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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ironia do desatino... Pra coçar é só começar!





Ironia do desatino... Pra coçar é só começar!

Os apologistas de que somos reféns de uma entidade que nos escreve um livro de nossos atos que somos obrigados a seguir, constituindo o nosso destino, só têm uma resposta para nossos problemas e fracassos, soluções e vitórias: Foi o destino! Uma ironia do destino...

Quando se vai bem na vida e de repente a casa cai, esses continuam dizendo que foi o destino, que não cometemos desatinos. A culpa toda foi do tal sujeito sem gênero que teria escrito o destino. Para o resto, a culpa foi mesmo de quem deixou a casa cair, tombar, transformar-se em ruínas. Podemos enumerar alguns casos em que se cometem desatinos que, geralmente, começam apenas como um coçar... E dizemos: Pra comer e coçar é só começar, ou pra trair e coçar é só começar... Normalmente ações ligadas a pessoas, mas, que de fato também acontecem em grupos, instituições. Portanto, talvez seja prudente pensar antes de começar a coçar, ou a comer, ou a trair.


Caso 1
Lurdinha desconfiava do marido. Depois do trabalho sempre ficava por lá um par de horas e chegava em casa cheirando a cerveja. Cheirava-lhe as roupas, procurava marcas de batom, mas nada!. Custava-lhe acreditar que o marido saísse para tomar cerveja e não se misturasse com as moças do escritório ou do bar. E não encontrar indícios de traição não significava nada. Ele podia tranqüilamente dar umas escapadas em horário de trabalho e não havia como vigiar. Não iria pôr detetive particular atrás dele. Um dia deu-se uma coçada. Saiu para tomar chá com umas amigas. Chegou tarde em casa. O marido entendeu. Afinal, ele também tomava as suas cervejas. Lurdinha continuou se coçando e saindo com as amigas, escutando histórias de maridos traidores e de amigas que já se coçavam há muito com os amantes. E que coçadas! Quando Alfredo mais novo do que ela apareceu com sua juventude num desses chás, ficou deslumbrada. Só uma saidinha ninguém saberia, um pequeno tropeço na vida quem não tem? E o marido dela? Também não sairia com outras mulheres? E se encontrou com Alfredinho – já o chamava de Alfredinho – não uma vez, mas sempre que podia. O marido começou a achar estranho o comportamento da mulher. Estava mais solta, mais condescendente, mais feliz, mas da parte dele nada mudara. Indagou-se se a mulher não estaria molhando biscoito alheio no seu chá... E foi num momento de reflexão, erguendo um copo de cerveja que reparou na Ritinha, a alegre lourinha da recepção que estava justamente a seu lado na roda de amigos, sorvendo o seu chope, e também meditabunda: Seu namorado a deixara, confessou-lhe ela. Mas ele nunca soubera que ela tinha namorado. Tinha mesmo? Mas isso não importava. Deu-se uma coçada na perna, depois na testa, e quando reparou estava sozinho com ela no bar, conversando. Os outros já tinham saído.  Na saída do Motel perguntou-se o que diria quando chegasse em casa. Não disse nada. A mulher dele não tinha chegado ainda do chá. Hoje estão separados e não sabe o que é feito nem de Lurdinha nem da Ritinha. A mulher já não tem tempo para tomar chá com as amigas. Trabalha duro como ele não sabe onde. Um dia passará por lá para bater um papo. E, definitivamente, nenhum dos dois sabe quem começou primeiro a se coçar, quem foi o primeiro a cometer o desatino...

