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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Coisas do Destino

Amélia entra no carro às quatro da manhã e traz consigo uma preocupação, que era ao mesmo tempo duas, Isto pede alguma explicação. Voltemos à primeira valsa.
A primeira valsa que Amélia executou no salão do coronel foi um puro ato de complacência. O irmão dela apresentou-lhe um amigo, o bacharel Soares, seu companheiro de casa no último ano da academia, uma pérola, um talento, etc. Só não acrescentou que era dono de um rico par de bigodes, e, aliás, podia dizê-lo sem mentir nem exagerar nada. Curvo, gracioso, com os bigodes espetados no ar, o bacharel Soares pediu à moça uma roda de valsa; e esta, depois de três segundos de hesitação, respondeu que sim. Por que hesitação? Por que complacência?
Voltemos à primeira quadrilha.
Na primeira quadrilha o par de Amélia fora outro bacharel, o bacharel Antunes, tão elegante como o valsista, embora não tivesse o rico par de bigodes, que ele substituía por um par de olhos mansos. Amélia gostou dos olhos mansos; e, como se eles não bastassem a dominar o espírito da moça, o bacharel Antunes juntava a esse mérito o de uma linguagem doce, canora, todas as seduções da conversação.
Em poucas palavras, acabada a quadrilha, Amélia achou no bacharel Antunes os característicos de um namorado.
— Agora vou sentar-me um pouco, disse-lhe ela depois de passear alguns minutos.
O Antunes acudiu com uma frase tão piegas, que não a ponho aqui para não desconcertar o estilo; mas, realmente, foi coisa que deu à moça uma idéia avantajada do rapaz. Verdade é que Amélia não tinha o espírito muito exigente; era um bom coração, excelente índole, educada a primor, amiga de bailar, mas sem largos horizontes intelectuais: — quando muito, um pedaço de azul visto da janela de um sótão.
Contentou-se, portanto, com a frase do bacharel Antunes, e sentou-se pensativa.
Quanto ao bacharel, ao longe, defronte, conversando aqui e ali, não tirava os olhos da bela Amélia. Gostava dos olhos dela, dos seus modos, elegância, graça...
— É a flor do baile, dizia ele a um parente da família.
— A rainha, emendou este.
— Não, a flor, teimou o primeiro; e, com um tom adocicado:
— Rainha dá idéia de domínio e imposição, ao passo que a flor traz a sensação de uma celeste embriaguez de aromas.
Amélia, logo que teve notícia desta frase, declarou de si para si que o bacharel Antunes era um moço de grande merecimento, e um digníssimo marido. Note-se que ela partilhava a mesma opinião acerca da distinção entre rainha e flor; e, posto aceitasse qualquer das duas definições, todavia achou que a escolha da flor e a sua explicação eram obra acertada e profundamente sutil.
Ora, em tais circunstâncias, é que o bacharel Soares pediu-lhe uma valsa. A primeira valsa era sua intenção dá-la ao bacharel Antunes; mas ele não apareceu então, ou porque estivesse no buffet, ou porque realmente não gostasse de valsar.
Que remédio senão dá-la ao outro? Levantou-se, aceitou o braço do par, ele cingiu-lhe delicadamente a cintura, e ei-los no turbilhão. Pararam daí a pouco; o bacharel Soares teve a delicada audácia de lhe chamar sílfide.
— Na verdade, acrescentou ele, é valsista de primeira ordem.
Amélia sorriu, com os olhos baixos, não espantada do cumprimento, mas satisfeita de o ouvir. Deram outra volta, e o bacharel Soares, com muita delicadeza, repetiu o elogio. Não é preciso dizer que ele a conchegava ao corpo com certa pressão respeitosa e amorosa ao mesmo tempo. Valsaram mais, valsaram muito, ele dizendo-lhe coisas amáveis ao ouvido, ela escutando-o corada e delirante...
