1. Mulheres gostam de flores, homens de mulheres.
Um amigo meu, O “Waltinho” bom sujeito, simpático, bonachão, ultrafamíliar, que não vejo há muitos anos, e a quem a linda mulher Vânia chamava simpaticamente de “gordo”, disse-me uma vez: - “Mulher não se compreende. Decora-se”. Ele, além de colega de profissão era também um grande filósofo gozador. Acabou separado amigavelmente da mulher muito cedo, em menos de cinco anos, e sempre me ficou a dúvida que nunca me interessei em pesquisar, se tinha decorado bem a mulher e por isso se separara, ou pelo contrário e o resultado tivesse sido o mesmo. Também estou separado, mas não sei há quanto tempo, porque casamentos terminam muito antes de terminarem. O que importa é que há sempre aquela fase desde o namoro em que um deseja, quer, faz questão absoluta de agradar ao outro, muitas vezes, ou quase sempre, á custa da individualidade, daquela coisa a que chamamos “eu” e que amamos tanto e da qual relutamos em abrir mão. Nós e elas também. Mas é nessa fase do agradar que, romanticamente, homens oferecem flores ás namoradas, noivas, esposas. Quando começa a oferecer também á primeira amante, a coisa está feia, o coração já começou a dividir-se, melhor parar. Homens podem gostar de flores, mas não ficam sensibilizados com elas e as usam para mostrar agrado e consideração. Preferem ter sua marca própria de cerveja, marca de vinho, preferência por seu time de futebol, um lugar específico na casa, como uma cadeira, um canto, um lugar no sofá, um lado da cama com qualquer mulher que lhe agrade. Na cama fica quase sempre do lado direito da mulher para que a sua mão direita fique livre para poder defender-se. Se ficasse do lado esquerdo da mulher, sua mão direita que normalmente usa para se defender de estranhos, ficaria imprensada e imobilizada no meio dos corpos, e teria dificuldades para afastar o lençol. Á primeira vista parece que há explicações para tudo, mas não é verdade. Há coisas que não sabemos, nem sabemos se um dia saberemos. Minha teoria, não sei se alguém já falou sobre isso, é que sabemos mais do que aparentemente temos consciência de sabermos, e essa “memória” oculta estaria em cada gene que possuímos. Seria uma “memória genética”, parte integrante do “inconsciente” freudiano. Mas que tipo de flores cada mulher prefere? Aparentemente todas. Haverá uma explicação para as preferências? Não sei. Talvez alguém, algum dia, decida fazer pesquisa com sobras de alguma verba disponível.
Abstendo-nos do "computador" que terá elaborado as leis de nosso universo, o DNA é o mais perfeito "computador" da natureza que conhecemos.
Antes que me esqueça, nem todos os homens gostam de mulheres, nem todas as mulheres gostam de homens, mas isso para mim não muda em nada minha preferência exclusiva por mulheres. Ser hétero não é caso para se ter orgulho mas para se ter muito prazer e felicidade nisso.
2. As preferências das flores por polinizadores.
Ao contrário do “Waltinho”, penso que mulher tem que ser decifrada e compreendida apenas para garantir um bom tempo de relacionamento, porque homem e mulher, como disse algum filósofo de boteco, quando querem dar-se, não tem quem segure. Nem fogo de morro acima, nem água de morro abaixo. O filósofo deveria ser flamenguista lá do morro da Mangueira, lugar de minha Escola de Samba preferida, do tempo em que malandro não era mané e o Flamengo tem a maior torcida do Brasil.
Mulheres não preferem receber flores nem de maracujá nem de mangueira.Nas primeiras a fecundação é feita principalmente por morcegos, e as segundas são muito pequenas, com a desvantagem de se perderem os frutos comestíveis, ao arrancarmos a flor. Rosas dão pequenos frutos, alguns até comestíveis, que têm cheiro fragrante forte agradável e segundo a “Universidad de Extremadura” na Espanha, tem propriedades antioxidantes.
São muitos os polinizadores de flores, desde reles moscas e irritantes mosquitos, a melíferas abelhas, passando por hediondos marimbondos e formigas acidulantes, esvoaçantes mariposas palpitantes. Aves, como os colibris promovem a polinização entre outras flores, e até mesmo cobras e outros répteis podem fazer esse serviço. O vento e a água também. Que tipo de ser vivo poliniza cada flor? É aí que entra a nossa memória genética. Não temos consciência, mas “sabemos” o que fertiliza cada flor, e por repulsa ou por desejo relacionados freudianamente com os polinizadores, são escolhidas para simbolizar sentimentos, considerandoevidentemente o cheiro, a aparência, a simetria, e o “número de ouro, o Φ , que se lê fi e se escreve Phi“ [1], função que determina pelas proporções das formas, a beleza de cada flor, dos seres vivos em geral e tudo nas formas da natureza.
3. A psicologia das flores
Se formos mais longe no estudo das flores e dos polinizadores, ainda podemos nos surpreender ainda mais com a “síndrome floral”. As flores atraem os polinizadores – são elas que os atraem - pelo tamanho da flor, pela profundidade e largura da corola, pelos “guias do néctar” que são cores visíveis apenas sob luz ultravioleta, e pelo odor e composição do néctar. Mais ou menos como se a flor fosse uma fêmea atraindo um macho para ser fecundada. Coroa grande, “macho” grande, coroa pequena, “macho” – ou polinizador - pequeno. Pássaros preferem flores vermelhas com longos tubos estreitos e muito néctar. Besouros são atraídos por flores largas, com pouco néctar e pólen.
Ora se não se vê analogia no nosso mundo humano... Parece evidente que sim. Basta que se imagine o prazer de uma bela moça, na flor da idade, cheia de hormônios, com a vagina de bela cor interna rosada, úmida cheia de “néctar”, ao receber um lindo ramo de rosas vermelhas de um admirador, cujo gesto deve significar que lhe entende os desejos e que os quer compartir. Por outro lado, rosas brancas significam pureza, amarelas amizade que pode até vir a ter outra conotação com o tempo, assim no padrão, “vamos devagar”. Não vale a pena um estudo sobre as flores, principalmente quando se considera que homens podem ser considerados como os “insetos” que polinizam qualquer flor, e as “flores” que atraem insetos que as polinizem?
® Rui Rodrigues.
[1] Phi = Φ, que equivale à dízima não periódica 1,61803398 também chamado de ‘razão áurea” estabelece as proporções que mais agradam ao ser humano, símbolo da perfeição.
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