Ella Athal,
a belíssima jornalista israelense apareceu no bar do chopp grátis numa outra
noite dessas, casa cheia, odores aliciantes de bolinhos de bacalhau, calabresa
levemente frita com cebola, camarões no alho e óleo, azeitonas pretas, nacos de
queijo, pão tostado. Copos de whisky com pedras de gelo tilintantes, em meio a
olhos já revirados, pernas bambas e muita, muita mesmo, muita vozearia. Como
dono do bar tenho que exercer minha supervisão sobre o ambiente, e juro pela
minha alma que Afonso, o barman, já está de porre e que tem caso com Corina –
La belle – uma de nossas quase nuas garçonetes. Ela adora que lhe dêem umas
tapinhas na bunda e as gordas gorjetas até por causa disso. Para agradar às
mulheres, convidamos o Pierre para ficar também só na zorbinha. Ele adora que as mulheres lhe passem a mão no
enchumaço de algodão que sempre usa por baixo da cueca. Sente-se muito macho.
Este bar é uma perdição. Um dia passo o ponto, mas vou cobrar uma exorbitância.
Não há um bar igual a este. Acho que vou pendurar um outdoor com aquela cena de
Casablanca em que o pianista canta a canção sob os olhares embevecidos da
Ingrid.
Ella Athal
trazia na mão uma carta de um garoto que resolveu ler para nós. Antes, porém,
fez uma introdução. Disse quem era o garoto, até disse o nome, mas com ressalva
que era falso só para preservar a garotice dele. E perguntou se gostávamos de
sexo. Quase que o bar vem abaixo. Havia gente gritando “u-u... u-u...” e
tivemos que pedir aos fregueses que se comportassem. Três caras abotoaram a
bragueta (me lembraram da ponte do Bragueto lá em Brasília naqueles dias em que
ela sai de moto sem que a reconheçam, senão a vaiam) e três moças voltaram a
subir as calcinhas que já tinham caído por cima dos sapatos.
Ella Athal
disse: - Oká... Então vou ler... Mas comportem-se. E depois de me dar uma
olhada... Começou a ler:
Querida
Ella Athal,
Minha
primeira tarde foi um desastre. Eu tinha apenas dezoito anos, completados aos
quatorze, quando a mulher do 218 entrou pelo apartamento adentro acompanhada de
minha mãe. Minha mãe disse-me muito séria:
- Tenho que
passar dois dias fora e tu vais ficar com a Laura, a nossa querida vizinha que
vai tomar conta de ti. Não faltes ao colégio, estuda e come direito. Comporta-te!
Meu coração
pulou de alegria.
Ella, você
não conhece a Laura... Dá vontade de ficar colado nela. Tudo nela é gostoso,
dos pés à cabeça, e aquele olhar me devora. O perfume que usa me faz viajar.
Ficaria na cama com ela por uma eternidade até que todos os meus membros, menos
um, ficassem paralisados.
Naquela
manhã minha mãe pegou as malas e saiu de táxi para o aeroporto. Laura ficou
comigo no apartamento. Era um domingo. Preparou-me um enorme hambúrguer, como
eu gosto, e enquanto eu comia, ela me disse que ia aproveitar e tomar um banho
ali mesmo no apartamento. Quase desmaiei, tal o pulo que o meu coração deu. Não
foi só o meu coração que pulou. Minhas cuecas também, ali bem na frente. Acho
que ela viu, por que olhou para mim, para a parte debaixo, sorriu e foi tomar
banho. Mulher faz bem para o coração. Faz ele pular bastante. Do banheiro me
perguntou:
- Você toma
banho com sua mãe?
- Agora
não... Mas já tomei algumas vezes quando era mais novo.
- Quer
tomar banho comigo?
Meu coração
parecia o motor do carro do meu primo que tem uma geringonça do tempo da
segunda guerra mundial. Um jipe com motor de tanque Sherman, guardado lá atrás
do celeiro da casa dele.
Disse que
sim. Fui devagar até o banheiro. Tirei minha roupa e então abri a porta do
chuveiro bem devagar. Estava toda nua e não pode ser de outro modo que se deve tomar
banho. Tudo certinho no corpo dela, a pele era incrivelmente rosada. Até nos
seios, aqueles dois montinhos bem durinhos. Talvez reminiscências da minha
amamentação, senti vontade de sugar, dar-lhes umas leves mordidelas. Sorria-me.
Tinha uns cabelinhos suaves lá naquele lugar da Eva que o Adão invadiu. Nunca tinha visto nenhuma que pudesse tocar,
nem de perto.
Então ela
me disse de uma forma muito suave:
- Vem... (e
pegou minha mão puxando-me para junto dela). Gostou dos meus peitinhos? Vem...
E pondo-me a mão na cabeça, me empurrou levemente para seus seios, enquanto me
afagava o rosto, o pescoço, as costas, e enquanto me deliciava, puxou sua mão
para entre as pernas dela. Meus dedos começaram a tocar aquele lugar úmido. Mas
me ocorreram algumas dúvidas. Disse-lhe:
- Você fez xixi?
- Não...
Porquê?
E com
aquela voz suave, macia, segredou-me no ouvido enquanto sua língua me lambia as
orelhas:
- Não é de xixi. É de tesão por você.
