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sábado, 28 de janeiro de 2012

Tirando os livros das prateleiras para...


Tirando os livros das prateleiras
para uma saudável releitura

(Hoje na berlinda, Napoleão, o relacionamento Israelopalestino, a matança colonial de índios brasileiros, a queda de três prédios no Rio de Janeiro).


Todos nós sabemos - como disse Aristóteles - que “todo o ato humano é um ato político”. Também sabemos, e muitos de nós já fomos vítimas disso, que os livros “oficiais” de história de cada nação, já passaram por sua fase de censura e direcionamento de figurões encarregados por reis, presidentes – políticos, todos eles – que lhes deram forma, conteúdo e intenções, fugindo da verdade dos percalços históricos, e exaltando, exagerando, os feitos que na época se julgavam haver contribuído para a boa imagem dos respectivos governantes ou vultos históricos.

Essa forma de escrever a história produziu muitas distorções da verdade e provocaram preconceitos, holocaustos, guerras, mudança de rumos da humanidade.

·         Napoleão

É um herói francês, com direito a estátuas, monumentos, exaltações, referências. O povo francês o ama. No entanto, embora a nova face do sistema republicano se baseasse em Liberdade, igualdade, fraternidade, seu reinado começou com o corte de cabeças de adversários políticos na guilhotina e perseguição política, puxando para debaixo do tapete – até hoje – a tal liberdade, fraternidade e igualdade. Agindo assim, o mundo nunca acreditou realmente nisso, exceto pelos líderes políticos comunistas que despontariam séculos mais tarde na Rússia czarista e que começaram seus governos exatamente da mesma forma: assassinatos de políticos, perseguições... Não podemos crer em políticos. Eles mentem. No caso de Napoleão, deveríamos concentrar nossa atenção no “saldo” de seu governo... Centenas de milhares de mortes de jovens franceses, milhões de mortos nos campos de batalha, conquistou meia Europa e perdeu tudo, morrendo enclausurado num forte britânico (seu maior inimigo). Napoleão perdeu tudo o que conquistou. Ele e Vercingetórix, que perdeu a grande batalha de Alésia contra Julio César e atrasou em séculos o surgimento da França, são heróis nacionais por puro equívoco. Se os historiadores franceses enfocassem corretamente os fatos, os dois seriam tremendos perdedores que causaram prejuízos para o povo francês. Vercingetórix teve porém o mérito de estar em posição de defesa contra um invasor muito mais poderoso. Napoleão foi o vaidoso que se julgava imperador, infalível, e se mostrou um pequeno homem megalomaníaco, com síndrome de cleptomania consciente do alheio.



·         Palestinos e israelenses


A origem étnica é evidente: têm a mesma origem. A história milenar, porém, os colocou frente a frente na mais longa batalha da história que se conhece desde a antiguidade. Isto já vem desde os tempos de Moisés antes de o povo israelita se instalar nas terras de Canaã, a terra prometida, de onde, na verdade, já haviam saído para se deslocarem ao Egito que então os expulsava (Na verdade, o faraó não impedia a saída do povo israelita do Egito. Na verdade já não estava interessado em manter emigrantes dentro de suas fronteiras, tal como acontece hoje nos EUA e Europa – povo que fica rico, fica exageradamente sociofóbico, intolerante, um enorme e presunçoso “rei na barriga”). Podemos resumir esta guerra teimosa de nossos dias, numa frase muito simples: Não se obterá paz enquanto uns não reconhecerem a independência de Israel e este não deixar de ocupar as terras palestinas ou as faixas de terra destinadas a segurança, como a faixa de gaza. Quanto ao povo, se fizerem uma votação popular – um referendum – todos desejarão a paz. Os governos é que não querem ceder e podemos imaginar muitos motivos para que a guerra continue sendo incitada, ainda que surda e politicamente, por ambos os governos.

·         A matança colonial de índios brasileiros



Leandro Narloch escreveu “Guia politicamente incorreto da História do Brasil – Editora LeYa. Não foi o primeiro a dar um novo enfoque à matança dos índios no Brasil, e a isso faz honestas referências, mas deixa claro que os mais interessados em exterminar tribos índias, num processo que podemos assemelhar a “limpeza étnica” eram os próprios índios, como por exemplo, entre as tribos Tupinambás e os Tupis. Lutavam por terras, por antigas querelas nunca resolvidas, pela necessidade cultural de comer os adversários. O termo Mingau advém de uma pasta que faziam com as vísceras de seus inimigos abatidos. Mesmo no México, os espanhóis em tão pequeno número não poderiam ter vencido a luta contra Montezuma se não tivessem o apoio das tribos que até então tinham sido exploradas por este. O que se escuta pelas ruas, ensinado nas escolas, é que os portugueses e os espanhóis “exterminaram” os índios em seus respectivos territórios que ocuparam. Foi, mas não tanto. Desde 1822 que a responsabilidade sobre os povos índios é nossa. Parece que não temos muito do que reclamar do passado, porque não melhoramos muito a sua condição. 



·         A queda de três prédios no Rio de Janeiro

Três prédios desabaram em efeito cascata na noite de quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012. Um deles, o mais alto, de 20 andares, desabou sobre os demais porque o nono andar cedeu e suas lajes se abateram sobre o oitavo andar, e estas sobre o sétimo, descendo tudo em fração de segundos até o nível do solo, num amontoado de corpos, objetos de uso pessoal, vigas e pilares destroçados, ferros retorcidos, móveis quebrados, poeira... Uma empresa fazia obras de reforma nesse edifício, que já havia sido muitas vezes reformado com abertura de janelas, fechamento de varandas, etc.

A primeira idéia que nos ocorre é que a Prefeitura ou o CREA deveriam verificar projetos antes de aprovar a sua execução, até mesmo porque ambos os órgãos recebem pagamentos para tal efeito, e no caso do CREA, um pagamento mensal dos profissionais de Engenharia, Agronomia e Arquitetura para que possam exercer as suas funções. O diploma da Universidade não é suficiente para se exercer a profissão. Só se exerce legalmente estas profissões se for paga mensalmente uma “pequena” cota mensal ao CREA. Entre os engenheiros da Prefeitura e os engenheiros do CREA, nos parece evidente, a nós que somos leigos no assunto, que estes últimos teriam muito maior capacitação de verificar, aprovar, porque têm o poder de “afiliar” os da prefeitura... Mas a responsabilidade do desastre irá infalivelmente para o engenheiro que foi afiliado ao CREA, e paga anuidades, pagou suas taxas à Prefeitura, mas não sofreu fiscalização eficiente por parte destes dois órgãos. Faltam-nos pelo menos duas respostas para a nossa indignação: Para quê afiliar-se e pagar taxas, se não se é devidamente fiscalizado, e se os Estatutos destes dois órgãos se omitem de tais responsabilidades?

E o CREA entra na justiça com ação de arresto de bens contra antigos e reformados engenheiros que nos últimos trinta anos nem trabalharam em engenharia por “presumíveis” legalidades na cobrança de anuidades.  

Precisamos reler os livros e as leis que estão à nossa disposição. Necessidade urgente, muito urgente.

Rui Rodrigues

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