(Aqui no Bar do Chopp Grátis escuta-se de tudo, cada um conta uma história. Nem dá para acreditar. Normalmente fazem sentido, nada parece impossível, mas ninguém está disposto a comprovar. São histórias de bar... Vocês sabem como é. Não têm a mínima credibilidade. Ah... As fotos.. As fotos servem apenas para que se veja como é um aviãozão empresarial por dentro) e são meramente ilustrativas e educativas. Estamos em tempos de Pátria Educadora)
Ricke Granoso Ourense Prateado acabou de ir à falência porque se meteu em negócios de petróleo e começou a enxugar Whisky como esponja aqui no Bar. Como a grana foi acabando – não conseguia mais dinheiro do bando – passou a tomar uísque. Agora enfrenta uma cachaça de cabeça erguida e solta umas histórias. A mulher dele que desfilava com coleira de cachorro com o nome dele, tarada também por uma grana, nunca apareceu no bar. Rebolava que era uma maravilha. Foi o que o Ricke disse. Em sua casa agora há sempre um vaso com água com uma folha de Oliveira e sobre a mesa uma Bíblia Batista. Tudo isto quem contou foi Ambrósio Benevides Castro e Silva, um mendigo que fica em frente ao bar e que diz ter sido o motorista do Ricke na época em que se podia atropelar alguém sem ser incomodado: Bastava só dizer para o guarda: - Sabe quem é esse aí atrás? É o Ricke... E a guardarada fazia escolta até chegarem na garagem de casa. Ricke e Ambrósio já morreram “todos dois”. Foi o que contou o garçom Pereyra contratado lá da Boca em Buenos Ayres. O Pereyra também já morreu. O Ricke numa queda de helicóptero, o Ambrósio numa queda de um teco-teco, e o Pereyra com um teco que não se sabe quem deu nem de onde veio. Teria dito o Ricke:
“- Veja como se pode “lavar” sem trabalhar, e muito menos numa lavanderia. Antes, porém, há que se ter uma posição tal que permita viajar com empresários para uma porção de países... Presidente ou Ministro de qualquer coisa, por exemplo, que tem que ter obrigatoriamente um contador ou assessor a nada ligado, independente, que é quem faz as verificações contábeis dos “tratos”, para ver se pagaram ou não. Por exemplo, um personal training, uma enfermeira, um tradutor, um taquígrafo. Normalmente este tipo de indivíduo que tem a contabilidade passa desapercebido, como o do Al Capone... Aquele carrinho de criança descendo as escadas do Metrô... Suspense...Belo filme com replay todos os dias“
Contam muita coisa...
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Vamos começar a viagem [1]? Esta é para Cuba a bordo de um avião especial. Uma visita de cortesia a um comandante ancião com grande comitiva de empresários. Os empresários são convidados.
(O Presidente de Qualquer Coisa – PQC, sorridente, levanta-se e dirige-se para a primeira fila do avião de onde pode observar todos os empresários convidados, e dirige-se a eles através do microfone de bordo normalmente usado pelas aeromoças)
-PQC - Como vocês tudo devem se alembrar, alguns de vocês quiseram conversar comigo antes da viage, mas eu avisei que não podia falar, que estava muito ocupado e que falaríamos durante a viage. Ora isto foi por causa de segurança. Deixei para falar aqui, porque este avião é “da casa”, tudo seguro, e as parede não têm ouvido. É jogo franco. Vamos fazer negócios em Cuba, vocês vão fazer negócios em Cuba, e eu não quero nada de vocês. Só quero apoio para as campanha, o que acho muito justo. É uma troca. Fidel e o irmão dele confia em mim e vão confiar em vocês tudo. É pra ganharmo muita grana. Aeromoça... Por favor me traga um uísque escocês Burbon que é pra afinar a garganta!
- Aeromoça – Mas..Presidente...O Burbon...
- PQC - Pode trazer assim mesmo sem gelo que não tem probrema.
Empresário A – Já tínhamos conversado eu e meus colegas sobre contribuições de campanha, e resolvemos propor-lhe um total de 50% sobre o valor total de cada contrato quer de financiamento quer de serviços no Brasil, valor do documento principal. Sobre os Termos aditivos e correções de preço não, porque se destinam a corrigir discrepâncias. Estaria bem assim?
- PQC – É aceitável, mas temo que ter certos cuidado. Um deles é calar a boca do pessoal chave nas estatal. Têm que dar uns trocado para eles também. Uns dez por cento que eles mesmo divide entre eles lá, que eu nem quero saber quem recebe. É praxe. Eles sabe que eu sei, eu sei que eles sabe, mas fica tudo calado pra não dar zebra.
-Empresário B – E como faremos os depósitos dos 50% ? Em que conta?
