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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Sexbar Nonude



Aqui, no Bar do Chopp Grátis, em dias quentes bebe-se muito chopp, ainda mais que é grátis. É tão barato produzir chopp, que não fossem os impostos deveria ser distribuído quase a a preço de água tratada, o que permitiria não ser cobrado, porque o lucro viria do  resto dos produtos à  venda. Atrairia fregueses. No inverno  e em dias chuvosos, bebe-se preferencialmente o chopp, tirado na pressão, um a dois dedos de espuma grossa, leve sabor de lúpulo, nunca estupidamente gelado para não "adormecer", insensibilizar as papilas gustativas da língua e perder o sabor. Nestes dias frios e/ou chuvosos é que aparecem as "figuras" que, entre umas verdades e outras que são mentira, parecem falar apenas besteiras. Outros não falam. Apalpam-se, comem-se com os olhos, afagam-se, acariciam-se. Se houvesse mais liberdade em bares, o prazer seria muito maior. 

Num dia desses, frio e chuvoso, o bar do Chopp  Grátis em Amsterdam, na Holanda, começou a encher com os primeiros pingos de chuva. O pessoal a caminho  de casa, depois de um duro dia de trabalho, aproveitou a oportunidade para relaxar, bater uma prosa e chegar mais tarde em casa. Homens e mulheres. A certa altura, minha bela secretaria, Anita Castro, de origem colombiana- e muito parecida com a moça da foto- me fez um sinal para que eu olhasse para uma determinada mesa. Uma dona segurava o prepúcio de um sujeito, sob o tampo. Prepúcio é uma forma de falar para não dizer "jeba" que soa horrível, coisa de gente que escreve ou fala sem noção, ou de gente sem noção que escreve ou fala. Aquilo era um pepino do mar. 

- Patroncito... (Sussurrou ela no meu ouvido com aquele sotaque doce e feminino de portunhol)- No vais facer nada?

Respondi:- O que eu poderia fazer? Ia criar um problema. Deixa que se alguém vir, vai reclamar e o chefe dos garçons dá um jeito. Você viu que ela está sentada em cima da mão dele?
-Ela debe estar toda molhadinha... Ahora senti invexa...(e Anita me olhou com aqueles olhinhos pidões de impossível dizer não, mesmo que eu quisesse e eu não queria. 
- Você quer subir? (perguntei-lhe)
- Quero... Vou te facer locuras, hasta que la sábana te suba por el huequito...(sábana significa lençol em espanhol. O resto que ela disse nem traduzo).
Subimos logo para o jirau, um pavimento intermediário entre o piso do bar e o andar de cima, onde tenho meu escritório e cama. Realmente estava na hora. O trabalho por vezes nos absorve de tal modo que, tendo ali à mão, pitéu tao saboroso, não aproveitar-se mais frequentemente, assim uma duas vezes por dia, seria um desperdício, um pecado. Um dia ainda vou tirar férias com ela numa ilha deserta do caribe, longe de renas e caribus, nadar pelado, transar no meio do mar dentro de água. Por falta de ferias e Caribe, transamos  ali mesmo no ar condicionado por uns vinte minutos. Depois nos arrumamos e descemos, a pele agradecida, relaxada, senti-me mais jovem. Ela resplandecia. 

Ao descermos, ouvimos uma vozearia e um sujeito falando alto.

-Nunca mais venho nesta espelunca de Bar!... Vi uma mulher e um cara se masturbando debaixo da mesa até revirarem os olhos... Claro que gozaram... Vi que o chão debaixo da mesa estava todo sujo...Nunca mais volto nesta merda...
Os demais fregueses pareciam tao fleumáticos quanto os britânicos e não deram a minima importância. Uma moça disse que não tinha nada demais e sapecou um beijo na boca de seu parceiro. Uma outra colocou os seios de fora e disse para seu acompanhante: Toma... Beija! E na mesa do canto, uma moça bem dotada de peitos, enfiou a mão dentro da calça do parceiro enquanto o beijava.   
Em poucos minutos o Bar tinha-se transformado num "Sexbar Nonude", um Bar onde os clientes se podiam excitar sem contudo ficarem nus ou se apresentarem de forma indecentemente exposta. Houve trocas de casais, formaram-se grupos de agarra-agarra, a situação ficou incontrolável em termos de "bons" costumes. Convidei o casal "excitante" para o dia seguinte, despesas grátis. 

Perguntei-me o que  eram os bons costumes e no dia seguinte fui na chefatura de policia para me informar como poderia legalizar um bar assim, com novos e liberais costumes, para casais, sem meretricio, iluminação minima apenas sobre as mesas como se fossem pequeníssimas velas. Fui informado que teria que colocar uma placa de aviso descrevendo o que não era permitido dentro do Bar, como sexo explicito, colocar cortinas nas janelas, e uma segunda placa informando: Proibida a entrada a menores. Também me perguntei o que seriam "menores" mas dispensei-me a resposta porque estava escrito na lei. Pelo entardecer desse mesmo dia, ainda frio e sombrio, chegou o casal que convidara. foram recompensados pela ideia que geraram, tendo direito a cinco noitadas livres de despesas. Em uma semana a decoração, simples, estaria pronta. O casal seria a alavanca desinibidora que daria inicio
 às solenidades.



Na America do Sul, tentamos montar este tipo de bar em vários países. Sem sucesso!


Primeiro, que tivemos que preencher uma porcão de papelada e apresentar um projeto. Tivemos que pedir aprovação num par de dezenas de instituições. Num par de instituições quiseram mudar o estatuto de bar para um outro que iriam inventar com características muito próximas de casas de meretricio. Nunca quiseram entender que ia no bar quem queria, e que se alguma piranha ou algum boy de aluguel o frequentassem, não teríamos como adivinhar porque não trazem rotulo. Entender todos entendiam, mas o pessoal queria "propinas" para aprovação. Seis meses depois de termos dado entrada nos processos, desistimos. Alem do mais, mesmo com garantia de que a cerveja não seria vendida, mas doada, os governos se recusaram a baixar ou eliminar os impostos de mais de cinquenta por cento.



Rui Rodrigues  

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