Os ventos do pensamento por Terra mar e grei.
Primeiro veio a semente com os ventos mais agradáveis: O continente único e enorme chamado Pangea havia-se separado para dar lugar a mares pequenos, em vez daquele mar gigante a que chamaram Pantalassa e a novos continentes, menores. Foi o dia em que o planeta decidiu que não queria nada de grande e enorme em sua superfície. Até o Thetis, enorme oceano no interior de pangea abriu caminho para outros oceanos e se chama hoje Mar Mediterrâneo. Os dinossauros haviam acabado também. A semente não foi uma semente física. A semente nasceu no cérebro, num esforço tremendo para se adaptar ao meio em que vivia. Foi a semente do homem. O símio levantou-se em duas pernas e partiu, já homem e mulher, para conquistar o mundo que viam. Uns foram por mar, outros por terra, e surgiu a grei, a que se chama também de humanidade. A humanidade é constituída por seres ridiculamente pequenos, mas com uma alma tão grande que conquistou a terra, os mares, os ares e o espaço onde nem se pode respirar de forma convencional. A grei continua em franca adaptação ao ambiente e a outros ambientes. Evolui. Rasga-se o velho, descobre-se o novo para conquistarmos as estrelas. É uma questão de sobrevivência. Está escrito em nosso “complexo reptiliano” ou “bulbo raquidiano”, em nossos genes, e por mais estranhos que pareçam os caminhos, nada nos segura. Vamos conquistar o Universo, chegar aos seus confins, viver em outras terras, outros mares, outros ares, e se encontrarmos passagem, outros espaços e universos.
Esta foto é de guerra convencional interna- Líbano.
Ou pereceremos numa estúpida guerra mundial, porque o que temos de sensatos, determinados e inventivos, também temos de ambiciosos, ignorantes e loucos. São os sistemas de governo que decidem os nossos destinos, e se nos apresentam loucos, ambiciosos e ignorantes para neles votarmos, então que não votemos até que percebam que não nos agradam, por não sermos como eles.
Não somos como eles?
Nenhum ser humano suporta ser tocado como gado, submeter-se a outrem ou a algo, principalmente quando não admira esse alguém ou esse algo. Se o rejeita, surge uma revolução e isso é apenas uma questão de tempo ou oportunidade. Para se admirar alguém ou algo, é preciso que tenha qualidades. Porém, se lançarmos fortes propagandas destruindo o conceito dessas “qualidades”, logo estaremos com produtos vencidos em nossas prateleiras do pensamento, e somos “padronizados” numa questão de tempo [1]. Depois, evidentemente, abole-se o que não interessa e se recomeça de onde se parou antes da propaganda. Isso é perda de tempo. A humanidade não percebe de antemão em que atoleiro se mete. É uma espécie terráquea experimental. Vive de sonhos e experimentação. Se o sonho parece lindo, experimenta. Não temos laboratórios de simulação de futuro. Fazem-nos muita falta. Já não somos nem nunca fomos Homo Sapiens. Somos “Homo Experimentalis” por completa falta de visão de consequências. E o mais importante é o substantivo. Deveria ser “Experimentalis Homo”... “Sapiens Homo”... O homem não é importante, mas o que faz e como faz.
Pequenos grupos humanos, porque cada ser humano tem uma “especialidade” e se juntam segundo uma linha comum de pensamentos, olham horrorizados para as grandes massas, como correm para precipícios atraídos por tocadores de flauta, como se fossem flautistas de Hamelin [2]. Estranha democracia a que temos, que nos põe nas mãos do voto das maiorias, normalmente sem vastos conhecimentos, imediatistas em mundo que se constrói tão devagar, ambiciosos em mundo em que quem pode mais consegue sempre mais, sem visão de cosmos e da necessidade que temos de nos prepararmos para um futuro sombrio na questão de sobrevivência como espécie. Pensando assim, desviamos recursos necessários ao desenvolvimento da ciência, de viagens espaciais, do bem estar social, para atendermos a industria da guerra, o enriquecimento de companheiros de partido, para a corrupção, que tal como qualquer droga produz estragos que só nos atrasam em nosso percurso ao desenvolvimento da humanidade. Tudo isto passará um dia, porque as sociedades se revoltam ao constatarem que não deveriam ter seguido os flautistas de Hamelin, muita gente morre e sofre entretanto, mas a história mostra que é assim: A humanidade se revolta e muda os rumos que lhe quiseram traçar. O problema é que perdemos tempo. Já estamos caminhando em zigue-zagues (e para trás e para frente) há quatro milhões de anos como “homo” e há cerca de 200.000 anos como “Sapiens”... Somos “Experimentalis Homo”, não me restam dúvidas.