Aí está explicada a preocupação de Amélia, aliás duas, porque tanto os bigodes de um como os olhos mansos do outro iam com ela dentro do carro, às quatro horas da manhã. A mãe achou que ela estava com sono; e Amélia explorou o erro, deixando cair a cabeça para trás, cerrando os olhos e pensando nos dois namorados. Sim, dois namorados. A moça tentava sinceramente escolher um deles, mas o preterido sorria-lhe com tanta graça que era pena deixá-lo; elegia então esse, mas o outro dizia-lhe coisas tão doces, que não mereciam tal desprezo. O melhor seria fundi-los ambos, unir os bigodes de um aos olhos de outro, e meter esse conjunto divino no coração; mas como? Um era um, outro era outro. Ou um, ou outro.
Assim entrou ela em casa; assim recolheu-se aos aposentos. Antes de se despir, deixou-se cair em uma cadeira, com os olhos no ar; tinha a alma longe, dividida em duas partes, uma parte nas mãos de Antunes, outra nas de Soares. Cinco horas! era tempo de repousar. Amélia começou a despir-se e despentear-se, lentamente, ouvindo as palavras do Antunes, sentindo a pressão do Soares, encantada, cheia de uma sensação extraordinária. No espelho, pareceu-lhe ver os dois rapazes, e involuntariamente voltou a cabeça; era ilusão! Enfim, rezou, deitou-se, e dormiu.
Que a primeira idéia da donzela, ao acordar, fosse para os dois pares da véspera, nada há que admirar, desde que na noite anterior, ou velando ou sonhando, não pensou em outra coisa. Assim ao vestir, assim ao almoçar.
— Melinha ontem conversou muito com um moço de bigodes grandes, disse uma das
irmãzinhas.
— Boas! foi com aquele que dançou a primeira quadrilha, emendou a outra irmã.
Amélia zangou-se; mas vê-se que as pequenas acertaram. Os dois cavalheiros tinham tomado conta dela, do seu espírito, do seu coração; a tal ponto que as pequenas deram por isso. O que se pergunta é se o fato de um amor assim duplo é possível; talvez que sim, desde que não haja saído da fase preparatória, inicial; e esse era o caso de Amélia. Mas enfim, cumpria escolher um deles.
Devine, si tu peux, et choisis, si tu l'oses.
Amélia achou que a eleição não era urgente, e fez um cálculo que prova da parte dela certa sagacidade e observação; disse consigo que o próprio tempo excluiria o condenado, em proveito do destinado. “Quando eu menos pensar, disse ela, estou amando deveras ao escolhido.”
Escusado é acrescentar que não disse nada ao irmão, em primeiro lugar porque não são coisas que se digam aos irmãos, e em segundo lugar porque ele conhecia um dos concorrentes. Demais, o irmão, que era advogado novo, e trabalhava muito, estava nessa manhã tão ocupado no gabinete, que nem veio almoçar.
— Está com gente de fora, disse-lhe uma das pequenas.
— Quem é?
— Um moço.
Amélia sentiu bater-lhe o coração. Se fosse o Antunes! Era cedo, é verdade, nove horas apenas; mas podia ser ele que viesse buscar o outro para almoçar.
Imaginou logo um acordo feito na véspera, entre duas quadrilhas, e atribuiu ao Antunes o plano luminoso de ter assim entrada na família...
E foi, foi, devagarinho, até à porta do gabinete do irmão. Não podia ver de fora; as cortinas ficavam naturalmente por dentro. Não ouvia falar, mas um ou outro rumor de pés ou de cadeiras. Que diabo! Teve uma idéia audaciosa: empurrar devagarinho a porta e espiar pela fresta. Fê-lo; e que desilusão! viu ao lado do irmão um rapaz seco, murcho, acanhado, sem bigodes nem olhos mansos, com o chapéu nos joelhos, e um ar modesto, quase pedinte. Era um cliente do jovem advogado. Amélia recuou lentamente, comparando a figura do pobre-diabo com a dos dois concorrentes da véspera, e rindo da ilusão. Por que rir? Coisas de moça.
A verdade é que ela casou daí a um ano justamente com o pobre-diabo. Leiam os jornais do tempo; lá está a notícia do consórcio, da igreja, dos padrinhos, etc. Não digo o ano, porque eles querem guardar o incógnito, mas procurem que hão de achar.

