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sábado, 1 de junho de 2013

Lendas da Esbórnia nos tempos da Compostela


Lendas da Esbórnia nos tempos da Compostela 


(Ou de como nunca entendemos o que é tão claramente óbvio e lógico)



Dom Ruy Samuel de Sousa Pires Rodrigues Calatrava Valverde e Saboia nasceu na península Ibérica no longínquo ano de 1.147 DC (depois da crucificação) e era um dos cavaleiros da Mesa Sextavada, uma organização secreta que se dedicava a combater os inimigos do reino. Era um cavaleiro cavalheiro, e como não é tradição nem se escreveu muito sobre cavaleiros cavalheiros peninsulares - deve ter sido uma questão de marketing medieval - chamaremos ao nosso herói (ele é um herói) o curto e nobre nome de Sir Ruy. Assim se verá, ainda que com os mesmos olhos, melhor aceitação dos seus feitos. Fama e admiração popular não é para quem merece, mas para quem tem marketing. Sir Ruy agora tem marketing por ter trocado o “dom” por “sir”. E lá o vemos cavalgando garboso em seu cavalo no inverno daquele ano, com sua capa de lã de ovelha, a barba os bigodes e as sobrancelhas mescladas de neve. Dirigia-se a Santiago de Compostela para cumprir uma promessa se obtivesse um favor do santo. A Catedral começada a construir em 1.075 estava finalmente construída e já atraía peregrinos com seus cajados com conchas de vieiras penduradas. Sir Ruy conhecia o trabalho dos santos que nem sempre atendiam aos pedidos, mas que quando os atendia deixava os contemplados sempre na dúvida se a graça tinha sido alcançada por acaso, por obra de outro santo ou santa, ou porque haviam tratado bem a causa, a doença. Levava consigo o seu fiel amigo, D. Alberto de Aguilar Pamplona de Arcos Ferrabrás Álvares Y Salcedo, que também pelo mesmo motivo de marketing medieval chamaremos shakespearianamente de Sir Albert.  Com tantos sobrenomes nem adianta explicar a sua complicada árvore genealógica por pura perda de tempo. Eram solteiros, buscavam noivas famosas que não tivessem ainda prevaricado nas alcovas, nos montes de palha dos armazéns de fazendas, em carruagens de nobres famosos ou sem fama, à beira de rios em rápida cama feita de fachocos de palha durante a lavagem de roupas, nos banhos de rio quando todos pensavam que as mulheres estavam sozinhas, ou nos quartos de primos amigos. Como também não imaginavam casar com múmias insensíveis que os recebessem na cama como estátuas frias cobertas por lençol de morgue, a busca estava realmente difícil. As intocadas que haviam conhecido – por assim delas dizerem – ou eram muito novas, sem tempo para aprenderem, ou seriam exatamente umas múmias insensíveis, irrecuperavelmente incompetentes na cama e que não participariam ativamente dos saborosos atos sexuais a que estavam habituados com as mulheres da “Old Pleasure Tavern”, na cidade de Liverpool onde tinham ido juntamente com os outros Dez de Inglaterra. Se aparecessem assaltantes pelo caminho, como sempre costumavam aparecer, eles próprios os assaltariam. E lá foram sem nem mesmo tomar banho porque ainda não se haviam passado trinta dias desde o último que haviam tomado, com um pequeno alforje com alguns cruzados de ouro, umas côdeas de broa de milho, quatro garrafas de bom vinho tinto e dois cobertores cada um. Das garrafas, duas no alforje e duas no buxo que já partiram animados para a viagem. Com trinta e dois anos de idade nenhum deles tinha já todos os dentes. Tentaremos imaginá-los de banho tomado, perfumados, barbeados, para não ferir a saga que aqui se conta. Aquela fama de heróis medievais todos inteiros, garbosos e perfumados que se vê hoje em filmes, é pura balela. Aos vinte e cinco anos já estavam todos casados, gordos e barrigudos, carecas e sem dentes. Os tempos eram assaz difíceis e sem esposa, seriam tomados por “sensíveis” que não gostavam de mulheres, o que era terrível para eles: Não podiam ser heróis, participar das lidas, dos atos de governo e seriam marginalizados. Um dia Sir Albert, muito a propósito, perguntou a Sir Ruy como teria sido a vida de Jesus Cristo, solteiro aos 33 anos, morrendo na cruz sem nunca ter experimentado o túnel da felicidade das mulheres, que sempre têm dois e muitos é que não sabiam, sendo um para o dia a dia, e o da frente só para casar ou embarrigar. 


