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domingo, 30 de setembro de 2012

Fotografia digital de um segundo




Fotografia digital de um segundo

Do instante zero até o final do tempo de um segundo, registrei:

Uma gambá esfomeada que escolheu o meu telhado para ninho, passou pelo jardim comendo os restos de verdura que lhe deixo por amor e consideração, não por pena; O funeral de Hebe Camargo estava cheio de fãs, tristes como eu, que provavelmente não pensaram nos milhões de doentes com a mesma doença, porque os investimentos e as despesas pessoais e dos governos se concentram na mídia que dá fama, e outros devaneios, e não em centros de pesquisa que possam curar; Na TV ouviu-se um tiro, e um personagem caiu morto, como tantos outros personagens que nos reportam para a via real: Mais real do que as fantasias do cinema, que até já não o são; nunca mais vi minha mãe depois dos quatro anos e ela faleceu de câncer quando eu tinha dez anos, e nesse tempo todo, que hoje estou com 67, o número de casos aumentou, as mortes tanto quanto isso; nos EUA há eleições para não mudar nada, porque republicanos são democratas e os democratas são republicanos; lamento muito que minha gata tenha sido castrada, porque é linda e amiga de verdade, e seus filhotes provavelmente também o seriam; o Papa do Vaticano vê o mundo em guerra e visita países onde não há guerra, fala uma vez por ano conclamando á paz, mas é uma andorinha parada que não faz verão; minha gata não sabe o que são preocupações mas olha, perscruta, cuida, cheira tudo, cuidando do que para mim não é importante, mas que ela julga que é, e me lembrei do povo nas votações atuais para prefeitos e vereadores, cuidando do que não importa, como frases vãs, beleza dos candidatos, matando formigas com os pés, tigres e jacarés passando em suas costas por propaganda que desvirtua; ouvir as ondas do mar que chegam até aqui, imaginar veleiros, mares cheios de peixe, águas límpidas de séculos atrás e o quanto se descuidou do asseio do planeta que as florestas desapareceram, os mares se poluíram, os rios carregam águas pútridas, o ar causa cânceres, os alimentos matam; em algum lugar de S. Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, por exemplo e neste instante, pessoas são mortas por traficantes, bandidos assaltam bancos e casas comerciais, o governo dá desculpas e não resolve, mas quer que se reelejam os mesmos de sempre ou outros treinados que serão iguais aos de sempre; uma de minhas aves, coisa estranha que nunca vi, não bota ovos, nem canta de galo, não sei porque razão, mas merece todo o respeito das outras aves, porque o deixam comer sem interferir, os galos não o montam e não consigo rir porque dá no que pensar; e meu filho em Barcelona numa época de crise, a Catalunha querendo separar-se da Espanha com toda a razão, o resto da família está bem; o povo sírio sendo dizimado por um ditador e por questões que se desconhecem por completo, China e Rússia vetam intervenção em nome de uma legalidade ilegal, fruto de suas próprias convicções de que o povo, haja o que houver, tem que ser irrestritamente fiel ao governo mesmo que este o mate; nunca vi ou senti que minha gata soltasse um peido, coisa incrível, porque cachorros peidam e seria natural que gatos e gatas também, ou então, a minha é muito dissimulada; Já foi o tempo em que os galos cantavam por volta das cinco horas da manhã para despertar, quando havia sinos de igrejas mas agora sem igrejas, sem sinos, cantam a qualquer hora por falta de referência; a fornecedora de energia, a AMPLA, hoje, e só hoje, ainda não falhou com a energia elétrica senão teria perdido a vontade de escrever estas linhas, e a VIVO, que me permite enviar bytes pela NET voltou à velocidade razoável, quase nunca conseguida, porque o sinal é deficiente nesta localidade; Sarney continua lá ganhando uma exorbitância e o país nem por isso melhora onde como e quando deve e pode melhorar; com igrejas que não têm sino e sem sinos que já não se colocam em igrejas, meu galo canta a qualquer hora, mas não será por isso que o mandarei para a panela; quando eu morrer não quero choro nem vela, quero uma fita amarela gravada com o nome dela.

Rui Rodrigues
Das 02:40: 50 às 02:40: 51

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