Sociedades em transformação e o Mundo Gay
A humanidade tal como pensamos que a conhecemos, parece tão complicada quanto o ser humano em si, e se já é tão difícil entender todo o perfil de um ser humano e suas características, podemos imaginar como será ainda muito mais difícil entender a humanidade, um enorme ser composto de pequenas células a que chamamos de “seres humanos”, nem com tanta propriedade, ou pelo menos com propriedade duvidosa. Somente por volta de 1915 com o aparecimento de Sigmund Freud a complicada mente humana começou a ser desvendada. Hoje já sabemos onde se encontram os centros de memória, que a metade esquerda do cérebro comanda o sistema nervoso do lado direito de nosso corpo, que as enzimas têm papel fundamental nas sinapses - que são as comunicações entre neurônios - que existem substâncias que se produzem no cérebro que nos dão alegria ou tristeza conforme a nossa percepção pessoal. E um infinito de coisas que ainda são muito poucas para que tenhamos a descrição completa de como funcionamos. Só recentemente os EUA empreenderam uma pesquisa para mapear todo o cérebro humano a exemplo do projeto Genoma.
Acreditava-se antigamente que ser homossexual era uma doença, tal como a síndrome de Down, que também não é doença. Também se acreditava que com eletro-choques se poderia curar uma “doença” a que chamavam de “histeria” e toda a “anormalidade”, acreditava-se, poderia ser curada com eletro-choques. O escritor Paulo Coelho foi mandando para um hospital, o Pinel, porque tinha “desvio” de comportamento. Acreditava-se em muitas coisas que nem vale a pena enumerar porque somente iria provar que as verdades de ontem já não são necessariamente as de hoje porque a humanidade evolui onde não existam governos que tolham o pensar, solapem a iniciativa privada, restrinjam a educação, matem a esperança de evoluir. Aparentemente estivemos andando à deriva durante milênios e só agora entramos no futuro, e sabemos quase tudo. Ledo engano. Nossos ancestrais pensavam exatamente como nós pensamos hoje. Pensavam que sabiam tudo e que pouco haveria para descobrir. Voar era um sonho impossível só reservado às aves, golfinhos eram peixes como os outros, mulheres tinham que usar cintos de castidade e homossexuais eram a vergonha da tribo, do bairro, da nação, eram apedrejados, condenados à morte. Há sociedades que evoluem mais rapidamente do que outras, porque neles há mais das liberdades a que me referi acima. E a humanidade muda devagar, mas sempre cada vez mais rapidamente. Chegaremos a um estágio de progresso que não poderemos acompanhar. Depois de sairmos das Universidades como os mais brilhantes e atualizados cientistas, podemos ficar fora do mercado dez anos depois, porque as pesquisas técnicas evoluirão de tal forma que nesse espaço de tempo nos teremos transformado em analfabetos técnicos, completamente defasados das ultimas inovações tecnológicas.
A humanidade sabe que a superpopulação na Terra traz problemas como os que foram verificados em testes com ratos por Pavlov. Manipuladas as áreas de vida, a alimentação e a superpopulação, criando situações de extremo estresse, os ratos se comeram uns aos outros em lutas ferozes nem sempre por alimento. A humanidade não quer de forma subconsciente que se chegue a uma situação dessas vendo familiares tombarem e serem comidos em nome da sobrevivência. Precisamos provar que somos humanos e não apenas animais. Tudo no universo está interligado e tem uma explicação.
Parece haver algo ainda mais profundo que advém dos princípios de Darwin, de Freud, da Mecânica Quântica, da Astrologia e da Teoria do Caos quando analisadas em conjunto: O universo é assim, porque desde o principio foi regido por leis que o tornaram assim, permitindo o surgimento deste planeta com a vida que nele vemos, tal como. No fundo, ao olharmos para uma floresta, seu aspecto nos parece caótico, tudo desalinhado. A natureza do mundo vivo é assim, mas há lugares de vida onde não nos parece tão desorganizada, tão desalinhada. È o mundo dos seres humanos com suas fileiras organizadas de exércitos, criando leis para a vida, a exemplo das leis do universo. Porém, no mundo inerte das rochas, vemos cristais com seus átomos tão alinhados e organizados, que chegam a ser transparentes, brilhantes, diamantes. E nós apreciamos tudo isso. A desordem, a ordem, a anarquia e as leis. Em algum lugar, em qualquer instante um pouco disto e daquilo são sempre necessários, ora como num vulcão que nunca se sabe – ainda - quando vai entrar em erupção, ora como as águas calmas de um lago. Ou ainda como a seriedade britânica de seu parlamento ou a bandoleiragem do senado em Brasília, na Grécia, em Portugal, na Espanha e em muitos outros países do mundo, onde até tramitam condenados da justiça, mas isto de condenados da justiça só em Brasília. Porém o mundo evolui e haverá mudanças.
Tenho orgulho de não ser homossexual, nem senador neste país, mas tenho orgulho de quem é homossexual. Sou democrata, parece-me que entendo o mundo em que vivo e creio na humanidade porque não há alternativa para ela. As leis da natureza a impedem do suicídio. A Terra não tem o nome de Gaia à toa. Os livros - sagrados ou não - devem ser revistos para não criar divergências ignorantes entre fiéis que não têm condições de entender o mundo que os cerca.
Um brinde à vida, um brinde a todos os seres hetero, homo, ou o que quer que sejam, até abstêmios sexuais. Mas como em tudo, é necessário perceber o entorno e o contorno da “moda”. Mudar de apetite sexual na senilidade pode significar que se trata apenas de uma desilusão, uma falta de opção com o sexo oposto, um modismo para ficar na onda, um desejo de experimentar e depois se defrontar com a realidade de não encontrar saída a menos que se mude de bairro, cidade ou nação.
© by Rui Rodrigues
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