D. Ruy nunca respondeu satisfatoriamente a essa pergunta tão lógica nem agora que o assunto voltara à baila durante a longa subida no mapa de terras lusas para terras galegas montando dois briosos corcéis que, depois de cansados de tanto caminhar não passavam agora de duas cavalgaduras trôpegas. Tinham os dois muito pouca experiência com mulheres porque os maridos lhes punham cintos de castidade, as moças eram vigiadas pelos pais e se engravidassem logo confessavam quem era o pai da criança, e só lhes restavam as mulheres casadas para treinar, daquelas que conseguem a confiança do marido. 
Foram falando sobre isso durante a longa cavalgada. Eram bons tempos de esbórnia, já que se houvesse oportunidade de treinar não teriam a quem dar satisfações porque jamais os veriam novamente. O tempo passara tão rápido com tanto conversar, cada um entregue a suas lembranças, a suas revisões da vida, que quando repararam estavam no final da Portela do Homem, na serra do Gerês, a escassos minutos da fronteira com a Galiza. Pararam numa estalagem com um bar na entrada, os quartos no subir das escadas. Pararam no balcão e pediram uma garrafa de vinho, uns nacos de pão de centeio e um bom pedaço de presunto defumado de porco pata negra.  Foi então que repararam em dois homens estranhos que estavam cada um num dos lados do extenso balcão. 
Eram mal encarados, e olhavam insistentemente para os seus alforjes. Quando Sir Albert deteve um pouco mais o seu olhar nos belos olhos verdes da atendente do balcão que lavava umas pesadas canecas de estanho, um deles disse que a moça tinha dono. Perplexo, D. Ruy olhou para a moça que acenou negativamente com a cabeça. Sem mais nem menos, o interlocutor sacou da espada sendo imitado por seu companheiro na outra extremidade do balcão enquanto lhes exigia os alforjes. Sir Ruy e Sir Albert não eram nada ortodoxos nessas coisas de preservar a vida, assim que duas canecas de estanho ainda com vinho pelo meio saíram velozes de suas mãos e foram arrebentar a boca de um dos espadachins, enquanto o outro desmaiava com a testa aberta. Perguntaram ao estalajadeiro se conheciam os dois facínoras. Não. Não os conhecia nem eram da terra. Talvez de algum dos reinos de França ou da Teutônia . Então cada um puxou de sua adaga e fez um pequeno corte na garganta de cada um deles. O sangue saiu aos borbotões sob os olhos arregalados do estalajadeiro. Nunca vira tamanha pontaria no arremesso de canecas nem sangue tão frio de dar apenas um pequeno corte suficiente para que os meliantes sangrassem como porcos. Então tiveram que explicar ao admirado estalajadeiro que não iriam fazer o resto da viagem com os dois bandidos vivos e irritados em seu encalço. Ademais não tinham provocado nada. A vida deveria ser vivida em tranqüilidade e não com alguém buscando vingança nos seus calcanhares. 

