Pesquisar este blog

sábado, 21 de julho de 2012

O menino e os gibis.




O menino e os gibis.


Antevira o futuro, agora já presente, pela nuvem que costumava pairar em dias negros de sua infância, de sua juventude. O pai emigrara para um estrangeiro muito longe e a tia histérica que cuidava dele batia-lhe todos os dias com cinto, chinelo, o que tivesse à mão. Não raro lhe davam ataques que a deixavam contorcendo-se no chão por breves instantes. Depois ela levantava-se e tudo voltava ao normal. Freud teria certamente uma boa conversa com ela que a faria terminar com as divergências entre o seu alter-ego e o seu ego, mas naqueles tempos ainda se limpavam chaminés, os tempos eram difíceis e não tinham dinheiro para consultas. Ela só melhorou quando casou com um homem bom, gordo, calado, bonachão. Depois, passado pouco tempo, ela, que sempre vivera sozinha, começou a irritar-se com o marido, e novamente o garoto se viu mergulhado em dias negros, quando então se recolhia a sua nuvem. A nuvem podia ser interpretada porque falava através de sua própria linguagem. Falava através de livros de história em quadrinhos. O futuro estava todo lá, contado de forma acessível a qualquer um. O que a criança não sabia muito bem era se as histórias faziam o caminho para o futuro, ou se o futuro simplesmente se revelava nos livrinhos de histórias.

Sua personalidade foi sempre construída entre escolhas, dia a dia, reagindo a cada atitude do mundo, boa ou hostil, por reação contrária ou por adoção do comportamento, da idéia, da situação. Procuraria jamais bater em crianças, defenderia os fracos, teria que ser um forte até mesmo na determinação. Hoje, muitas décadas passadas, olha para o passado de vez em quando e vê, relembra, revê o que sempre lhe foi óbvio: Todas as histórias infantis eram tristes ou tinham seu lado triste. Até nas canções infantis. Talvez o futuro viesse a ser triste. Não o seu próprio futuro, mas o futuro da humanidade.

Quando assistiu ao filme “Pinóquio”, um livro de histórias em quadrinhos contado em movimento, preocupou-o mais a raposa que desviava o boneco vivo de madeira do que propriamente as suas mentiras, porque estas por vezes eram necessárias para fugir do furor crônico da tia, enquanto o ser desviado de seu caminho por pessoas interesseiras e que não estariam verdadeiramente interessadas nele, era muito mais importante. Notou que Pinóquio só tinha um pai. Ele não tinha mãe nem madrasta. Ele tinha uma tia que dizia cuidar dele, mas que era como se fosse uma madrasta. Talvez um dia o mundo não tivesse mais mães desse tipo, talvez os homens não casassem, talvez só nascessem filhos amados, desejados, que não fossem largados. Quem escreveu esta história não gostava muito de mulheres.

Assistiu ao filme “João e Maria”, e percebeu um mundo hostil às crianças, em que uma madrasta aconselha o pai delas a largá-los na floresta porque não tinham o que comer. O pai concordara e elas vão parar na casa de uma bruxa cega que tinha construído uma casa de doces e chocolates para atrair as crianças que engordava para depois as comer. O pai e a madrasta perdem tudo. Joãozinho mostrava sempre um osso de um dedo á bruxa, para mostrar que estava magro. Livres da bruxa que Maria consegue matar reencontram o pai que os recebe de braços abertos porque lhe trouxeram os tesouros da bruxa.
O menino aprendeu com esta história que tinha de fugir das bruxas, das madrastas, e que teria que ser independente para não depender de pai cativado por elas. Quem escrevera esta história não gostava muito de mulheres.

Folheou livros e livros de histórias em quadrinhos de super heróis: Batman, O Fantasma, Superman, Homem Aranha, Tarzan, todos muito poderosos beirando o endeusamento, mas nenhum era casado, nenhum tinha filhos ou filhas. Tinham dinheiro mas não se sabia de onde vinha. Tarzan preferia viver com uma macaca, mas soube-se depois que era na verdade um macaco. Os que escreveram estas histórias não gostavam muito de mulheres.


Branca de Neve divertia-se com os sete anões, demonstrando uma juventude promiscua. Os anões eram trabalhadores e extremamente ciumentos, cercando-a de todo o conforto. A madrasta dela era linda também, mas transforma-se numa bruxa velha e caquética para matá-la com um sono eterno produzido por um veneno contido numa maçã.  Traidora e ingrata, Branca de Neve acaba por apaixonar-se por um príncipe que herdaria a riqueza dos pais. Afinal, os sete anões eram apenas trabalhadores de minas que produziam qualquer coisa que não os fazia enriquecer nunca. Quem escreveu esta história não gostava muito de trabalhadores nem de mulheres.