As Festas de Aniversário de Belinha


As Festas de Aniversário de Belinha



Percorrendo a NET, encontrei um site interessante sobre as festas de aniversário[1] lembrei-me imediatamente das festas de Belinha, minha amiga desde a minha velha infância. Envelhecendo juntos, acompanhei de certa forma todos os seus aniversários e com a minha velha mania de comparar tudo o que conheço, percebi que há uma relação entre a evolução do conhecimento e os atos que praticamos. No contexto das mudanças de comportamento sociais que vimos verificando, na medida do progresso da humanidade, as festas de aniversário também mudaram. E muito!

Belinha nasceu na década de 40 do século passado. Por essa época não se esperava viver mais do que sessenta anos. Hoje já se fala em expectativa de vida acima dos oitenta. Como Belinha adorava comemorar aniversários, por vezes imaginava como seriam suas comemorações quando tivesse mais de setenta anos. De lá para cá (da década de 40, do século passado), muito mudou na forma como Belinha passou a prever suas festas de aniversário.


Belinha não sabia que a origem de Aniversário – palavra que significa “tudo aquilo que volta todos os anos”, tem origem latina, nem que era um costume no Egito antigo para qualquer cidadão e na Grécia apenas para homenagear deuses e reis. Não sabia nada da origem dos costumes, mas gostava do ambiente da festa desde a emoção dos preparativos até receber os presentes e comemorar com farta mesa cheia. Depois odiava ter que ajudar a limpar tudo e verificar que alguns presentes ela detestava desde o abrir do pacote ou do embrulhinho, tudo muito decorado, mas com pouco conteúdo. Nessas ocasiões ficava com a sensação de que o doador do presente não gostava dela.  Talvez até a odiasse, e assim, no ano seguinte já nem o convidaria, mas antes, gozava da sua vingança particular: Ia a seu aniversário, e dava-lhe um presente pior do que ele lhe tinha dado. Para saber que presente seria mais odiado, pedia a amigas que sondassem junto da “vítima”. Foi perdendo amigos, fazendo outros, mas as festas de aniversário foram mudando ao longo dos anos, exatamente porque temos a mania de comparar o que damos com o que nos dão, o que fazemos com o que nos fazem. È uma medida seletiva para separar os “amigos” dos “inimigos” dos ‘indiferentes. Estes quase nunca eram convidados.  

Belinha viu muita gente que se dizia comunista cantar o “parabéns pra você” sem saberem que esta música tinha sido criada pelas irmãs americanas Mildred e Patrícia Smith Hill em 1874 para as crianças de uma escola. Também não sabiam que em 1923, o título da canção fora alterado para “happy birthday to you” – parabéns para você- depois de ser editada em livro. Muito menos ainda sabiam que a música recebeu uma versão brasileira: A rádio Tupi promoveu um concurso em 1942, para que as pessoas escolhessem uma letra que se encaixasse na melodia original. A letra escolhida, entre cerca de cinco mil participantes, foi a de Bertha Celeste Homem de Mello.

Belinha tem memórias inesquecíveis de muitos de seus aniversários, na forma como evoluiu este tipo de festa ao longo das décadas de sua vida. Nos primeiros anos gostava dos aniversários pela festa e pelos presentes. Depois pela convivência, pelos presentes e pela festa. Mais tarde, preferia a festa e os presentes, depois apenas os presentes e hoje fez aniversário na cama do hospital (está internada) comemorando com um pequeno bolo individual, com uma velinha maior nele espetada, e uma enfermeira, eu e dois parentes cantando “parabéns pra você”... Nenhum dos outros seus amigos convidados foi ao hospital comemorar o seu aniversário. Lembrou-se então de um dia em que viu uma amiga (surdamente não se suportavam) enfiar o dedo “fura-bolos” no seu bolo de aniversário pensando que ninguém estava vendo. Evidentemente essa amiga nunca ficou sabendo que “aquele” pedaço do bolo que ganhara de Belinha no aniversário de 1958, levara uma dedada do “pai de todos” que previamente ela passara em sua bunda.

Em 1973 diziam que havia uma crise de petróleo, e os presentes foram uma desgraça de tão fracos e ruins. O problema é que belinha em 1972 já tinha dado presentes caros e bons a seus amigos, e voltaria a fazê-lo em 1974, depois de passada a crise. Quando chegou a moda de convidar para aniversário em casa de festas, cada convidado pagando o seu consumo, Belinha aderiu, mas a assistência ficou selecionada entre os que arranjaram uma boa desculpa para não ir, e os que não tinham como se desculpar. Foi assim durante alguns anos. Belinha jura que em algum dia da próxima década, as festas de aniversário estarão fadadas a ser comemoradas por raras famílias apenas para as crianças. Muitas aniversariantes se encheram de tantos panos de prato, outros de tantos frascos de Bozzano com dois enes. Um fenômeno que fez muitos homens detestarem loção para barba porque se viram obrigados a suportar o mesmo cheiro anos a fio porque era isso que recebiam em todos os dias 24 de dezembro e nos dias de seus aniversários, não importa de que ano.

Belinha prevê também o fim das festas de Natal, porque muitos já acham que pagam uma parcela muito alta, na divisão das despesas, para festa tão “pobre”. Festas de Natal percorreram o mesmo caminho das festas de aniversário, quase sempre passado na casa do Patriarca. Embora atualmente se passe também na casa das Matriarcas – quando se comemora – os presentes são sempre questionáveis, achando uns que deram muito e outros que receberam pouco. Peru passa voando muitas vezes cheirando a chester apressado, e o resto é decoração com muitas frutas. Muitos já não acreditam em Jesus ou têm muitas dúvidas sobre religião, família e amizades. Outros questionam que não há bebidas alcoólicas e uma grande parte virou vegetariana. Todos dizem que largaram o cigarro mas fumam lá fora ou saem apressados para satisfazer o vício que agora tem que viver escondido por ter sido escorraçado dos hábitos sociais. 

