(Na reserva nacional dos corruptantes)
Andaram dando dentaduras, mas não serviram. Foram usadas mesmo assim até o dia em que fomos parar numa UTI. Cultivam UTI em todas as partes da cidade. Produzem doentes com aparelhos que apitam e acendem luzes, mas não há aparelhos nem luzes, já roubaram os fios, e há vazamentos. O Prefeito está lá, sorridente, com dois dentes de ouro, tremendo dos ombros aos pés, mas tem um contrato para não morrer, mas o hospital é outro. Alguns na UTI estão sem contrato e as famílias até já encomendaram os funerais. As coroas de flores serão de dilmas vermelhas, meio marrons, das mais fedorentas, que são as únicas que existem atualmente. Os aparelhos de raios x estão em guerra com os aparelhos de raios y e de raios z. Os raios alfa, beta e gama, estão de passeio pelo hospital gritando em alta voz: Fies...Fies...Fies... As enfermeiras são cartazes em tamanho original e os médicos só aparecem em monitores de computador. Quando se ligam os computadores não há musiqueta. Escuta-se um coro cantando “granola, granola, granola” na música de “aleluia”, mas não há dízimos, o que é estranho, porque o país é rico. Não tem é nada de útil atualmente, porque desviaram tudo para o Senado. Senado é um lugar de reunião de pássaros raros, os corruptores, que são os predadores dos corruptados, devido á imparcialidade de uns pássaros com penas pretas que parecem morcegos vampiros com canetas nos dedos em forma de garras. Distribuem bulas dos papais, que o Papa nem se mete nisso. Os papais nunca aparecem e dizem que não sabem de nada. As bulas servem para anular as balas, permitir a comilança, a lambança e o crescimento da pança. Deviam ir para o Xingu e tomar no ocuru, que é um lugar esburacado igualzinho aquele onde nos enfiam os impostos e as desgraças. Uma santa, a santa Martha, disse que deveríamos relaxar e gozar, mas a santa mudou de céu. Foi para Paris desfilar modas e agora procura trabalho em outro céu. Esses céus são seus, deles, não são nossos, os popos. Popos quer dizer populares, de população, que não tem adicional de salário nem para se transportar, nem para engraxar sapatos, nem para aluguel, nem para viagens, e nem para ternos, gravatas, meias e sutiãs, que é onde se guardam as verdosas, frutas especiais notificadas com linha d’água e tudo. Crescem em árvores que só podem ser plantadas por habitantes com direito a um tal de cartão incorporativo e que em se abanando a árvore ou o cartão, sempre que eles querem, cai fruta verdosa a dar cum pau ou se abrem portas às carteiradas... Bendita árvore, adubada com pão e regada com vinho dos popos que representam a carne e o sangue de Jezuiz, um santo padroeiro da grande empresa Dízimos & Cia Ltda, que na verdade é uma S.A. cheia de filiais. Filial vem de filho. Todos os popos são filhos, e os pais estão no céu. As mães ninguém sabe onde andam.Todos querem essa fruta chamada verdosa. É o que dizem os donos da Dízimos $ Cia Ltda que é uma S.A. Se uns phodem porque outros não phodem phoder? E ficam todos phodendo os popos. Não reparem no Ph, que não é ácido nem básico, é apenas a forma como antigamente se escrevia o verbo mais delicioso do planeta, mas que agora é broxante por falta de tensão na rede elétrica que está muito cara, água para lavar por que falta, e de tesão que é o que os popos já perderam. Não há UTI nem verdosas para os popos. O que há, os corruptantes levam.
E como se isto não fosse suficientemente bastante, já que os morcegos vampiros assinam bulas papais pafilhos, patodos, alguns muitos, uma multidão de popos, saem agora pelas ruas pintadas de vermelho para demarcar bicicletódromos, a preço de aeródromos, esfaqueando, atirando balas que não são de café nem de chocolate, mandando mais gente para a UTI, onde como sabemos, também existem corredómetros que é um lugar engasgalhado tipo garganta do inferno, onde os utintes – que são os utentes das utis – fazem o favor aos corruptantes de morrer antes do tempo porque as enfermeiras são de papelão fotografado como propaganda e os médicos só aparecem em monitores de computador, porque os outros monitores são como os motorneiros de bonde que já não existem.
Talvez seja por causa da evolução da língua, que quem reclamava nas décadas de 60, 70 e 80 não entenda o que os popos reclamam hoje, e se reclama muito mais hoje do que então, com muito e muito mais gente do que naquelas priscas eras. Se não entender alguma coisa, por favor, dirija-se ao guichê ou balcão da Pátria Educadora. Não se esqueçam de levar um ramo bem grande de dilmas vermelhas e fedorentas, as preferidas dos insetos que atrai. preteridas pelos popos.
® Rui Rodrigues
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