Ali Babá não era casado e rouba uma caverna de ladrões cheia de riquezas mas não as devolve aos que foram roubados. Estes ficaram sem as suas economias. Casa-se com uma empregada que nem se sabe se era bonita ou feia, mas que tinha moral e ética, por avisar Ali Babá que os ladrões estavam escondidos em grandes ânforas de barro para matá-lo e ao irmão ambicioso que tinha ido sozinho na gruta também para roubar. Salvou-o Ali Babá, e por isso os outros ladrões os procuravam para se vingarem. Quem escreveu esta história achava que se pode roubar impunemente sem devolver o dinheiro roubado a seus donos. Não se vê outra coisa neste maravilhoso mundo novo.

A Gata Borralheira é uma irmã perseguida que sofre bullyng por parte das irmãs e da madrasta. Havendo um baile e impedida de ir, A Gata Borralheira recebe ajuda de uma fada “irreal” e vai á festa perdendo um sapato na pressa de voltar para casa. A madrasta e as irmãs são reais, a expressão do mal, mas a fada, que expressa o bem, é de mentirinha e usa uma vara para fazer milagres. O príncipe, inveterado pedólogo, apreciador de pés femininos pequenos, irá torrar toda a grana do pai casando-se com a dona do sapatinho perdido. Quem escreveu esta história deixou patente que uma em cada cinco mulheres é terrível, ruim. Não gostava de mulheres certamente.

O pato Donald tinha três sobrinhos e não era casado. Vivia amando uma garota, a Margarida, que tinha um amante chamado Gastão e era rico. Os três porquinhos viviam sozinhos numa casa instável porque o Lobo Mau as derrubava para comê-los. Mickey tinha uma namorada, a Minnie, mas não viviam juntos. Ele vestindo uma cueca e ela uma minissaia curtíssima. Ambos viviam sós. Amavam-se mas jamais se casaram. O casamento não era recomendável para quem escreveu estas histórias. Bom mesmo era a eterna namorada sem compromissos com quem se pode dar uma rapidinha e até passear de vez em quando.

Na história do chapeuzinho vermelho, a mãe e o pai não aparecem, a avó vive sozinha e o lobo mau quer transar com as duas. O gato Tom não tem uma amiguinha chamada Gerry. Gerry é um rato macho que o Tom quer comer de qualquer modo.

O menino da nuvem lidou com tudo isto pensando nas razões que levavam os autores a escrever histórias tristes para crianças, que dentro de um quadro imaginário incluíam mensagens subliminares esclarecedoras de suas próprias experiências infantis. Ou tinham tido uma madrasta das brabas, ou sofrido bullyng, ou eram gays por opção ou natureza. Decididamente o mundo era muito parecido com as histórias em quadrinhos, e, ou apontavam para um comportamento futuro, ou faziam o futuro do comportamento.

O menino já não vê nuvens em sua vida. Casou cedo, teve seus filhos, suas mulheres, não foi príncipe nem pobre, enfrentou ondas e vendavais. Não está na idade do lobo mas não é mau e gosta das mulheres. Teve a sorte de perceber que o mundo nada mais é do que uma história em quadrinhos contada de forma real todos os dias, mas já se abstém de ler essas histórias. Há novas edições e novas histórias no mercado. Calvin tem um amigo confidente de pelúcia, um tigre, mas é ainda muito criança. Tem pais ainda casados e só detesta a professora. Já é um progresso. Mas bom mesmo, era a literatura de cordel.


Rui Rodrigues

sábado, 14 de julho de 2012

Piratas do Caribe – Bartolomeu “português” - A lenda de Annie Palmer




Jamaica é um paraíso numa ilha cuja linha de maior comprimento corre quase paralela á linha do equador, em pleno mar do Caribe a sul da ilha de Cuba. Recomendo!


                                                     Piratas do Caribe e Port Royal


Demandando os portos espanhóis por ali passavam obrigatoriamente os galeões carregados de ouro vindos da Colômbia, mais precisamente de Cartagena de Índias ou da cidade do Panamá. Os piratas fundaram então uma cidade onde ficavam de tocaia aguardando a passagem de galeões e outras naus para assaltá-las: Port Royal (ou Port Royale, por influência francêsa). Um terremoto em 7 de junho de 1692, seguido de tsunami, destruiu e afundou Port Royale matando cerca de duas mil pessoas.  

