comportamento, poder controlá-lo, evitá-lo, dar-lhe um fim? Parece não ter solução, porque nunca se sabe de onde pode vir um desvio de comportamento deste tipo. Normalmente os agressores não expõem seus sentimentos, são reservados, não levantam suspeitas. É como uma negação de uma existência correta durante toda a vida, reservando para o final uma ação que a negue.
Podemos perguntar-nos se não existirá nada de semelhante na atitude dos antigos faraós do Egito, quando a pretexto de serem “servidos” no Além, eram enterrados em sarcófagos cercados de seus fiéis servidores que eram enclausurados em sua tumba depois de lhes terem dado beberagens para que não sentissem a morte. Acreditariam mesmo na vida após a morte, sabendo que para serem embalsamados lhes tiravam o cérebro pelo nariz, e lhes extraiam todas as vísceras? E como poderiam comer todas as refeições que lhe deixaram ao lado do sarcófago se não tinham intestinos, estômago? Se havia sadismo era por parte dos sacerdotes que inventaram a religião, provavelmente de inicio para ganhar dinheiro e poder, para viverem à tripa forra. Hitler mandou construir fornos para eliminar o povo judeu e o povo cigano, e quem sabe, se ele tivesse ganhado a guerra, não queimaria também toda a humanidade para que apenas a raça alemã pudesse reinar sobre a terra. Ou seja, não é necessário ser-se louco par cometer atrocidades em nome de algo que se acredita. Felizmente não tivemos a oportunidade de saber o que faria Hitler a seguir porque também se suicidou. Parece que a característica comum à maioria destes sujeitos, não loucos, que agem como loucos, seja o fato de não suportarem “interrogatórios” após cometerem os atos: Suicidam-se ou fazem-se matar!
Parece que os atentados contra sociedades, grupos, famílias, estão intimamente relacionados com o “poder”. Reis podem, presidentes podem, indivíduos também podem, cada um a seu modo, sem medo de pena de morte. Como ter medo de pena de morte se o indivíduo já está a fim de se matar ou fazer matar? E provavelmente há um relacionamento intimo também com a vingança por falta de “consideração” que tenham sofrido, ou descriminação, normalmente durante a infância e contra a qual não vêem como obter compensação por “meios legais”. Provavelmente se acham uma espécie de “escória” social sem modo de recuperação. No final, parece ser a sociedade que acaba por produzir indivíduos como estes que não aprenderam a lidar com as pressões e frustrações da vida. Não aprenderam porque provavelmente não souberam ensinar. Alguns sobem ao poder. Nos EUA existem movimentos no sentido de reduzir, evitar, impedir a compra de armas pela população civil, mas não podemos estar certos de que indivíduos deste tipo, sem armas de fogo, não viessem a usar métodos de eliminação ainda piores, sem darem um único tiro. Meios existem. As diferenças sociais devem estar mais relacionadas com estes eventos do que nos possa parecer, e menos do que com a liberdade dos cidadãos comprarem facilmente uma arma para se defenderem.
Já ouvimos falar dos danos causados para toda a vida em indivíduos que sofrem Bullyng. Pelo menos até a metade do século passado, se um garoto ou uma garota chegassem em casa de olho roxo, poderiam apanhar ainda mais se não dissessem que também tinham batido no agressor. O problema é que os agressores costumam agir em matilha quando praticam o bullyng e os assediados normalmente os temem. Este assunto era normalmente deixado pelos pais para serem resolvidos pelos filhos, com os filhos dos outros, na escola ou fora dela. Aconteceu comigo. Mas os agressores se deram mal, porque os peguei isolados um por um, depois que me bateram. Agressões de bullyng raramente eram levadas ao conhecimento da diretoria de escolas e universidades. Numa associação desastrosa entre sentimentos desencontrados, sem um laço que os agregue de forma construtiva, surgem crianças sádicas ou iludidas de que têm a força, a supremacia, que normalmente já lhe negaram em casa, e escolhem sempre uma “vítima”, aparentemente mais fraca, para mostrarem a si mesmas que podem. Podem qualquer coisa que possam, não lhes importa o “que” nem a razão. Mas acabam sempre por atacar no seio da comunidade, grupo social ou empresa em que se sentiram “diferenciados”. Os que praticam o Bullyng sentem-se impelidos a mostrar que também “podem”, de forma continua, todos os dias, em casa, no colégio ou na rua. Não há freio.