A maioria está ocupada na Internet, filhos jogando videogames, maridos e mulheres ora com dor de cabeça ora com sono. A solidão é a grande onda do século XXI. Melhor do que passar por cenas como aquela de 2001, quando a família toda quase saiu na tapa porque as comadres se zangaram e as verdades se descobriram, mas nem assim sobrou comida na mesa... Natal igual àquele, nunca mais.

Rui Rodrigues   

sábado, 28 de janeiro de 2012

Tirando os livros das prateleiras para...


Tirando os livros das prateleiras
para uma saudável releitura

(Hoje na berlinda, Napoleão, o relacionamento Israelopalestino, a matança colonial de índios brasileiros, a queda de três prédios no Rio de Janeiro).


Todos nós sabemos - como disse Aristóteles - que “todo o ato humano é um ato político”. Também sabemos, e muitos de nós já fomos vítimas disso, que os livros “oficiais” de história de cada nação, já passaram por sua fase de censura e direcionamento de figurões encarregados por reis, presidentes – políticos, todos eles – que lhes deram forma, conteúdo e intenções, fugindo da verdade dos percalços históricos, e exaltando, exagerando, os feitos que na época se julgavam haver contribuído para a boa imagem dos respectivos governantes ou vultos históricos.

Essa forma de escrever a história produziu muitas distorções da verdade e provocaram preconceitos, holocaustos, guerras, mudança de rumos da humanidade.

·         Napoleão

É um herói francês, com direito a estátuas, monumentos, exaltações, referências. O povo francês o ama. No entanto, embora a nova face do sistema republicano se baseasse em Liberdade, igualdade, fraternidade, seu reinado começou com o corte de cabeças de adversários políticos na guilhotina e perseguição política, puxando para debaixo do tapete – até hoje – a tal liberdade, fraternidade e igualdade. Agindo assim, o mundo nunca acreditou realmente nisso, exceto pelos líderes políticos comunistas que despontariam séculos mais tarde na Rússia czarista e que começaram seus governos exatamente da mesma forma: assassinatos de políticos, perseguições... Não podemos crer em políticos. Eles mentem. No caso de Napoleão, deveríamos concentrar nossa atenção no “saldo” de seu governo... Centenas de milhares de mortes de jovens franceses, milhões de mortos nos campos de batalha, conquistou meia Europa e perdeu tudo, morrendo enclausurado num forte britânico (seu maior inimigo). Napoleão perdeu tudo o que conquistou. Ele e Vercingetórix, que perdeu a grande batalha de Alésia contra Julio César e atrasou em séculos o surgimento da França, são heróis nacionais por puro equívoco. Se os historiadores franceses enfocassem corretamente os fatos, os dois seriam tremendos perdedores que causaram prejuízos para o povo francês. Vercingetórix teve porém o mérito de estar em posição de defesa contra um invasor muito mais poderoso. Napoleão foi o vaidoso que se julgava imperador, infalível, e se mostrou um pequeno homem megalomaníaco, com síndrome de cleptomania consciente do alheio.



·         Palestinos e israelenses


A origem étnica é evidente: têm a mesma origem. A história milenar, porém, os colocou frente a frente na mais longa batalha da história que se conhece desde a antiguidade. Isto já vem desde os tempos de Moisés antes de o povo israelita se instalar nas terras de Canaã, a terra prometida, de onde, na verdade, já haviam saído para se deslocarem ao Egito que então os expulsava (Na verdade, o faraó não impedia a saída do povo israelita do Egito. Na verdade já não estava interessado em manter emigrantes dentro de suas fronteiras, tal como acontece hoje nos EUA e Europa – povo que fica rico, fica exageradamente sociofóbico, intolerante, um enorme e presunçoso “rei na barriga”). Podemos resumir esta guerra teimosa de nossos dias, numa frase muito simples: Não se obterá paz enquanto uns não reconhecerem a independência de Israel e este não deixar de ocupar as terras palestinas ou as faixas de terra destinadas a segurança, como a faixa de gaza. Quanto ao povo, se fizerem uma votação popular – um referendum – todos desejarão a paz. Os governos é que não querem ceder e podemos imaginar muitos motivos para que a guerra continue sendo incitada, ainda que surda e politicamente, por ambos os governos.