- PQC – Vocês vão acompanhar tudo agora em Cuba pra ver como sifaz... Os cumpañero já providenciaro tudo. Maiz é mais ou meno assim: Quando chegarmos lá no Hotel seremos visitado por um pessoal do Banco Central de Cuba. Darão uma papelada pra vocês abri conta. Cêis abre. Toda transação feita em Cuba só vale se voceis depositá uma parte primeiro em duas contas que não têm que sabê de quem são. É os cinqüenta por cento. Emitiu cheque em Cuba? Deposita os 50% do valô. Entendero tudo direitinho? Não confundam com os cinquenta porcento daqueles que corresponde a preços superfaturados que esse é do Partido. Depois vocês recupera tudo com os Taques, aquela coisa que se emite para alterar prazos, preços, qualidade, etc... Aí que vocês ganham o dóceis.
- Empresário C – Então é igual como fazemos lá no Brasil...
- PQC – Não... Lá quem governa não é o irmão do Fidel, e lá quem vos dá o dinheiro para as obra tudo são as estatal da grana que são três e ceis sabe quais são milhó que eu . Lá, quando voceiz recebe a grana já deposita os 50% nais conta que cêis sabe e em algumas do exteriô onde ceis trabalha. Aqui em Cuba, quem tem parte da grana é o governo de Cuba. Aquela grana dos financiamento que vocês receberam no Brasil para as obras de Cuba, essa já foi dividida lá. Já recebemo tudo. Eles fica procurando conta nossa em paraíso fiscal de nome compricado, e nosso paraíso está em Cuba, no Brasil, na Rússia, Venezuela, Bolívia, na China... Nunca que eles vai descobrir uma coisa dessa.
- Empresário D – E no caso de o governo de um país não poder pagar a dívida quando se investe lá? Assim como na Bolívia, Venezuela, Argentina que é contra os abutres, e não querem pagar?
- PQC – Veja bem... Uma parte do financiamento é este que financiamos a vocês lá no Brasil. O resto é assunto do governo. Se algo der errado porque deu mesmo e perdemo a grana, ou porque queremos que dê por política internacional, lançamos o prejuízo nas contas de “perdas” e “lucros cessante”. Ninguém vai delarar guerra a Cuba, Bolívia, Argentina, Venezuela só porque eles num paga o que deve. O povo lá do Brasil é que não pode sabê senão vira um Zuê. Mas isso é trato de governo a governo.
- Empresário E – Mas vamos supor que descubram tudo isso. Vão nos prender...
(Deu para ver num dos televisores de bordo transmissão sobre um tal de mensalão de que muito se falava e sempre era negado. A aeromoça desligou o circuito toda serelepe, deixando mostrar a calcinha enquanto se esticava toda para alcançar o botão)
- PQC- Cêis num confia em mim? Se vazar alguma coisa, demitimos o
ministro e acaba o problema. Se não for bastante, arranjemo logo um outro escândalo ainda maior pra fazê a sociedade e os jornalista tudo esquecê desse. Mas se tudo der errado merrmo, merrmo, merrmo, vocêis inté pode ir em cana, mas não terão que devolver nem dez por cento dos desvio... Tamo com todos os juizes amigos para cuidá do caso. E se prendê é por uns mêis que num pode ser muito senão o izquema acaba porque mais ninguém qué participá. E num pode.
- Empresário F – Não há perigo de faltar dinheiro no meio dos fornecimentos ou obras?É que antigamente as obras custavam centenas de milhares, já passaram a milhões e agora estamos na faixa dos bilhões, e a inflação acumulada nem chegou a 30%.
- PQC- Sempre me fazem essa pergunta e respondo sempre do mesmo modo. Temo uma Lotérica que opera quase sem custo. Dá um lucro danado. Temos um Banco e uma Financeira. Os ministro são tudo nosso e manda nas três. Cumpañero... Se a grana não sai de um lado sai do outro. É só fazê repasse. Os ministros se vira. A propósito, façam aí uma vaquinha bem gorda para a nossa simpática aeromoça que nos trata tão atenciosamente. Menos de mil é merreca, e ajuda a tápá os ouvido.
A Aeromoça que também era segurança, ouviu tudo. Queria uma parte também desse bolo milionário. Mas como? Lembrou-se então que tinha trabalhado para uma Mina cheia de Energia, que era secretária lá no Sul. E na saída do avião, acompanhou sua insolência, o PQC, e disse-lhe ao ouvido.
- PQC, se confia em mim, e se um dia encontrar com uma Mina cheia de Energia, lá no sul, lembre-se de falar com ela. Vai ser muito interessante para o senhor e para os negócios, Mas tem que tirar a Rosa Maria, porque essa é só trambiqueira e se borra em pouca tinta. Já a Mina cheia de Energia, com um banho de loja, ela pode até passar por presidente e tem uma grande qualidade. È fiel. Na cama não sei, mas se vocês se entenderem, vai ganhar uma alma gêmea, fiel. Falou mata... ela esfola logo.
® Rui Rodrigues
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