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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Humanos: Uma segunda opinião!

I- Indícios de que nossa humanidade...Tem restrições






Todas as opiniões que temos sobre nós são de humanos. Há milhões de livros sobre o assunto. E embora de vez em quando apareçam profetas que nos dizem sermos diferentes do que pensamos ser, ainda assim, achei que precisássemos de uma segunda opinião e iniciei minhas pesquisas com cachorros, gatos, cavalos, animais de estimação, buscando suas reações a nossos estímulos. A maioria dos animais nos têm medo, o que  não é boa recomendação pra nós. Dirigi-me também a abatedouros de aves e animais e tentei analisar os animais antes do abatimento, mas estavam extremamente estressados e a maioria já não respondia a estímulos. Alguns estavam completamente sujos de fezes e urina, expressavam medo. Parece que, a não sermos nós mesmos, o mundo vivo que nos cerca não tem lá muito boa impressão de nós, e para piorar as coisas, aqueles de nós que ascendemos ao poder, achamos que os que ficaram para trás - e abaixo - e a que se chama comumente de "povo" são todos idiotas por elegerem aqueles que vão mandar neles e conduzi-los a guerras e a banca-rotas, muitos à pobreza, muitos à morte. 
Há tratados sobre isso e afirmativas de Bismarck e outros generais, reis e politicos, que afirmaram que suas populações eram de porcos, deviam ser tratadas como porcos e coisas piores. Stalin ordenava a morte de milhares, milhões de pessoas para diminuir a demanda por alimentação. Suas listas são famosas, porque não era nada pessoal. Não havia nomes. A ignorância de certos "lideres" que na maioria das vezes não são lideres, por serem odiados, os faz tomar atitudes das mais simples e fáceis porque não confiam em ninguém (sempre por ignorância) e acabam por prejudicar as populações. Por ignorância ou por qualquer outro motivo, são perniciosos ao desenvolvimento humano. Defendem-se com policiais e forças armadas.  
   
II - Forma de obter uma segunda opinião sobre nossa humanidade.



Fiquei pensando como poderia obter uma "segunda opinião" sobre a humanidade e encontrei a resposta. Bastava que eu não tivesse nem pena nem  de mim mesmo e sem me defender de defeitos e de virtudes me orgulhar, os expusesse livremente, impondo  uma condição: Minhas criticas a mim mesmo e minhas virtudes, teriam que ser comparadas a outras pessoas que conheci na vida. Se coincidissem, as tomaria como "válidas". Depois meditaria sobre as conclusões para decidir antes de afirmar. Imaginei-me, na verdade, como um extra-terrestre olhando de cima e superficialmente uma humanidade muito complicada. Isso foi há cerca de dez anos atrás. Depois fui esquecendo. Mas sabem aquela coisa que você nunca sabe como acontece, mas que nos leva a acreditar que de tanto pensar numa coisa ela acaba por acontecer? Pois bem... Um dia destes acordei e me lembrei de um sonho. Isso sempre foi muito raro, isto é, me lembrar de meus sonhos. Aí vai o sonho, contado mais ou menos tanto quanto me posso lembrar.


III - O primeiro encontro do primeiro grau com extraterrestres.





Estava dormindo, eu sabia, (porque depois acordei) mas estava acordado no sonho. Eu estava sentado vendo televisão, e de repente a luz foi-se embora, o som da TV sumiu, tudo ficou escuro na cidade, era um "apagão". Foi coisa de uns dois minutos e tudo voltou ao normal. Ao normal não. Havia uma leve difração da luz de tal forma, entre eu e a TV, que me deixou confuso. O ar ficou como que feito de gelatina e num breve instante não percebi se era do programa de TV ou outra coisa qualquer. Vi a forma de um rosto do outro lado. Era de mulher tal como eu gostava (parece que tinham adivinhado) e falava a minha língua.

- Sim.. Sou uma extraterrestre... Agora pode desligar esse seu ar de espanto e me responder. Quer dar uma volta conosco por umas duas horas? Traremos você de volta feliz de contente e com meia dúzia de respostas... É pegar ou largar. Não vai doer nada e ainda ganha 20.000 libras das boas. 

Não havia nada que me desagradasse na proposta. Topei com a maior satisfação, e logo me senti empurrado, sorvido melhor dizendo, para uma câmara como aquela de regularização de pressão dos submarinos, ou das usadas em camaras e estações espaciais . A moça me esperava. Igualzinha a nós. Quer dizer... Igualzinha a nossas mulheres terrestres. Ela me atalhou os pensamentos:

- Esta minha aparência é uma adaptação corporal para não assustar vocês. Quer saber como somos ou acha que vai perder o tesão por mim? 
- Podemos transar?
- Claro... Pra isso que trouxemos você aqui. Queremos recolher suas informações genéticas, e tudo o que pudermos saber...
- Então transamos logo e me mostra como são por dentro depois. Pode ser?