·         A matança colonial de índios brasileiros



Leandro Narloch escreveu “Guia politicamente incorreto da História do Brasil – Editora LeYa. Não foi o primeiro a dar um novo enfoque à matança dos índios no Brasil, e a isso faz honestas referências, mas deixa claro que os mais interessados em exterminar tribos índias, num processo que podemos assemelhar a “limpeza étnica” eram os próprios índios, como por exemplo, entre as tribos Tupinambás e os Tupis. Lutavam por terras, por antigas querelas nunca resolvidas, pela necessidade cultural de comer os adversários. O termo Mingau advém de uma pasta que faziam com as vísceras de seus inimigos abatidos. Mesmo no México, os espanhóis em tão pequeno número não poderiam ter vencido a luta contra Montezuma se não tivessem o apoio das tribos que até então tinham sido exploradas por este. O que se escuta pelas ruas, ensinado nas escolas, é que os portugueses e os espanhóis “exterminaram” os índios em seus respectivos territórios que ocuparam. Foi, mas não tanto. Desde 1822 que a responsabilidade sobre os povos índios é nossa. Parece que não temos muito do que reclamar do passado, porque não melhoramos muito a sua condição. 



·         A queda de três prédios no Rio de Janeiro

Três prédios desabaram em efeito cascata na noite de quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012. Um deles, o mais alto, de 20 andares, desabou sobre os demais porque o nono andar cedeu e suas lajes se abateram sobre o oitavo andar, e estas sobre o sétimo, descendo tudo em fração de segundos até o nível do solo, num amontoado de corpos, objetos de uso pessoal, vigas e pilares destroçados, ferros retorcidos, móveis quebrados, poeira... Uma empresa fazia obras de reforma nesse edifício, que já havia sido muitas vezes reformado com abertura de janelas, fechamento de varandas, etc.

A primeira idéia que nos ocorre é que a Prefeitura ou o CREA deveriam verificar projetos antes de aprovar a sua execução, até mesmo porque ambos os órgãos recebem pagamentos para tal efeito, e no caso do CREA, um pagamento mensal dos profissionais de Engenharia, Agronomia e Arquitetura para que possam exercer as suas funções. O diploma da Universidade não é suficiente para se exercer a profissão. Só se exerce legalmente estas profissões se for paga mensalmente uma “pequena” cota mensal ao CREA. Entre os engenheiros da Prefeitura e os engenheiros do CREA, nos parece evidente, a nós que somos leigos no assunto, que estes últimos teriam muito maior capacitação de verificar, aprovar, porque têm o poder de “afiliar” os da prefeitura... Mas a responsabilidade do desastre irá infalivelmente para o engenheiro que foi afiliado ao CREA, e paga anuidades, pagou suas taxas à Prefeitura, mas não sofreu fiscalização eficiente por parte destes dois órgãos. Faltam-nos pelo menos duas respostas para a nossa indignação: Para quê afiliar-se e pagar taxas, se não se é devidamente fiscalizado, e se os Estatutos destes dois órgãos se omitem de tais responsabilidades?

E o CREA entra na justiça com ação de arresto de bens contra antigos e reformados engenheiros que nos últimos trinta anos nem trabalharam em engenharia por “presumíveis” legalidades na cobrança de anuidades.  

Precisamos reler os livros e as leis que estão à nossa disposição. Necessidade urgente, muito urgente.

Rui Rodrigues

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012


APRESENTAÇÃO DO BLOGS, BLAGUES & BLEFS


Notícias nos chegam de todas as formas, dependendo do veículo da mídia, dos jornalistas, das fontes, da influência do mundo organizado, empresarial e/ou político, dizendo tudo, apenas partes do tudo, distorcendo as verdades (ou as mentiras)...

Mas nada disto importa. O que importa é como queremos entender, perceber, sentir as notícias. Evidentemente assumimos que para uns estaremos sempre certos em nossas postagens – ou quase sempre – e para outros sempre errados ou quase sempre.

Para cada um de nós- e dos nossos leitores - o mundo não é como realmente é: O mundo é como queremos que ele nos pareça quando o analisamos. A recíproca é absolutamente verdadeira. Nós não somos como vos parece. Somos simplesmente como somos.

Por isso não podemos assumir a responsabilidade de nossos pontos de vista face ás notícias que nos chegam, porque as analisamos com o compromisso único de expressarmos o que nos parece. Mesmo parecendo que afirmamos algo, estamos apenas dizendo o que “parece ser”.

Contamos com a vossa compreensão e com a vossa incompreensão. Serão absolutamente normais e naturais.

A redação