A Inglaterra adquiriu a cidade de Port Royal da Espanha em 1655. Em 1659 já havia duzentas casas cercando o forte e em 1661 um bar para cada dez habitantes. Bebiam preferencialmente vinho e rum. Havia prostitutas em tal quantidade que chegou a ser chamada de Gomorra do Novo Mundo. Por lá passaram piratas famosos como Bartolomeu português, Henry Morgan, Bartholomew Roberts, Roche Brasiliano, John Davis e Edward Mansveldt (Mansfield). Muitos piratas se transformaram em mendigos gastando o seu dinheiro com prostitutas e rum. Segundo Charles Leslie, chegavam a gastar 2 a 3 mil peças de ouro numa noite, uma enorme fortuna. Por 500 peças alguns pagavam a mulheres apenas para ficarem nuas.  Era costume colocarem copos de bebida nas ruas e obrigarem quem passasse a beber com eles.
Como a Inglaterra não mandava dinheiro nem forças armadas para defender a cidade dos ataques de franceses e espanhóis, os governadores resolveram pedir ajuda aos piratas. Henry Morgan, o famoso pirata chegou a ser nomeado governador e de Port Royal atacou a cidade do Panamá, Portobello e Maracaibo.
Depois de Henry Morgan o comércio de escravos começou a ser mais importante. Em 1687 a Jamaica sancionou leis antipirataria e Port Royal se transformou num centro de execução de piratas. Foram enforcados Charles Vane e Calico Jack em 1720 e dois anos depois enforcaram 41 piratas.

                                                                Bartolomeu Português




Bartolomeu português é uma raridade em termos de pirataria. É o único reconhecido como tal em toda a história da pirataria do mar do Caribe e das Américas. Anteriormente a ele, apenas três são conhecidos: Gonçalo Pacheco, Mafaldo e Lançarote que atuavam por volta de 1443 no estreito de Gibraltar para atacar navios árabes e espanhóis que demandavam o golfo de Biscaia, a caminho da Galiza.
Bartolomeu português ficou famoso por ter estabelecido o primeiro código de regras conhecido como o “Código da Pirataria” usado pelos piratas a partir do século XVII. Não teve muito sucesso como pirata sendo capturado por varias vezes e conseguindo fugir. Chegou ao Caribe e a Port Royal na década de 1660.

A história de Bartolomeu português é agitada e frustrante. Com uma pequena embarcação de apenas 4 canhões e cerca de 30 homens, assaltou e apresou um galeão espanhol ao largo de Cuba com 70.000 dobrões de ouro e um grande carregamento de cacau. Tentou navegar na direção de Port Royal, mas fortes ventos empurraram-no para o Cabo de Santo Antonio onde foi capturado por três naus espanholas que o perseguiam pelo assalto ao galeão espanhol. Durante uma tempestade toma a nau onde estava e escapa, mas é obrigado a navegar na direção de Campeche, no México, onde é reconhecido e capturado pelas autoridades. Ficou preso a bordo de uma das naus espanholas, fundeada ao largo, e com uma faca roubada mata o vigia e volta a escapar usando jarros de vinho como bóia porque não sabia nadar. Em fuga, caminhou 190 quilômetros pela selva e alcançou um lugar conhecido como “El golfo triste” no este da península de Yucatán, onde encontrou um barco que o levou a Port Royal.  Volta então a Campeche com cerca de 20 homens e assalta a nau onde tinha estado prisioneiro com toda a sua carga. Faz-se ao largo e assiste ao afundamento da embarcação, perdendo toda a carga, ao largo de Cuba, próximo á Ilha da Juventude. Com a tripulação sobrevivente Bartolomeu regressa novamente a Port Royal de onde saiu mais uma vez para o mar. Nada mais se conhece dele desde então. Segundo o biógrafo Alexander Olivier Exquemelin morreu na maior das misérias do mundo. Há quem diga que foi na ilha de Tortuga, uma zona neutra de piratas, onde costumavam vender os espólios de suas atividades para não pagarem os impostos exigidos em Port Royal e nas outras cidades piratas da região.


                                                           A lenda de Annie Palmer





Saindo de Mo Bay e na direção de Rio Bueno e Ocho Rios, chega-se a uma casa imponente, de arquitetura georgiana, construída na década de 1770, sede de uma antiga fazenda: Rose Hall Plantation. Em princípio nada tem a haver com piratas, mas a lenda sobre a proprietária faz parte do folclore jamaicano. Foi chamada de “a feiticeira branca”.

