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sábado, 11 de novembro de 2017

Crônica do Urubu Voador pousado num poste

A foto abaixo é do início do século XIX, e mostra claramente como nunca se viu, um trem da época, antes da invenção dos motores de um tempo, dois tempos e quatro tempos, que nunca chegaram os tempos de outros motores com 6 e 8 tempos. Mas o que carregam no trem puxado a burro, assim como existiram os bondes puxados a burro, estes estoicos animais ?


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Carregam areias. Exóticas Areias Negras, aqui acima no mapa, em terras do espírito santo que não é de orelha nem do Pai nem do Filho. O Estado do Espírito Santo poderia ter-se chamado Espírito do Brasil, por ser muito lindo, belas mulheres a meio caminho do Norte e do Sul, um estado com belas praias refresca-rabos de gente praiana que nunca viu o mar.
Podem notar-se os trilhos sobre as areias, pressupondo o intensivo afã, trabalho intenso, penoso; faina, lida, sofreguidão, em transportar as areias que de tanto escavadas a pazadas, certamente foram substituídas por outras de rejeitos quem sabe, provenientes de barragens da Samarco ou de fossas da região. Claro que não. É suposição caô. Mas então, de onde vieram as areias que substituíram as de Guarapari??? Ora nem importa uma  coisa dessas. Neste sábado, dia 11 de novembro de 2017, veio a notícia que as praias do Espírito Santo estão sem faixas de areia. O mar que traz também leva. Leva, levou, lavou, lavará, levará...

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Tudo começou na praia da areia preta depois  que descobriram o uso de materiais radioativos como a monazita, minério que contém fosfatos de metais de cério e tório, principalmente o isótopo 232. Materiais radioativos foram e são utilizados em processos de cura, mas não assim, como a senhora da foto de cima que pelos vistos foi a única que não percebeu o caô das propagandas de então que fizeram o crescimento de Guarapari. Já na foto de baixo, o casal aproveita o ventinho gostoso que vai beijando os corpos e aumenta o tesão que se controla entre um mergulho do mergulhão dele dentro da caverna  marinha dela, ali mesmo no bate boca das ondas, ou de outro modo, depois já em casa, no hotel, no banco de trás, no banheiro do ônibus interestadual, ou encostados numa árvore pra suportar o peso do amor, antes da moqueca capixaba. 

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O Urubu praiano avoador foi a fonte de inspiração para esta crônica. Eu o apanhei  já tarde do dia, a horas de vésperas, empoeirado num poste liso de iluminação, triste e sorumbático, todo molhado por forte chuva imprevista que se abateu aqui pelos arredores do Brasil inteiro. Urubu solitário num poste, pelas beiradas do mar onde vivo, encharcado, é triste. Não há muito peixe por aqui, e sente-se a falta de casais transando na areia como era antigamente, ali pelas areias do Leblon, Ipanema, Copacabana, Botafogo, Aterro do Flamengo... Trepava-se gostoso Brasil afora. E se não fosse gostoso, tentava-se até um nunca se acertar.
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Somos um bando Sapiens Erectus, sempre insatisfeitos... O padre José de Anchieta que andou por aquelas praias, cheio de inspiração que o fazia escrever nas areias, nunca percebeu essa "caôquera" que as areias faziam bem a alguma coisa. As areias espaireciam, e muitas vezes por certo o bom padre levantou a batina pra se satisfazer nelas. Mas contrariamente ao urubu do poste, que me serve de inspiração para crônicas homiliantes, Anchieta não era um solitário. Ou seria ??? Pelo menos nada foi dito nas Homílias do bom padre a respeito.

Rui Rodrigues

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