Subiram para o quarto depois de combinarem o valor da companhia da loura de olhos verdes do balcão. Nesse dia, mesmo sem se terem passado 30 dias desde que haviam tomado banho pela última vez, tomaram um com sabonetes de feno, num enorme alguidar de madeira, na verdade meio tonel de vinho cortado a caráter, usando esponjas do mar da Galiza. Naquela noite as quatro cabeças descansaram como se estivessem no paraíso, sem qualquer ejaculação noturna durante o sono.
E saíram para Santiago de Compostela ao amanhecer, o corpo descansado, ainda pensando no que significava ser cavaleiro cavalheiro. Com bandidos não havia contemplação nem cavalheirismo. Já com a linda galega de olhos verdes, tinham sido o mais cavalheiros que podiam ter sido: Usaram tripa de intestino de porco para evitar que engravidasse. Era o que se dizia a voz pequena pelas cidades, para evitar o nascimento de filhos. Além do mais, se ficasse grávida de quem seria o filho? A pele de intestino de porco, devidamente lavada lhes evitara o dilema. O próximo treino nenhum dos dois sabia quando aconteceria. Depois de longo cavalgar, com algumas paradas pelo caminho para dormir sob a sombra das árvores, chegaram então a uma pequena vila galega chamada Sanxenxo. Havia festas por lá, e muitos cavaleiros de túnicas brancas com uma enorme cruz vermelha de alto a baixo, acompanhados de gordos monges e abades com cruzes de duro aço e nobre madeira levantadas trotavam pelas ruas com arauto arrebanhando almas para uma cruzada contra os mouros. Não fosse a coceira que os dois sentiam dos chatos percorrendo-lhes o couro cabelo, a barba e as partes da boa e gostosa pudicícia, teriam disposição para se alistarem na cruzada, mas além desse incômodo, havia também o negócio que tinham de tratar com o santo Tiago de Santiago: Eles pediam-lhe um favor, o santo fazia o milagre e eles pagavam a promessa. Acreditavam que era um bom negócio para o santo. Já tinha passado mais de uma semana que haviam saído da “Old Pleasure Tavern” e dos braços da loura de olhos verdes e ela não lhes saía da cabeça, embora desconfiassem seriamente que fora ela quem lhes arrumara toda aquela chatice que coçava como o diabo. Sua vontade como bons e lídimos peninsulares era interromper a cavalgada, voltar á estalagem, apanhar a loura de jeito, dar-lhe um par de tabefes, e perguntar depois se ela não sabia que tinha chatos, mas como bons cavaleiros cavalheiros, resolveram que a deixariam em paz. Resolveram entre si que como não se importavam mais com a paternidade de uma gravidez alheia indesejada, já podiam tirar as tripas de porco, porque nem já suportavam o cheiro daquela coisa imunda. Tiraram-nas ali mesmo no meio da rua, usando a capa como proteção dos olhos alheios e as jogaram no chão. Um cachorro que ia passando acercou-se mas afastou-se ganindo do local desaparecendo entre as pernas de um mar de gente. 
A cidade estava em alvoroço. Havia carroças sendo cheias com trouxas de roupas, malas, frutas, carnes e peixes salgados, cheiros misturados ao sarro dos corpos suados, dando a impressão de grande catástrofe que se aproximava e que a cidade ia mudar-se para evitá-la. Algumas mulheres costuravam cruzes vermelhas em lençóis de linho costurados em túnicas. Corria voz que Jerusalém era uma cidade muito rica, com templos encimados por cúpulas de ouro. Mulheres da vida recém saídas dos puteiros da cidade comentavam que na Terra Santa se redimiriam de suas culpas, voltariam ricas e livres de pecado não sendo mais necessário entregar-se aos corpos sujos de homens grossos sem cuidados, a maioria visivelmente doentes até de sífilis aos quais não podiam recusar o coito sob pena de perderem o emprego, o ganha-pão. Beatas recém-saídas das sacristias rezavam por seus maridos que partiam para a glória. Não sabiam, nenhuma dessas pessoas, nem ninguém podia saber que não era uma catástrofe que chegava à cidade, mas uma catástrofe que buscavam e que encontrariam levados por uma fé que lhes arrepiava a pele, lhes fazia levantar os olhos agora cândidos aos céus, sentir que Deus existia. 
Todos tinham confessado seus pecados - e comido o pão e tomado o vinho que os faria imunes às desgraças - aos abades e monges que agora percorriam as ruas inebriados, os interlocutores entre os arrebanhados e seu Deus representado morto, não ressuscitado. Com tanta confusão resolveram seguir caminho, mas não andaram muito e já quatro salteadores montados em mulas ruças lhes saíam pelo caminho, ansiosos por seus cavalos, espadas, roupas e pelos alforjes que adivinhavam gordos. Assaltavam pela boa razão, que achavam justificável perante seu deus, que era para uma boa causa: Juntarem-se à turba malta, chegar à Terra Santa e roubar os templos dos infiéis. Não conseguiram. Saídas de debaixo dos capotes de Sir Ruy e Sir Albert surgiram duas bestas já armadas e retesadas com duas flechas que partiram céleres e certeiras para os peitos dos dois assaltantes que estavam mais perto. As mulas continuaram seu caminho em frente, o resto do corpo dos dois homens acompanhou por breves segundos o caminho traçado, mas os seus peitos ficaram exatamente no mesmo lugar, caídos das mulas, vazados, esguichando jorros vermelhos e pulsantes de sangue a cada batida, cada vez mais lenta dos corações moribundos. Os segundos tentaram parar ao ver os dois primeiros caídos, ensaiando uma corrida para a lateral do caminho por onde poderiam fugir, mas dois machados lançados com mão certeira se cravaram nos crânios esguichando miolos e sangue que logo chamaram a atenção dos lobos que uivaram bem perto pressentindo a carniça. Desceram dos cavalos e dirigiram-se aos quatro cadáveres. Arrancaram os machados dos crânios, partiram as costelas dos dois alvejados e retiraram as flechas. Nada se podia desperdiçar em terra estranha. Limparam as armas nos trapos da roupa assaltante, montaram em seus cavalos e seguiram caminho no mesmo passo em que seguiam antes. As montarias não podiam cansar-se em trajeto tão longo. 
Quando chegaram a Santiago de Compostela a cidade estava cheia. Havia troços de exército cavalgando pelas ruas, outros formados em praça, comandantes gritavam ordens para ordenar a desordem total. Parecia que a cidade também estava de mudança. Também se preparavam para a grande cruzada contra os mouros infiéis. Muitas mulheres ficariam sozinhas, com seus cintos de castidade rilhando-lhes o baixo ventre, na esperança de que seus maridos ficassem por lá, pelas terras do oriente. Alguém lhas abriria. O que mais as incomodava não era o fato de não poderem fazer sexo, que esse sempre davam um jeito de fazer, mas era a higiene, aquele aparelho difícil de limpar pelo lado de dentro porque não podia ser tirado, limpo, tresandando a uréia rançosa e fezes úmidas nunca secas. Outras, às quais o sexo egoísta dos maridos não incomodava, rezavam para que voltassem sãos e salvos mesmo antes que tivessem partido. Coroinhas de rubras túnicas paramentadas com rendas brancas percorriam as ruas com sacerdotes oferecendo aos peregrinos uma cruz fartamente lambuzada para beijar, transmitindo doenças graves em nome da fé. Sir Ruy e Sir Albert passaram disfarçadamente pelas aglomerações e foram diretamente para o templo fazer as suas orações. Faziam-nas ao Pai, separando-o do filho que morrera, porque haviam aprendido que Deus não morre, não tem estátua nem de ouro como a do bezerro. Para os dois, poderiam orar em qualquer templo judaico, cristão ou muçulmano porque o Deus era o mesmo, mas aqueles sacerdotes primitivos punham o pai abaixo de outros interesses terrenos e lutavam entre si pela primazia do público. Queriam público, gente que aderisse aos templos para lhes levarem esmolas, dar-lhes o poder de impor reis, aprovar a existência de Estados, criar um império. Esses sacerdotes jamais saberiam a quem Sir Ruy e Sir Albert rezavam, se a D’Us, se ao pai do filho, se a Alah. Então ao entrar no templo se assustaram com o descomunal queimador de incenso que passava tilintando metais e soltando fumaça por sobre suas cabeças, impulsionado por grossa corda de sino puxada por dois acólitos vestidos de mantos negros. Era como se Deus os ameaçasse com a fogueira eterna. 