Annie Palmer, nasceu na Inglaterra, filha de mãe inglesa e pai irlandês. Passou a maior parte de sua vida no Haiti. Com a morte dos pais por febre amarela, foi adotada pela babá, que segundo reza a lenda, praticava vodu e lhe ensinou as artes da feitiçaria. Mudou-se para a Jamaica e em 1820 casou com John Palmer, o dono da Rose Hall Plantation, a leste de Mo Bay. John Palmer teve morte suspeita, assim como os outros dois maridos posteriores de Annie. Dizem que foram vítimas de Annie. Sozinha e tendo que comandar a plantação, dizem também que usava o vodu para aterrorizar os escravos. Dizem muita coisa sobre Annie: que dormia com os escravos e depois os matava, como no levante escravo de 1830. Um escravo chamado Takoo, amante dela tinha uma neta. Annie era apaixonada pelo marido dela. Não podendo tê-lo como amante, teria feito uma prática vodu em função da qual essa neta veio a  falecer.  Ao descobrir isso, Takoo matou Annie e fugiu para o mato onde foi descoberto e morto por dois outros escravos também seus amantes. Os novos proprietários disseram que uma empregada deles teria sido “empurrada” de uma varanda pelo fantasma de Annie. A empregada partiu o pescoço e morreu.

Depois de ouvir esta triste história, soube que quem tinha casado com John Palmer foi uma tal de Rose Palmer e que realmente teve mais três maridos depôs desse. Ela era, segundo investigação em 2007 por Benjamin Radford, uma mulher de inabalável virtuosidade. A confusão toda provem de um romance jamaicano escrito em 1929 porHerbert G. de Lisser. Poly Thomas, autor do livro “Rough Guide to Jamaica” também atesta que a confusão provém desse romance.

Para manter a lenda em Rose Hall também oferecem passeios noturnos que se concentram na lenda de "Annie Palmer": supostos locais de túneis subterrâneos, manchas de sangue, assombrações e assassinatos. As sessões também são realizadas na propriedade na tentativa de evocar o espírito de Annie.

Jamaica No Problem

Rui Rodrigues

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sobre a partícula de Deus, o “bóson de Higgs”.




Sobre a partícula de Deus, o “bóson de Higgs”.

Tentarei explicar do que se trata, de forma a que se possa facilmente entender mesmo para quem nunca teve contacto com a Física Quântica. Dedico-me ao estudo da Física Quântica há pelo menos uns 25 anos, sem nunca ter passado do estágio de “entender” o que os físicos constatam e calculam. Para poder lidar com ela seria necessário que eu voltasse para a universidade para complementar meu curso de matemática. Entendendo as dificuldades do entendimento desta matéria, descrevo da forma mais simples possível do que se trata.

1 – Sobre a Mecânica Quântica


A Mecânica Quântica é uma teoria baseada no uso do conceito de uma unidade -quantum- para descrever as propriedades dinâmicas de partículas subatômicas e as suas interações. Foi iniciada pelo físico alemão Max Planck que postulou em 1900 que a energia só pode ser emitida ou absorvida em pequenas unidades chamadas quanta. Também fundamental ao desenvolvimento de Teoria Quântica é o Princípio de Incerteza formulado pelo físico alemão Werner Heisenberg em 1927: é impossível determinar com precisão absoluta, no mesmo instante, a posição e o momento de uma partícula. Quanto mais precisão buscarmos em um aspecto, mais prejudicado vai ficar outro. Ou seja, se temos certeza absoluta de sua velocidade, não podemos saber em que “local” a partícula se encontra e se sabemos exatamente onde está, não podemos ter certeza de sua velocidade.
A Física Newtoniana – ou clássica -permite, para grandes massas, determinar exatamente a posição e a velocidade de um corpo, Ele hoje é aceito como uma aproximação da teoria quântica em sistemas com grandes massas. Ou seja, não há um domínio clássico separado da mecânica quântica.

Para entendermos o que é o bóson de Higgs ou a “partícula de Deus” precisamos primeiro entender o que são físicos teóricos e as “teorias de brinquedo”.