Caso 2
O sujeito, que podemos chamar de Luiz Inácio, era um líder sindical. Negociava com patrões e empregados. No começo foi difícil, porque não havia acordos. As greves se sucediam. O governo estava irritado, os empregados também, os patrões nem se fala. Seu prestígio, o do Luiz Inácio, subiu. Os empregados o adoravam. Um dia, os patrões chamaram o Luiz. Propuseram que ele maneirasse. Luiz deu então a sua primeira coçada. Em troca de algumas maneiradas, receberia uma ajuda política rumo à fundação de um partido. Nada de benefícios pessoais. Era pelo partido. A partir daí, Luiz se coçou muito, porque as greves começaram a diminuir e, de repente, pararam ao fim de uns cinco anos. Os empresários não acreditaram nele de princípio. O que faria um partido dos trabalhadores com um dirigente que nunca tinha sido político tarimbado, conhecedor da administração pública, ainda mais feio como um sapo barbudo? E Luiz fundou o seu partido. Sua popularidade cresceu de forma incrível. Com a mesma lábia com que negociara as reivindicações laborais e defendera os empresários - ele é um grande negociante – ganhou fama e seu partido tomou proporções nacionais. Perdeu as primeiras eleições para um bom sujeito, político de carreira, e depois para um aventureiro estressado que o colocou em saia justa num confronto desses que se costumam proporcionar para os candidatos se destruírem uns aos outros. Fazendo figura de pobre, disse no ultimo confronto que seu radinho de pilha não funcionava porque faltava dinheiro para comprar as pilhas, sinal de baixos salários, e o aventureiro oponente, filho de boas famílias disse que sorte tinha o Luiz que tinha um radio, que ele nem radio tinha. E levou ao debate a filha e a ex-mulher para falarem mal do Luiz. Luiz perdeu as eleições, mas se elegeu em seguida. Finalmente já se podia coçar à vontade. Os empresários viam nele o sujeito que não entendia nada de nada, e que faria tudo o que queriam dele como pagamento pelos favores que lhe haviam feito: Elevá-lo ao mais alto escalão do governo. Alias, coisa fácil para eles. Já tinham feito isso com todos os presidentes inclusivamente com aquele que não tinha radinho de pilhas, que nem cumpriu o mandato porque roubava muito e sofreu “impeachment”. Eleito o Luiz Inácio, largou o governo com uma turma de antigos terroristas que entendiam muito de roubar dinheiro. Tinha sido o dinheiro dos empresários que o haviam elegido e não poderiam roubar dos empresários, até porque o tesoureiro daquele tal do radinho foi assassinado por causa do caixa gordo 2 que não parava de crescer já de olho nas “próximas eleições” que acabaram por não acontecer. Viajou muito com seus amigos empresários. Seu filho ganhou rios de dinheiro e comprou a mansão de um juiz que Luiz, em retribuição, nomeou juiz do supremo tribunal. Coçava-se, e viajava para vender os produtos dos empresários. Coçava-se muito e ficou rico. Seus amigos terroristas usavam dinheiro público para a próxima eleição e foi reeleito. Com altos índices de aceitação popular – o povo não sabia o que os terroristas roubavam nem como – chegou-se a indivíduos como um que nega o holocausto, outro que baixou o padrão no país de tal ordem que já não há pobres. Nem ricos!... Com os maiores índices de corrupção e violência do continente. O dinheiro entrava tão fácil com altos impostos que perdoou até dívidas externas de outros países. Como ele ficara rico, no meio de tanto dinheiro, esqueceu o povo que continuou na mesma penúria, não fez reforma alguma. Os senadores, deputados, vereadores, governadores, ao verem como Luiz Inácio se coçava tão bem, começaram a se coçar também... Foi contagiante a “coçadeira” e deram-se aumentos próprios. Ao largar o governo, indicou para presidente uma moça simpática – ela é simpática – que pertencera àquele grupo de terroristas que ajudaram o Luiz a “governar”. Claro que a coçação foi parar nos tribunais e quase todos foram condenados. Ela continua no governo mas ninguém sabe se ela já começou a se coçar... Mas há quem desconfie, só pelo andar da carruagem onde todos desfilavam sorrisos, frases de efeito, segurança nas palavras mais do que no trabalho...

Para começar desatinos e por ironia do desatino... Basta começar...

Rui Rodrigues

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