Foram obrigados a olhar para o teto, negro de fuligem de velas queimadas, fumaça de incenso. Era um templo sombrio e barulhento, em forma de cruz e com pouca iluminação como se Deus não fosse a clarividência, o conhecimento, a luz. Imaginaram como ficaria ainda mais escura se resolvessem construir nichos para santos a que chamavam de capelas. E eram tantos o santos que a toda hora apareciam como fazedores de milagres. Estátuas de santos estavam espalhadas por nichos onde se queimavam velas.  Não reconheceram um só santo. Duvidaram até que a imagem correspondesse ao rosto real daqueles que representavam. Era sobre isso que comentavam entre si em voz comedida como se ninguém os ouvisse ou entendesse. Foram confessar-se. Ambos confessaram pequenos pecados como inveja quando os outros comem doces e não lhes dão nem migalhas, luxúria quando vêem mulheres lindas na rua sem se preocuparem se eram ou não casadas, a morte de bandoleiros com as próprias mãos sem se preocuparem em salvar-lhes a vida e levá-los para o bom caminho. Depois de absolvidos fizeram a mesma pergunta a seus absolvidores: O que seria justo pagar a Deus se sua velha mãe se curasse de uma doença que lhe deixava a pele cheia de bolhas negras como se fossem bexigas. Ambos tiveram respostas diferentes, mas todas incluíam valiosas somas que deveriam ser entregues à Igreja, como ato de reconhecimento pelo milagre.  Na saída ainda discutiram sobre os valores propostos, porque um era bem inferior ao do outro. Um pedira dois mil dobrões de ouro e o outro três mil cruzados de ouro. Decidiram que pagariam a promessa pelo valor mais barato depois que o milagre fosse realizado e após a conversão cambial das moedas. Como intermediários de Deus, os sacerdotes não podiam divergir entre si porque Deus só tem uma palavra. Entenderam finalmente que havia duas opções e pagariam logicamente pelo menor valor. Então voltaram a entrar no templo e fizeram a sua promessa. Saíram pela ultima vez, depois de passar novamente pelo sufocante botafumeiro [1] e fizeram-se imediatamente ao caminho. Desta vez correra fama de sua valentia e tiveram que matar dois bandoleiros de uma vez, quatro de outra, seis de outra e oito de outra sem perder uma pestana sequer. Quando chegaram ao velho casarão que habitavam, já em sua terra natal, souberam que sua velha mãe não resistira à peste negra.
Não podiam entender como gente religiosa tinha o hábito de levar os velhos e decrépitos pais até as florestas circunvizinhas de aldeias e cidades para que nelas se perdessem e fossem comidos pelos lobos. Não haviam eles viajado tanto para salvar sua mãe? E afinal das contas, com tantos bandidos mortos pelo caminho, tinham que ter alguma compensação. Bandidos sempre andam com os produtos do roubo em seus alforjes. Fizeram as contas: Tinham tido um lucro de dez mil cruzados, líquido. Como não tiveram que pagar a promessa para a salvação da mãe, o lucro real pecuniário fora muito maior, mas pensar nisso nem pensar. Era um pecado aviltante, um injustiça à pobre mãe.

(© by Rui Rodrigues)

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