Aquele foi meu primeiro encontro com extraterrestras. As 20.000 libras ficaram lá como crédito pessoal. Ela tambem ganhou o dela, porque todas as atividades deles são remuneradas. De graça nem respirar. Se não ganharem para o oxigênio, morrem sufocados. Os preços do essencial são controlados pelo Estado. Das poucas coisas. A partir dai, volta e meia eles apareciam. Por visita eu recebia 20.000 libras. Uma libra deles não valia nada aqui. Eu nunca quis saber como eram por dentro. Por fora estava bom demais. Mas fiquei sabendo que têm pés, mãos, pulmões, braços, dedos,sexos, tudo... Ela ia me chamar de idiota, certa vez, mas se conteve e disse:

- Já imaginou uma civilização com gente que não tivesse mãos, pés, e todas essas coisas, e um cérebro pra pensar? Não poderia existir porque não poderiam fazer nada de tecnológico... Nem acender fogo nem correr pra apagá-lo! Viu porque não podemos ser tão diferentes de vocês? E finalizou:
- Nós somos normalmente transparentes, podendo ficar de qualquer cor pra efeito de camuflagem. Quando estamos transparentes é apenas pra ver como estão nossos órgãos internos.
Eu não precisava ver nada daquilo... 

   
IV - Os outros encontros imediatíssimos do primeiro grau.



Houve depois, durante alguns meses, vários encontros. Ela estava sempre presente, e podíamos transar mesmo durante passeios, conferencias, em qualquer lugar. Eles tinham um aparelhinho de "delay" que gravava tudo e depois do sexo passava um pouco correndo em replay de forma a nos encaixarmos novamente no "tempo certo". Soube que eles tinham reis e raínhas que não mandavam nada, deputados e senadores que não mandavam nada. Colocavam leis para aprovar, votavam por um processo de redes sociais, e os deputados e senadores faziam cumprir tudo que fosse aprovado através de pessoal dos órgãos públicos. Quem fazia as leis era o povo mesmo e as submetia a aprovação popular. Não havia corrupção porque todo o dinheiro era contabilizado, todas as transações anotadas eletronicamente e os valores tinham que fechar ao final do dia como numa enorme planilha geral de contabilidade. Todo cidadao tinha direito a instrução e serviços de saúde grátis. E de grátis mais nada!...A alimentação era efetuada através de produtos injetáveis. No estômago deles não cabia nem cachorro quente de criança. Mas podiam comer um de vez em quando, coisa que evitavam por causa do mau cheiro na saida. Tudo o que eles injetavam lhes saía na urina ou no suor, bem perfumado. Uma indústria ou loja de papel higiênico iria à falência por lá. Eles não derrubam árvores mais do que as que plantam. 
    

V - O fim dos encontros e a segunda opinião sobre a nossa humanidade.





Antes de me desligar deles, ou de me fazerem perder o interesse por eles (não sei como foi, mas perdi o interesse até por ela), eles me contaram que basta um erro para a nossa civilização "implodir", ir pra "casa do Afonso"... E que passamos o tempo todo brigando uns com os outros e querendo mandar em todos, de tal forma que não contribuímos para um "bem e fim" comuns... Desperdiçamos esforços em vez de nos concentrarmos. Com isso desperdiçamos tempo, dinheiro, progresso, e ainda arriscamos a nos explodirmos numa guerra. Perguntei-lhes quem tinha a culpa. Eles me disseram:  

- Desde os primórdios de vossas civilizações, cresceram om mentalidades de sobrevivência tal como em cquaisquer outras do Universo. Até aí tudo bem.  O problema é que vocês nunca consideraram se unir numa só nação, abrindo mão de "vantagens" sobre as outras. Das vezes que tentaram, cada país tentou levar para a união seu lado corrupto de tirar vantagens... E isso vem de cada um. São todos corruptos desde os primeiros passos. Uns mais e outros menos. Podem corrigir-se, mas o mais certo a esperar é a aniquilação. Atentem para os detentores de moral que são as religiões: Quantos por cento do que arrecadam serve para fazer o tal "bem" e quanto para os seus dirigentes viverem como reis e nababos? Que moral é essa que passam para as crianças? E as empresas que ensinam os  empregados a roubar? E os politicos que mentem desde as campanhas e mesmo assim há quem vote neles? Quer dizer... Vossa civilização vai pro vinagre. Quanto mais tenologia desenvolverdes, mais próximos estareis do fim...

Nem vou dizer mais nada!...  A segunda opinião me fez sentir um lixo. Quem herdar a Terra vai herdar um deserto. E não acredito em extraterrestres.



® Rui Rodrigues    

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