Baixo clero.
Essa semana os
políticos do baixo clero do PMDB ameaçaram colocar o governo nas cordas.
Chantagem mesmo! O pior, é que essa chantagem não é só contra o governo, é também
contra as lideranças do partido, que,
segundo eles, tem vantagens também, só não as repassa para a base do partido. Ou
seja, os caciques do partido estão negociando o voto dos colegas e não estão
repassando as vantagens conseguidas. Segundo eles, o PT está tendo vantagem na
distribuição de verbas e cargos, o que pode lhes dar vantagens na eleição desse
ano. O que tiraria do PMDB o título de partido com o maior número de prefeitos.
Para mostrar sua força de persuasão, os senadores do PMDB votaram, para começo
de conversa, contra o governo na recondução do Sr Bernardo Figueiredo para a direção da ANTT, ele havia sido indicado pela própria Presidente Dilma. Votar contra ou a favor de
qualquer projeto, indicação, ou o que quer que seja, de acordo com sua consciência, é a função de cada
parlamentar. A princípio, sou contra o voto negociado pela liderança de cada
partido, creio que o certo, é que todas as votações fossem nominais e feitas no
plenário. Os partidos devem entrar com a ideologia, ou seja, a regra geral que teria
a força de aglutinar os parlamentares filiados a ele.
Como no Brasil
não temos partidos políticos, e sim vários ajuntamentos de pessoas em torno de
siglas sem sentido algum, cada sigla com seu interesse e, dentro delas, cada
parlamentar também com seu interesse individual, ao invés do interesse
coletivo, vemos essa chantagem. É muito difícil falar em democracia, quando as
leis que nos regem são debatidas por alguns deputados e senadores, líderes de
bancadas, os caciques de cada partido, e quando os debatem não visam o que o
projeto causar de bem ou de mal, simplesmente mandam sua base, ou o baixo
clero, votar contra ou a favor, de acordo com seus interesses eleitorais (não
ouso dizer que haja outros interesses menores ainda rsrs...). O grande
restante, nem sabe que sua função é debater leis, projetos, orçamentos,
aplicações dos nossos impostos. Eles acham mesmo que estão lá apenas para
representar suas regiões, seus prefeitos, em busca de verbas melhores que seus
adversários. Não há escrúpulos, não há ética. É simplesmente assim: vocês
congelam as verbas que nos prometeram e nos votamos contra. Não queremos nem
saber quais as conseqüências das leis que criamos ou reprovamos. Se não nos dão
as verbas, criamos dificuldades para vocês. É um jogo sujo, em que às vezes o
governo é refém noutra é chantageador. Promete verbas, consegue votos, depois
congela as verbas, e vai negociando a conta gotas, com o baixo clero. Os
caciques, bem, esses nada têm contingenciados, pois, como líderes, são influentes.
Não existe lealdade, promessas de lealdade são feitas em troca de favores e são
descumpridas de acordo com o lado para o qual o vento toca. Quem oferece mais,
leva a “lealdade” momentânea.
Não
melhoraremos nosso país enquanto não tivermos leis boas. Não teremos leis boas
enquanto não tivermos bons legisladores. Não teremos bons legisladores,
enquanto votarmos em troca dessas verbas, desses favores. Só melhoraremos a
qualidade do poder legislativo, o mais importante da República quando votarmos
como cidadãos preocupados com o país todo e não com nosso estado, nosso
município, nosso bairro.
Um abraço, Paulo César Pacheco.