Por outro lado, nos que sofrem bullyng, parece ser que quando há freio na vingança, por força das circunstâncias, e não por uma compreensão do que significa a vida, alguns agressores calam-se, enconcham-se, tecem o futuro como se fosse um programa de vida. Tentam mostrar ao mundo ou a alguém, numa só ação, como foram “injustos” esses agressores, como foram descuidados, como ficaram à mercê de sua própria incompetência quando desprevenidos. Geralmente culpam os pais, os professores por sua incapacidade de os proteger e até de os ter ensinado a “ser como os outros”. Eles percebem que os fortes podem mostrar os seus sentimentos, e que os fracos devem escondê-los. Preparam-se para o massacre quando os fortes estiverem desprevenidos, matando-os e o objeto de seus maiores cuidados: crianças!
Ora, isto não se resolve com a eliminação das armas de fogo do mercado. Eles descobrirão novas armas que poderão ser captadas de um arsenal sem fim capaz de matar em grande número. No que respeita às armas, a maioria da população americana ainda cresceu ouvindo histórias do velho oeste, cow-boys que defendiam a própria vida e as diligências. Assistiram a filmes, e em muitos deles seu herói era o bandido, o aparentemente mais fraco. E faz-lhes todo o sentido que possuir uma arma é uma questão de vida ou morte contra “bandidos”, e há muitos em todos os lugares do mundo, com tendência a haver cada vez mais: O sistema econômico e político o permitem e o incentivam. O problema é que para eles, “bandido” é quem não os protegeu ou lhes impôs ações de bullyng. Não é assim na velha Europa. Não se imagina que um defensor da vida use sua arma para matar outros indivíduos por vingança.
O problema está na cultura. É certo que as treze famílias que fugiram da velha Europa para construir um mundo novo, eram também religiosas e dotadas de toda a moral possível, e seus descendentes, continuam dignos, porém criou-se uma mentalidade, talvez pelo tamanho do território e dos sucessos que a nova nação veio a ter na política internacional, que para se ser um bom cidadão é necessário demonstrar ser forte e inteligente. Na Europa também, mas a moral e a ética são mais socializadas dos que nos EUA. Estas duas vertentes do gênio humano, a moral e a ética, aprendem-se em casa mesmo antes de os alunos irem para as escolas, e as escolas públicas sempre garantiram a freqüência a todos os cidadãos desde tenra idade. Há serviços de ajuda pública constante através de serviços sem uso de caridade. A caridade machuca o ego. Nos EUA a ajuda em sua maior contribuição vem da caridade de associações e do Exército de Salvação.
Nos EUA criou-se uma cultura segundo a qual a Constituição americana dá oportunidade igual para todos, sendo o problema de não conseguir essa tal oportunidade do cidadão, que geralmente não tem culpa das oscilações políticas e econômicas. Quem não vai à escola é porque os pais não têm capacidade de ganhar dinheiro. Na Europa não há diferenças sensíveis entre escolas públicas e particulares, e a educação dá-se em casa sem necessidade de bater, salvo desonrosas exceções. Na Europa, alguém pode até se suicidar, mas não é comum que saia pela rua matando primeiro os outros, geralmente inocentes. Na Europa não se atinge o limite de sair dando tiros por corredores, praças, empresas, exceto, como em qualquer lugar, quando se trata de doença mental.
Evidentemente, como o total de vítimas deste tipo de agressão entre 1966 e 2012, é de 204, sendo 147 os mortos e 57 os feridos, o governo dos EUA não mudará absolutamente nada e a educação não chegará a todos. É a velha questão do custo benefício. Acharão que são poucas as vítimas para justificar uma recessão na fabricação e venda de armas, promover acesso escolar a todos os americanos e americanas, dotar a nação de serviço público gratuito de saúde, ensinar os pais a educar, combater as causas que geram indivíduos como esses.
