Não nos conhecemos!...
Nem nós aos outros,
Nem os outros a nós,
Nem nós a nós mesmos.
Se gosta de meditar, poste-se em algum lugar confortável, tome uma bebida de chá ou café, cerveja vinho ou licor, e leia com muita calma. Medite!... Pare, escute-se, e se gostar, continue lendo.
Temos 99,9% em comum, geneticamente, em comum uns com os outros, seres humanos deste mundo, e deveríamos conhecermo-nos muito bem, porque dos "bens" disponíveis na natureza ou nas lojas, todos gostamos mais ou menos dos mesmos, temos hábitos muito parecidos, quase sempre as mesmas aspirações, conversamos muito, agora existem as redes sociais, todos falando com todos, e principalmente vemos as mesmas paisagens terrestres (se não for "in loco" é na TV ou no cinema)... Mas... Não nos conhecemos, e quase não reconhecia hoje o Rio de Janeiro.
Há aqui uma pequena questão: O que nos faz perder a condição de conhecer os outros? Por quê, se nos achamos tão conhecedores de tudo, e temos tanto medo de nos perguntarmos o que somos, nos questionarmos o que fizemos, bloquear qualquer tentativa de nos corrigirmos e corrigir os erros que cometemos? Creio que não gostamos de saber certas coisas porque preferimos "companhias", e portanto não questionamos para nos sentirmos mais confortáveis e não nos tirarmos o "prazer" da vida alienada sem pensar.
A vida alienada é mais ou menos como "A vida é bela" do cinema, sem que nos alheemos da paisagem. Por outro lado, temos tanto tempo para dedicar aos estudos (mesmo que por conta própria) mas... Nunca arranjamos tempo! Basta olhar políticos que nos rodeiam e o Eike Batista que já foi o 5o homem mais rico do mundo. Parece que nos sentimos melhor na ignorância de quase tudo o que nos rodeia, de como os outros são, de como somos e do que será de nós no futuro. Então o futuro chega a jato e desembarca no cais do hoje, podendo mesmo vir raspar-nos a cabeça, enfiar-nos umas alpergatas nos pés, e nos trancafiar numa prisão de Bangu "x"!
Tenho que me lembrar dos Neandertais. Tinham até cérebros maiores que os nossos, mas eram muito teimosos e insistentes. Viviam fazendo sempre a mesma coisa porque sempre dava certo. Usavam sempre as mesmas ferramentas. Um dia chegaram os Homo Sapiens, com utensílios diferentes, caçando melhor, coletando mais, e os Neandertais, mesmo sem que tivessem lutado contra os Sapiens, em nada mudaram. Seu território foi diminuindo, foram sendo afastados para lugares de vida mais difícil, caçaram menos, reproduziram-se menos, morreram mais, extinguiram-se. Eike Batista foi um Neanderthal do "empreendedorismo" com uso de captais públicos. Facilitaram-lhe o acesso aos capitais em troco de receberem uma parte que ele pagou com o dinheiro que recebeu... Ia pagar ao BNDES por umas quantas gerações, mas por milagre, ninguém reclamou a falta do dinheiro de volta aos cofres públicos... Mas não parece ter sido apenas ao BNDES que Eike foi apanhar dinheiro...
E dizer que já teve Luma de Oliveira pela coleira... Quantas mulheres lhe abriram a boca, as pernas e o traseiro dizendo Amem e pensando que tinham sido comidas por um grande homem de fino trato. Algumas nem souberam que Eike não tinha diploma e que nem podia catucar onça com vara curta...
Bangu, o bairro do Rio de Janeiro com mais criminosos por pé quadrado... Pobre bairro que não merecia tanto. Este conto semelhante aos de Grimm poderia chamar-se "O pesadelo dos babacas"
Rui Rodrigues.