2 – A Física teórica e as “teorias de brinquedo”


Os físicos teóricos conhecem tudo – ou quase tudo – sobre Física. Sem meios de testar praticamente as origens do Universo e muitas das propriedades da Física de partículas, mas tendo a percepção de seu funcionamento, criam “teorias de brinquedo” que as expliquem. Uma vez criada a teoria de brinquedo, ela deve explicar o que já se conhece das origens do Universo, as propriedades do universo visível, e o que também se conhece das propriedades das partículas e de suas interações. A teoria do Universo Inflacionário foi uma delas. Uma vez que atenda a tudo o que se conhece, a teoria deixa de ser de “brinquedo” e pode ser considerada como “factível”. Tem então a aprovação da comunidade de físicos internacionais e é então publicada em revistas especializadas. No entanto nem todas as teorias aceitas partem de teorias de brinquedo.

Em 1964 ainda se temia que houvesse um número infinito de sub-partículas em que a matéria se poderia dividir. Conhecia-se o átomo composto de elétrons, prótons, nêutrons, e suspeitava-se da existência de outras sub-partículas constituintes dos prótons e dos nêutrons – os “quarks”, e bastantes outras partículas livres como os neutrinos (só para exemplificar).  

3 – Os Campos de Higgs e o bóson de Higgs.

Em 1964, o físico inglês Peter Higgs criou uma dessas “teorias de brinquedo” a respeito de campos de força, porque achava que em certa fase da constituição da matéria deveria existir uma partícula mínima que separaria o estado de matéria do estado de energia, sendo ainda matéria. Incrivelmente, ela deveria corresponder a uma “dimensão” mínima, denominada “comprimento de Planck”, a partir do qual a Mecânica Quântica já não pode descrever o estado físico nem as suas propriedades. Para os curiosos o comprimento de Planck é igual a 1,6 × 10−35 metros, ou seja, 0, 00000000000000000000000000000000016 metros.

A “teoria de brinquedo” de Peter Higgs consistiu em imaginar um campo de forças traduzido em vetores que poderiam variar de acordo com a temperatura, a pressão, a densidade, de forma metaestável, isto é, que podiam variar a qualquer momento interagindo uns com os outros. Imaginou também que tal como nos outros campos já conhecidos sejam produzidas ondas e que cada onda produza uma partícula (mais ou menos como na praia vemos uma onda soltando respingos).

Em termos de Física de partículas, o descobrimento da constituição do átomo por elétrons rodeando um núcleo de prótons e nêutrons, idealizado pelo físico Niels Bhor (físico dinamarquês – 1885 -1962, prêmio Nobel), permitiu um avanço substancial na Física Quântica.

Já em 1964 se descobriram os Quarks (Murray Gell-Mann e Kazuhiko Nishijima) como partículas constituintes de prótons, nêutrons e elétrons. A Física deu um salto fantástico. Crendo que a descoberta da partícula do “comprimento de Planck” ou “bóson de Higgs” também poderia permitir outro avanço fantástico, os físicos que trabalham no Grande Colisor  de Àdrons (LHC) em Genebra na Suíça, prepararam este centro de pesquisas para o processo de colisão de partículas que poderia evidenciar e constatar a sua existência, tal como Peter Higgs a havia idealizado através de cálculos exatos usando a sua “teoria de brinquedo”.

No dia 04 de julho de 2012, com Peter Higgs ainda vivo - graças ao Deus Único – foi constatada a existência desta partícula e a teoria deixou de ser de brinquedo... Somente se pode explicar fisicamente a existência do Universo e de nós próprios – tal como Deus iniciou a sua existência – se os campos de higgs existissem realmente, como ficou provado que existem. 


4- A ciência e as religiões

Os seres humanos não querem competir com Deus. Querem descobrir como Ele fez o Universo – devo dizer Universos – com a inteligência que Ele nos deu e que não devemos desperdiçar. Quem compete com Deus são alguns dos religiosos donos de Igrejas e templos, e de quem neles se suporta, que falam, sem saber, sobre o sua Obra e nos dizem o que Ele quer sem saber o que dizem.

Os Físicos, matemáticos, químicos, biólogos, etc, estão não só descobrindo como Deus fez o seu trabalho, como interpretando o que Ele diz. A linguagem de Deus não é a linguagem de qualquer etnia sobre a Terra ou outros planetas habitados: È a linguagem da matemática, da química, da física, das ciências. Unidos, fraternos, somos uma humanidade em evolução que terá todo o tempo do mundo para evoluir. Desunidos podemos aniquilar-nos.

Paz no mundo, paz entre os seres humanos, paz nas religiões e nos templos. Temos muito que trabalhar ainda para gerar conforto e sustentabilidade para este planeta.

Sem a ciência não haveria luz nos templos nem “Papa-móvel”. Se a Terra não fosse redonda e girasse em torno do Sol, não haveria satélites nem celulares, nem TVs nem geladeiras.

Rui Rodrigues