O ultimo agressor, de vinte anos de idade e reconhecidamente um sujeito inteligente, matou a própria mãe e depois mais seis adultos e vinte crianças entre cinco e dez anos, pelo menos dois tiros em cada uma. Ele não era louco.
Absolutamente não era louco, e nada irá mudar nos EUA. Continuaremos ouvindo notícias destas. O próximo louco tentará superar o numero de vítimas como se estivesse, disputando os recordes do Guiness, independentemente da idade, posição social, estado de liquidez financeira.
Rui Rodrigues
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Histórico de atentados coletivos nos EUA (fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/o-historico-de-ataques-de-atiradores-nos-eua-5534974)
Publicado: 20/07/12 - 12h09 - Atualizado: 14/12/12 - 17h49
- Agosto de 1966: O estudante de 25 anos Charles Whitman abriu fogo contra colegas da Universidade do Texas, em Austin, da torre do relógio local. No ataque, 16 pessoas morreram e 31 ficaram feridas.
- Julho de 1984: James Oliver Huberty, um segurança aposentado, matou 21 pessoas em uma lanchonete do McDonald's na Califórnia. Policiais executaram o atirador em troca de tiros.
- Agosto de 1986: Pat Sherrill, um funcionário dos correios de 44 anos que iria ser demitido, matou 14 pessoas em posto dos correios em Oklahoma. Após o ataque, suicidou-se.
- Junho de 1990: James Edward Pough, que tinha envolvimento com gangues na Flórida, atirou aleatoriamente contra funcionários da General Motors e depois se suicidou. Matou nove pessoas.
- Outubro de 1991: O pescador desempregado George Hennard abriu fogo em uma cafeteria Luby's, no Texas, matando 23 pessoas, em um ataque que ficou conhecido como o Massacre de Luby's, o mais mortífero na história do país até o Massacre de Virgínia Tech (ver Abril de 2007).
- Abril de 1999: Os estudantes, Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17 anos, abriram fogo na escola de Columbine, em Littleton, perto de Denver, no estado do Colorado. Treze pessoas morreram, 12 estudantes e um funcionário da escola. Vinte e seis pessoas ficaram feridas. Após o atentado, os dois se mataram.
- Julho de 1999: Um homem abriu fogo e matou nove pessoas em Atlanta, depois de ter assassinado a esposa e os dois filhos. Ele cometeu suicídio cinco horas depois do ataque.
- Setembro e Outubro de 2006: Um atirador invadiu uma escola Amish, na Pensilvânia, e provocou a morte de cinco meninas. Dias antes, um adolescente de 15 anos armado matou o diretor de uma escola em Wisconsin. Dois dias antes, um sem-teto armado pegou seis meninas de uma escola do Colorado como reféns, estuprou-as e matou uma antes de cometer suicídio.
- Abril de 2007: Virginia Tech, uma universidade em Blacksburg, no estado da Virgínia, se torna palco do mais sangrento massacre na história dos EUA. Um estudante armado matou 32 pessoas e depois se suicidou.
- 2 de abril de 2012: um atirador mata sete pessoas e fere três ao fazer disparos contra uma universidade cristã em Oakland.
- Julho de 2012: Um homem mascarado matou 12 pessoas na pré-estréia do filme "Batman - O cavaleiro das trevas ressurge”, no Colorado.
- Agosto de 2012: Wade Michael Page, um ex-militar de 40 anos que participava de movimentos neonazistas, matou seis pessoas em um templo sikh em Oak Creek.
Em 14 de dezembro de 2012, conforme noticiário da Reuters e informação colhida na rede globo de televisão em 14 de dez.
- Um total de 28 pessoas morreu depois de um tiroteio numa escola no Estado norte-americano do Connecticut e em um local próximo, informou a polícia nesta sexta-feira. O atirador atirou contra a própria mãe e foi preso. Houve dúvidas – ou ainda há - se tinha sido ele, que tem 20 anos, ou o irmão mais velho. O número inclui 20 crianças, entre cinco e dez anos, e seis adultos, além do atirador e de uma vítima adulta (a mãe) num outro local em Connecticut, segundo autoridades.
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