Fico úmida pensando no que podemos fazer nós dois. Mexe mais, mexe...
E eu mexi.
Era gostoso ver como o corpo dela tremia, e então percebi aquela verruguinha.
Perguntei-lhe:
- Laura...
Você tem piruzinho?
- Não,
querido... Isso é o meu clitóris. Se você continuar fazendo carinho nele eu
gozo. Faz... Faz mais...
E eu fiz.
Então ela me fez ir baixando a cabeça. Eu entendi. Entendi muito bem e fiz o
que ela queria. Sentia prazer em lhe dar prazer. Suas pernas se abriram mais e tremiam
em meio a suspiros. E eu pensava:
- Puta que pariu... E eu? Mas
tive um prêmio fantástico! Ela se pôs de joelhos, e começou a passar a língua
no meu gluglu que
cada vez inchava mais. De repente pô-lo todo na boca. Delírio. Perdi a noção de onde estava. Só
me lembro de dizer: - Também vou gozar... Mas ela não o largou da boca, que agora fazia movimentos para frente e
para trás de forma mais suave, esperando por mim. Secamo-nos rapidamente e
fomos para a cama. Meu gluglu
tinha murchado. Será que iria ficar de pé novamente?
Querida
Ella Athal... Estudei no colégio que um tal de Arquimedes disse: Dai-me uma
alavanca e moverei a terra. Arquimedes nem sabia ainda que a Terra era um
planeta e muito menos que era redondo. Quando Laura se deitou comigo atravessou-se
na cama de modo a ficar com a cabeça em cima do meu gluglu e foi beijando, passando a língua,
acariciando os ovos do
gluglu, sempre me olhando com aqueles olhos pidões. Em trinta segundos
minha alavanca podia mover o Sol e até o buraco negro que existe no meio da nossa
Galáxia, que não é à toa que ela se chama de Via Láctea. Apenas com um carinho
de mulher. Isso que é força. Ta me entendendo, Ella Athal? Ela se deu todinha
sem esconder nada. Eu fiquei me dando a ela a tarde toda, a noite toda até
ficar murcho.
Lá pelo
meio dia abri os olhos e me lembrei imediatamente de ter estado no céu no dia
anterior. Pensei que era sonho, mas algo me dizia que era verdade. Estava no
quarto de minha mãe, em cima da cama. Procurei
Laura. Fui encontrá-la na cozinha, só com uma camisa por cima do corpo que mal
lhe cobria as nádegas. Estava preparando o café. Ninguém tomou café. Nos
agarramos e voltamos para a cama. Repetimos tudo, até o ritual do banho.
Minha mãe
voltou na terça-feira. Eu tinha ido às aulas, sim, mas tinha dado desculpas e
saído mais cedo. Devo ter emagrecido uns quatro quilos. Foi o que minha mãe
disse quando me viu, mas reparou também na minha “alegria”. Mães percebem. Ela
foi falar com a Laura. Passou uma hora mais ou menos no apartamento dela. Quando
voltou não me falou nada. Bom sinal. Claro que Laura não ia contar as nossas
aventuras. Continuamos a ver-nos por cerca de duas semanas na casa dela. Depois
veio o desastre: Ela me disse que “não dava mais”, que eu tinha que
compreender, que ela se enamorara de um sujeito e que pretendia levar a sério o
relacionamento. Aquilo para mim foi como uma alavanca do tamanho do sol batendo
em minha cabeça. Emagreci outros cinco quilos depois que ela me disse aquelas
coisas. Foi uma desilusão muito grande. Vi o tal sujeito que ela disse que ia
namorar a sério. Era careca, barrigudo e tinha um carro preto. Nada parecido
comigo. Comecei a achar que para ter uma mulher para sempre teria que ficar
careca, ser barrigudo e ter um carro preto. Foi bom pensar assim porque
recuperei os tais cinco quilos em uma semana. Só voltei ao meu peso normal
quando a vi com um sujeito bem arrumado, com os seus trinta anos, cabeludo e
magro. Também tinha um carro. O gordo e careca tinha rodado como eu.
Querida
Ella Athal, hoje vivo na Grécia e sou dono de um puteiro devidamente legalizado
no Ministério da Saúde. É uma beleza. Pago em dobro quando as chamo para
passarem uma tarde comigo. Elas gostam. Minha sócia, a Laura, me faz companhia de vez em
quando. Damo-nos muito bem. Envio-te uma foto que não é da Laura, mas é a mais
parecida com ela que encontrei. A outra, aquela em que não aparece o rosto, é ela.
Estás convidada a passar uns dias aqui na ilha de Kos. Vais curtir um bocado.
Garanto.
Houve
muitos comentários no Bar. Ouviram-se muitos. Querem reduzir a maioridade para
14 anos. Até que não é uma má idéia e antes que a censura da NET exercesse seu
poder, censuramos aqui mesmo no bar algumas frases como no tempo do regime
militar. Naquela época podíamos imaginar o que estaria escrito com toda a
liberdade. Hoje nos mentem sem censura e só temos uma opção: Não acreditar no
que nos dizem, os que detêm o poder no atual regime.
® Rui
Rodrigues.
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