Passo pelas redes sociais e vejo como correm para as notícias em busca de imediatismo; flautistas de Hamelin; mulheres barbadas; anões de congressos; novidades para pintura de unhas; cuecas sutiãs e meias cheias de dólares enquanto continuam roubando em iates, aviões, navios caminhões e trens; assinaturas para liberação de verbas; ver danças com famosos como se a fama fosse algo importante atribuído apenas a artistas, como se não estivéssemos todos "dançando" neste país; Almoços com "estrelas"... E há uma casa cheia de gente medíocre em busca de aplausos que, aliás, são a cada dia mais “ adicionados” por propaganda paga para o programa ter “audiência”... Que mundo merece o substantivo de real e qual merece o de falso? A que grupo pertencemos cada um de nós? Qual a sua resistência á tentativa de nos “massificarem”, pagar por idiotices quando nos falta o pão em casa e não temos dinheiro para pagar médicos fora do sistema do SUS? Famosos e estrelas carecem de sentido.É mundo de ilusão...
Se atentarmos para a nossa responsabilidade sobre os governos que mantemos no poder, mesmo sabendo que estão explorando a população, porque defendemos quem não sabe o papel que deve desempenhar na vida, se aproveitou dos que elegeu, porque nessa época seu imediatismo e ambição o levou a votar nesses flautistas, e hoje paga – com o dinheiro do qual se aproveitou – para pagar a traficantes de almas que o levem para a Inglaterra e a Alemanha? Quem tem cinco mil dólares hoje na Síria para pagar a traficantes de “navios imigratórios” [3]?
Quem irá entender o que escrevi?... E isso importa? Claro que não importa. Sempre há quem, desculpa após desculpa, erro após erro, ainda acredite que são ilibados os flautistas de Hamelin. E Jesus Cristo deverá ressuscitar (ou vir ao mundo assim como Dom Sebastião, o rei bonitinho amado pela populaça) novamente por estes dias. Talvez num dia de nevoeiro, mas antes de uma eventual catástrofe mundial provocada por inculto e bronco presidente de alguma nação "democrata".
® Rui Rodrigues
PS- Depois de concluído este texto fui verificar se alguém já teria descoberto a ideia de um "homo experimentalis"... Já... Um monte... Que bom que existe mais alguém que já tenha abordado essa característica de nossa humanidade Sapiens.Um dia lerei para saber da "idiossincrasia" do grupo.
[1] Como nos tempos de Mao Tse Tung, quando todos usavam a mesma roupa, e o livro vermelho do comunismo era lido em todas as casas, lojas, eventos, por toda a China... Mesmo assim, o comunismo sumiu da face da Terra, limitando-se hoje a saudosistas sonhadores, daqueles que se arrepiam por todo o corpo ao rever o filme “ Red” e o hino da Internacional Socialista... Se fosse por saudosismo, logo estaremos de volta ao topo das árvores coçando sovaco, projetando o lábio inferior para frente, e urrando... Banana, a fruta preferida.
[2] Ver a lenda em https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Flautista_de_Hamelin
[3] Em comparação com ‘navios negreiros” do passado. Porões cheios, irrespiráveis... Antes não havia motores. Com os motores de hoje, no porão gente morre por excesso de gás carbônico, anidrido carbônico... Parece que só evoluimos bastante em motores...
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